Em meio a crise, forças armadas não podem ser ignoradas, diz estudo
Um artigo acadêmico escrito por dois pesquisadores estrangeiros argumenta que a crise política no país é um momento de tensão, e que é importante dar atenção ao papel dos militares mesmo em meio à democracia. O principal ponto do artigo é que precisa haver maior diálogo entre militares e civis, para evitar escalada dessa tensão e de ameaças de radicalismos.
Segundo Christoph Harig, doutorando pelo King's College London, e Pablo Scuticchio, professor da Torcuato di Tella University, um novo golpe militar no Brasil parece improvável, mas o país enfrenta problemas políticos reais com suas forças armadas, e elas não podem ser ignoradas.
"As lideranças militares claramente veem a democracia como o único sistema válido. Políticos aumentaram seu controle sobre os militares desde a volta da democracia em 1985", dizem.
Ainda assim, generais podem e usam seu peso político substancial para defender seus interesses institucionais, enquanto autoridades civis normalmente preferem evitar conflitos com os comandantes, explica o texto publicado no site "The Conversation".
Para os pesquisadores, líderes civis devem estudar temas militares, se quiserem se contrapor ao peso das forças armadas. "Do contrário, os militares vão continuar a ter (e cobrar) tratamento preferencial. No longo prazo, isso pode ter maiores consequências para a democracia brasileira de que meia dúzia de generais de cabeça quente flertando com a volta do regime militar", dizem.
Harig deu uma entrevista a este blog Brasilianismo em abril deste ano. Segundo ele, nem os militares mais conservadores estavam levando a sério os pedidos de alas mais radicais dos protestos contra o governo Dilma Rousseff para uma intervenção do Exército na política nacional. Ainda assim, ele explicava, as relações entre civis e militares no país continuam marcadas pelo legado da ditadura que comandou o Brasil por mais de duas décadas, o que se manifesta fortemente na forma como é feita a segurança pública no país.
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