Consultoria internacional diz que Dilma deixará o governo até maio
Os protestos contra o governo no último fim de semana devem acelerar o fim do governo Dilma Rousseff, segundo a avaliação da consultoria internacional de risco político Eurasia Group. De acordo com relatório divulgado nesta semana, as manifestações indicam a consolidação de um cenário em que a presidente não terminará o mandato, e deve deixar o governo até maio.
Especializada em analisar a probabilidade de mudanças políticas em diferentes países, a Eurasia já indicava, na semana passada, que havia 65% de chances de Dilma ser impedida de continuar presidindo o país. Depois dos protestos, entretanto, o foco passou a ser mais no "quando" do que no "se", e a indicação é de que dentro de dois meses o país passará por mudanças de governo.
A consultoria avalia que a saída de Dilma pode levar ao início do governo de Temer, que vai gerar entusiasmo e buscar fazer um governo de 'união nacional". A mudança não significaria fim dos problemas para os políticos, entretanto, pois a Operação Lava Jato continuará levantando provas contra membros do governo.
Uma reportagem do jornal "Valor Econômico" analisou o relatório da Eurasia e diz que Dilma ainda vai tentar montar uma coalizão anti-impeachment, mas que é pouco provável que tenha sucesso. Para conseguir se manter no cargo, ela vai precisar ceder mais espaço para o PMDB e tentar construir reformas, afastando o governo das bases do PT.
A análise da Eurasia costuma mudar com o noticiário e o contexto político do país. Em dezembro do ano passado, uma análise escrita por dois pesquisadores ligados ao grupo Eurasia e publicada na revista de economia "Fortune" dizia que o impeachment era improvável e, mesmo se acontecesse, não seria bom para o país e sua economia, segundo uma análise .
João Augusto de Castro Neves, diretor e América Latina na consultoria, e Christopher Garman, diretor de pesquisas, argumentavam que os problemas atuais do Brasil vão além de quem ocupar a Presidência. "Muitos dos atuais limites sobre Dilma também afetariam seu sucessor", diziam. Para eles, os mercados internacionais sobrevalorizam as vantagens de um eventual impeachment e, mesmo com uma eventual saída de Dilma, o país ainda enfrentaria sérios riscos políticos e econômicos.
O pessimismo da Eurasia em relação ao Brasil ficou bem evidente no início de janeiro, quando a consultoria incluiu o país entre os dez maiores riscos globais em 2016. A motivação era a crise política e econômica, com uma sombra permanente de impeachment e perdas de grau de investimento do país. O Brasil está na oitava posição no ranking dos elementos de maior risco para o mundo no ano da Eurasia.
"O Brasil está vivendo uma recessão profunda e de muitos anos, e a presidente Dilma Rousseff está lutando por sua sobrevivência política enquanto enfrenta um pedido de impeachment no Congresso", dizia. Segundo a Eurasia, o informe "Top Risks" do ano tenta "identificar as tendências políticas e geopolíticas mais desafiadoras e pontos de estresse para investidores globais e participantes do mercado em 2016″.
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