Obrigatório, Museu do Amanhã torna visíveis problemas do Brasil de hoje
Uma estrutura gigante, comparada a uma asa de avião, ao esqueleto de uma baleia e a um um aparelho gigante de ar-condicionado, foi inaugurada no fim de semana e se tornou uma atração obrigatória do Rio de Janeiro. A abertura do Museu do Amanhã ganhou destaque em alguns dos mais importantes veículos de imprensa do mundo. A iniciativa brasileira tem sido elogiada por seu foco na sustentabilidade e por sua proposta inovadora, mas também recebeu críticas. O museu tem sido considerado um símbolo de problemas sociais e econômicos do Brasil, e erra ao ignorar que o país está no centro de alguns dos grandes problemas ambientais do mundo, dizem as principais avaliações publicadas na mídia estrangeira.
Uma reportagem da agência de notícias Associated Press destaca que o novo museu é "obrigatório" para quem visita o Rio, assim como o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. A AP compara o prédio do museu ao esqueleto de uma baleia, ou o fóssil de uma lula gigante.
Segundo a rede de notícias árabe Al Jazeera, a estrutura parece uma asa de avião, e é o símbolo de um projeto ambicioso de recuperação do Rio de Janeiro para a Olimpíada do próximo ano. A área onde ele fica era dominada pelo crime, e agora é o centro de "uma grande maquiagem" em um dos maiores projetos de desenvolvimento urbano no país.
O jornal inglês "The Guardian" diz que o prédio do museu parece coisa de outro mundo, "uma mistura entre um dinossauro movido a energia solar e um aparelho gigante de ar-condicionado", que pode ser considerado um dos argumentos mais poderosos do mundo a favor da sustentabilidade.
Sem esquecer das contradições em torno do museu, o "Guardian" diz que ele acerta em sua proposta ao trabalhar o futuro sem dar atenção apenas a questões de tecnologia de ficção científica, mas um futuro que pensa a sobrevivência da humanidade. "Em um mundo atual real demais, a visão de um futuro melhor do museu soa ao mesmo tempo anômala e importante", diz.
O site CityLab, ligado à revista norte-americana "The Atlantic", diz que o museu é impressionante, mas que também se tornou símbolo do aprofundamento das diferenças socioeconômicas do país.
"Apesar de a empolgação com o museu, que é dedicado a um futuro mais igualitário e sustentável, ser evidente, ele também simboliza as mudanças socioeconômicas radicais que estão acontecendo em uma área historicamente empobrecida, que já foi epicentro do tráfico de escravos no Brasil", diz.
"A inauguração do museu do amanhã certamente é motivo para comemoração no Rio de Janeiro. Mas, se ele quiser realmente ser um museu para a inovação, ele precisa lidar especificamente com o seu lugar em uma comunidade historicamente esquecida e frágil em sua vizinhança, como o Morro da Providência, a primeira favela do Brasil", diz.
Segundo o jornal "Washington Post", a inauguração do museu realça a negligência do estado do Rio de Janeiro com a "poluição chocante" da baía de Guanabara, onde fica o novo cartão postal carioca.
"Não que o museu tenha poucos aspectos positivos", diz, destacando o bom trabalho feito na produção do que está em exibição ali, mas, o foco é universal demais, ignorando aspectos bem brasileiros de questões ambientais, por exemplo.
Para alcançar o futuro melhor que os brasileiros esperam, diz, o país precisa não apenas lidar com seus sérios problemas estruturais, mas também reconhecê-los.
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