Brasil pode ter um novo presidente até o fim do ano, diz editor americano
O noticiário político e econômico das duas últimas semanas transformaram completamente o contexto de qualquer análise sobre a situação atual e o futuro do Brasil. Em um debate sobre a crise atual no 'think tank' Council on Foreign Relations, em Nova York, pesquisadores estrangeiros se debruçaram sobre os fatos mais recentes da conjuntura do país e indicaram que há espaço para mudanças radicais no curto prazo.
"Parece inteiramente possível que até o fim do ano o Brasil pode ter um novo presidente", disse Brian Winter, vice-presidente da Americas Society/Council of the Americas, editor-chefe da revista "Americas Quarterly" e autor de quatro livros sobre a América do Sul. A avaliação dele foi feita antes mesmo do pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que torna ainda mais complexo o contexto político do país.
Winter explicou que achava a mudança na Presidência pouco provável até duas semanas atrás, mas que a prisão do marketeiro João Santana, a divulgação do péssimo resultado do PIB do país e o depoimento de Lula à PF mudaram completamente a perspectiva do Brasil.
Segundo ele, até o ano passado, a oposição sabia que não tinha força suficiente para conseguir o impeachment, o argumento era muito fraco, e não tornaria o processo fácil. Além disso, até o ano passado ainda havia esperança de estabilização econômica. Agora, tudo mudou e ninguém tem mais esperança de recuperação no curto prazo. Além disso, a declaração da Polícia Federal sobre as evidência de que o PT pode ter recebido dinheiro da Petrobras tornam a defesa do impeachment mais forte, explicou.
Em conversa com Shannon K. O'Neil, analista sênior de América Latina do CFR, especializada em questões relacionadas à democracia na região, Winter falou sobre a economia do Brasil, e criticou a falta de ação para corrigir problemas que eram percebidos mesmo antes da crise.
"Não vemos vontade política. As pessoas estão focando muito no curto prazo, e em quem vai estar no poder daqui a uma semana", complementou O'Neill.
O debate contou ainda com a participação do brasilianista e professor de relações internacionais da Universidade de Columbia, Albert Fishlow. Segundo ele, o Brasil deverá completar, em 2020, uma nova década perdida para sua economia. "O PIB per capita do Brasil em 2020 será igual ao de 2010, então, aconteça o que acontecer, será uma década perdida. Mesmo em um cenário otimista, o crescimento geral será baixo".
Assista abaixo ao vídeo completo do debate
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