Deu no 'Valor': Crise vai além de problemas internos, diz 'pai dos Bric'
Jim O'Neill pode ser descrito como um otimista. Enquanto o mundo vai assumindo o ponto mais extremo do pessimismo em relação à economia brasileira, ele continua achando que, no longo prazo, o Brasil ainda tem grande potencial.
Criador do termo Bric, em 2001, para referir-se aos quatro países que levariam adiante o crescimento global – Brasil, Rússia, Índia e China -, o ex-economista-chefe do banco de investimento Goldman Sachs sempre vê a situação de países como o Brasil com olhos mais positivos de a média. E isso continua acontecendo, pelo que se pode ver em uma entrevista do economista ao jornal "Valor Econômico", publicada na sexta-feira.
Criticado por este otimismo, ele mostra que o crescimento dos emergentes vai além de crises temporárias, e vem acontecendo até mais rapidamente de que sua previsão. "Dizer que é decepção é ingenuidade", disse.
Analisando a situação atual do Brasil, o economista diz que o que acontece no país hoje vai além de problemas internos, e está relacionado à economia global, à queda no preço das commodities e a mudança de percepção do banco central dos EUA.
"Na primeira década dos Bric, o Brasil tinha todas essas condições externas favoráveis e, nos últimos três anos, muito desfavoráveis. As pessoas não devem se esquecer disso."
O'Neill critica a forma como a economia foi conduzida pelas pessoas que esquecem da influência internacional, e explica que o Brasil errou ao acreditar que poderia gastar o quanto quisesse no período de bonança.
Em entrevista concedida ao autor deste blog Brasilianismo, em 2009, O'Neill defendia a importância do governo Lula para o desenvolvimento do país. "Lula precisa ser visto como o melhor tomador de grandes decisões políticas desta década. O que mudou foi a mentalidade de todos os brasileiros", disse então.
Ele continua defendendo uma posição parecida ao criticar o governo Dilma, mas indica que vir depois de Lula seria difícil para qualquer governante.
"Sempre brinco que, para Dilma, receber o país das mãos de Lula é o mesmo que suceder Alex Ferguson à frente do Manchester United. Depois de 26 anos e 1.500 partidas, tornou-se o técnico mais bem-sucedido do futebol inglês. Não é fácil", disse.
Na entrevista ao Valor, O'Neill disse ainda gostar dos posicionamentos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e ecoou seu discurso sobre a necessidade de uma política fiscal crível na economia brasileira.
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