Imprensa estrangeira destaca que Brasil 'desabou' em ranking de corrupção
"Perdedor", país com "maior queda", "maior preocupação", a imprensa internacional assiste com especial atenção à situação do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção 2015 da Transparência Internacional. Por conta do escândalo da Petrobras, da recessão e da crise política, o Brasil foi o país que mais perdeu posições no ranking internacional sobre o assunto.
O Brasil caiu sete posições no índice em relação ao ano anterior, e ocupa o 76° lugar entre 168 países analisados pela organização não governamental sediada em Berlim e especializada no combate à corrupção internacional.
O destaque dado ao caso do Brasil reforça uma imagem negativa que vem se construindo no resto do mundo nos últimos meses. Apesar de a corrupção ser um problema constante na realidade brasileira, esta questão não costuma estar intimamente associada à reputação global do país, já que trata-se de um tema frequente em todo o mundo. Mesmo que muitos brasileiros tenham esta sensação, analistas internacionais não pensam o Brasil como um dos lugares mais corruptos do mundo. Este cenário pode mudar, entretanto, e o fato de o mundo dar atenção especial à "queda" do Brasil no ranking sem dúvida pode tornar a associação entre Brasil e corrupção mais forte.
O pior é que a cobertura estrangeira tem destacado que, por conta do que o Brasil vem passando, a queda do país no ranking não foi nenhuma surpresa, dado o noticiário recente sobre o país na mídia estrangeira.
"Apenas alguns meses antes dos jogos Olímpicos de 2016 começarem no Rio, um novo relatório descobre que o Brasil levou o maior tombo no índice anual de percepção de corrupção", destacou a revista norte-americana "Newsweek". "Infelizmente não é uma surpresa. Desde a Copa do Mundo, temos muitas pessoas nas ruas protestando sobre a forma como o dinheiro público está sendo gasto no Brasil", explicou reportagem da agência de notícias Reuters.
"O resultado do Brasil não é surpresa. A corrupção foi um dos principais temas discutidos no Brasil em 2015 e também em 2014. Houve muitos escândalos e a descoberta de redes que desviam recursos públicos", disse à rede BBC Alejandro Salas, diretor para as Américas da Transparência Internacional.
A rede alemã "Deutsche Welle" ressaltou que o escândalo da Petrobras foi uma das causas da queda do Brasil no ranking, e que a situação do Brasil rompe com uma tendência comum na avaliação. Normalmente são os países que entram em conflitos armados que mais caem na avaliação da Transparência Internacional.
O site da francesa "Europe 1" diz que o próprio relatório da Transparência "apontou o dedo" para o Brasil, indicando que o país e outras nações em desenvolvimento são os que mais preocupam na luta global contra a corrupção.
"Lidando com muitos assuntos mergulhados em corrupção, o Brasil foi sacudido pelo escândalo da Petrobras, no qual políticos supostamente receberam propina em troca de contratos públicos. Enquanto a economia é esmagada, dezenas de milhares de brasileiros comuns já perderam seus empregos. Eles não tomaram as decisões que levaram ao escândalo. Mas são eles que têm que viver com suas consequências", diz o relatório da Transparência.
O Brasil obteve 38 pontos na escala de zero (extremamente corrupto) a 100 (íntegro). Empatados com o Brasil estão Bósnia, Burkina Faso, Índia, Tunísia e Zâmbia. Assim, o Brasil se situa abaixo da média mundial, de 43 pontos, e também das Américas (40 pontos).
Segundo reportagem da rede BBC, nem tudo é negativo, e a atuação de setores da Justiça brasileira e da Polícia Federal no combate à corrupção, que vem resultando no indiciamento e punição de envolvidos, indica que "coisas estão mudando" no país. A organização afirma que apenas reformas institucionais "sérias" permitirão acabar com a corrupção no Brasil.
Pelo segundo ano consecutivo, a Dinamarca foi o país considerado menos corrupto, ocupando o primeiro lugar no índice, com 91 pontos. Finlândia e Suécia são, respectivamente, segundo e terceiro, com 90 e 89 pontos.
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