Brasil tem imagem internacional melhor do que merece, diz Simon Anholt
O Brasil é o 20º país mais admirado do mundo, mas esta reputação talvez seja melhor do que o país merece de fato. Quando a contribuição real do país para o planeta é medida, o país cai dezenas de posições, e fica apenas em 49º lugar em um novo ranking de países desenvolvido pelo consultor britânico Simon Anholt.
Pesquisas sobre a percepção internacinal do Brasil indicam que o país ficam sempre em torno da 20ª posição entre as nações com melhor reputação. Foi assim com o Nation Brands Index (NBI, desenvolvido pelo próprio Anholt), com o Country Brand Report (da agência FutureBrand) e com o recente ranking Best Countries, divulgado pela consultoria internacional WPP.
Estas avaliações apontam que a "marca" do país costuma ser bem vista em termos da sua natureza e da sua atratividade para o turismo, por mais que tenha uma imagem ruim em termos de política e economia.
Tudo isso pode ser um favorecimento exagerado do país, segundo Anholt, que tem deixado de avaliar apenas a imagem das nações em uma competição global e passado a estudar a ideia de cooperação internacional e a contribuição de cada uma dessas nações para o planeta.
Maior referência internacional em estudos sobre reputação internacional de países, ele é um dos responsáveis por retratar o Brasil como 20º lugar do NBI e por revelar a ideia de que o país tem reputação de ser "decorativo, mas não útil". Sua nova abordagem de estudos internacionais, entretanto, avalia o quanto os países realmente fazem pelo resto do mundo, e o quanto eles são "bons".
Anholt desenvolveu um índice para medir o quanto cada país do mundo é "bom". O Good Country Index (índice bom país) avalia a contribuição de cada nação para além das suas fronteiras. O índice avalia 125 nações em ciência e tecnologia, cultura, paz e segurança, ordem mundial, ambiente, prosperidade e igualdade, saúde e o bem estar do planeta. A ideia não é entender o quanto o país é bom para seus próprios cidadãos, mas o quanto eles são bons para o mundo todo.
Anholt admite que há uma correlação entre o quanto um país é "bom" e o quanto ele é admirado no resto do mundo. "Há cerca de 70% de correlação entre estudos de imagem e estudos sobre o quão 'bom' um país é, o que sugere que a imagem internacional de países está relacionada com a forma como eles afetam o mundo", disse.
Uma das maiores exceções a esta correlação é justamente o Brasil. Apesar de ter a 20ª melhor reputação, o Brasil é o 49º no ranking do "bom país". "O Brasil aparenta ter uma reputação melhor de que merece", disse.
"O Brasil poderia contribuir muito mais para o mundo, ser mais aberto e ter maior colaboração internacional", disse Anholt, em entrevista ao autor do blog Brasilianismo, publicada pela "Folha de S.Paulo".
O GCI coloca a Irlanda em primeiro lugar, como país "mais bom" do mundo (Anholt rejeita o uso to termo em inglês "better", que seria equivalente a "melhor").
A avaliação considera que o Brasil faz grandes contribuições para a questão ambiental, área em que o país é o 5º mais bem classificado, mas em todos os outros quesitos o país vai muito mal.
O Brasil é apenas o 37º em contribuições à ordem mundial, o 49º em contribuições para a cultura, o 52º em contribuições para a saúbe e bem estar internacionais. Aparece ainda em 75º no ranking de contribuições para a ciência e tecnologia globais, 83º em contribuições para a paz e a segurança globais e, por fim, o 123º, antepenultimo da lista, em contribuições para a prosperidade e igualdade.
Segundo Anholt, a questão não tem nada a ver com dinheiro, e o Quênia, que é muito mais pobre que o Brasil, está bem à frente no ranking do 'bom país".
Na entrevista, Anholt contou que, enquanto oferecia conselhos sobre como os países poderiam melhorar a forma como eram vistos, percebeu que as reputações tinham muito a ver com a realidade interna e identidades nacionais. Concluiu então que o caminho para ser bem visto era apenas "ser bom", agir de forma correta e responsável com o planeta.
"A reputação internacional de um país não pode ser construída artificialmente, apenas conquistada. Ao analisar dez anos de dados sobre marcas de países, descobri que a principal razão pela qual uma pessoa admira um país mais de que o outro não é a crença em seu sucesso, poder, beleza ou riqueza, mas a percepção de que ele contribui para o mundo."
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