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Mundo vê Barbosa na Fazenda com desconfiança: 'Pomba no lugar de falcão'

Daniel Buarque

23/12/2015 15h46

Novo ministro da Fazenda é visto com desconfiança e frieza no resto do mundo

Novo ministro da Fazenda é visto com desconfiança e frieza no resto do mundo

"O falcão deu lugar a uma pomba." A mudança no Ministério da Fazenda foi recebida com desconfiança pelo resto do mundo, que vê a tendência a um perfil menos austero e mais relaxado, um perigo para a economia nacional.

Entre as análises sobre a nomeação de Nelson Barbosa para o lugar de Joaquim Levy no controle das finanças do país, o tom geral foi de precupação e de ecos da frieza com que o mercado recebeu o novo ministro. Enquanto Barbosa falava com investidores e jornalistas estrangeiros a fim de tentar acalmar os ânimos do resto do mundo, a bolsa brasileira caía e os jornais internacionais preparavam reportagens e análises externando a preocupação com o possível descontrole das contas do governo, agora nas mãos de um economista com mais forte ligação com uma política econômica de esquerda, mais distante da austeridade.

O grande diferencial de Nelson Barbosa, segundo a rede de economia Bloomberg, é que ele tem afinidade ideológica com o governo. Com a nomeação dele, o Brasil deixa de lado a falsa austeridade para assumir uma postura econômica diferente da defendida por Levy.

Novo ministro da Fazenda é visto com desconfiança e frieza no resto do mundo

Novo ministro da Fazenda é visto com desconfiança e frieza no resto do mundo

"Apesar de não ser populista, Barbosa tem uma visão acadêmica alinhada à esquerda suave, e agradou à esquerda do Partido dos Trabalhadores ao ter o papel de pomba do orçamento, em contraposição ao falcão Levy", diz.

"Pouco tempo atrás, o Brasil era a melhor aposta da região. O país tinha uma economia que crescia, melhorava a situação dos pobres a atraía capital estrangeiro. Quando a sorte mudou, em vez de buscar reformas, o governo brasileiro respondeu com um jogo político de esconder o prêmio: Levy foi enviado ao exterior como o superministro que poderia salvar a economia brasileira, enquanto rivais palacianos no Brasil forçavam para salvar o Brasil de Levy."

O "New York Times" disse que Barbosa está "enfrentando uma pressão extraordinária para estabelecer sua credibilidade". Por isso, ele passou os dois primeiros dias no novo cargo tentando convencer investidores estrangeiros "que pretende manter a disciplina fiscal praticada por seu antecessor", diz.

O site mexicano de economia "El Financiero" disse que Barbosa foi recebido com frieza, pois os mercados duvidam da sua capacidade de cumprir as promessas de frear o déficit fiscal do país.

"A reação negativa se deve a temores de que Barbosa será menos dedicado de que seu antecessor na condução do Brasil de volta ao superávit primário", diz, ecoando o jornal de economia "Financial Times".

O jornal francês "Le Monde" disse que o Brasil vai entrar sob a equação perigosa do novo ministro. O jornal francês destacou que Barbosa é um ex-colaborador do ex-ministro Guido Mantega e que tem tendências keynesianas, o que é visto como um relaxamento orçamentário.

Já o "Le Point" diz que os mercados deram as costas a Barbosa enquanto ele tentava assegurar os investidores de que o Brasil faria esforços fiscais com ele na Fazenda. "Os mercados não apreciam Barbosa por ele ser menos rigoroso de que seu antecessor em termos de política de orçamento e por ser mais próximo do governo de esquerda de Dilma Rousseff", diz.

Segundo o jornal francês "Le Figaro", a nomeação de Barbosa para a Fazenda é um novo episódio na crise do Brasil e é um presságio de mudança na política econômica.

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Sobre o Autor

Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem da rádio CBN em São Paulo.

Sobre o Blog

O Brasil é citado mais de 200 vezes por dia na mídia internacional. Essas reportagens e análises estrangeiras ajudam a formar o pensamento do resto do mundo a respeito do país, que tem se tornado mais conhecido e se consolidado como um ator global importante. Este blog busca compreender a imagem internacional do Brasil e a importância da reputação global do país a partir o monitoramento de tudo o que se fala sobre ele no resto do mundo, seja na mídia, na academia ou mesmo e conversas na rua. Notícias, comentários, análises, entrevistas e reportagens sobre o Brasil visto de fora.

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