Mídia estrangeira destaca desastre ambiental em MG e busca responsáveis
O mundo todo tem recebido notícias diárias sobre o desastre ocorrido em Minas Gerais na semana passada. Mais de mil reportagens podem ser lidas em diferentes idiomas em publicações de todo o planeta. E o tom em geral é focado no enorme desastre ambiental causado pelo rompimento, bem como a busca de responsabilidades pelo incidente e o impacto econômico dessa tragédia.
A cobertura internacional tem sido ampla graças especialmente às agências de notícias. Reuters, France Presse e Associated Press têm enviado direto da região afetada a todo o mundo várias reportagens por dia com atualizações sobre o caso. E essas reportagens saem nos principais jornais do mundo (do "New York Times" ao "Guardian", a "Le Monde" e até em publicações da China).
O "New York Times", por exemplo, destacou uma reportagem da AP buscando responsáveis pelo desastre.
"Negligência e erro humano são as prováveis causas do rompimento de duas barragens no Brasil na semana passada, criando uma onda de lama que matou quatro pessoas e deixou outras 22 desaparecidas", diz o texto do dia 10, antes de serem confirmadas outras mortes.
Segundo a AP, a barragem não tinha licença para operar por conta de riscos de desestabilização.
Uma das reportagens mais abrangentes da Reuters, republicada pelo "Guardian", fala sobre a necessidade de novas regulamentações para mineradoras.
Segundo o texto, o desespero inicial com a tragédia deu lugar à raiva porque "um dos maiores desastres da mineração na história do Brasil" poderia ter sido evitado.
"A destruição alcançou 100 km de distância desde o local do rompimento das barragens", diz. "O turismo e outras indústrias já estão sofrendo", completa.
"A crítica pública caiu primeiro sobre a operadora Samarco, mas a atenção se voltou a grandes nomes do empreendimento compartilhado pela australiana BHP Billiton, a maior empresa mineradora do mundo, e a brasileira Vale, a maior mineradora de ferro", diz. Segundo o texto, a BHP foi mais rápida de que a Vale ao responder ao desastre.
A Reuters publicou ainda uma reportagem em que diz que o governo brasileiro vai multar a BHP e a Vale pela catástrofe ambiental causada pelo rompimento da barragem.
No francês "Le Monde", uma reportagem da AFP deu a dimensão do desastre ao destacar que a onda de lama tóxica se espalhou por toda a região de Minas Gerais. "Toda a cidade foi inundada", diz.
Com um olhar mais econômico, o "Wall Street Journal" publicou uma reportagem explicando que a responsabilização da Samarco não protege as empresas responsáveis por ela (mais uma vez BHP e Vale) de serem consideradas culpadas igualmente.
Segundo o "WSJ", o Brasil pode processar as empresas por responsabilidade administrativa, civil e criminal.
O "Financial Times" também fez uma abordagem mais econômica do caso, e indica a desvalorização de ações da BHP e da Vale nas Bolsas internacionais, chegando a indicar que o desastre pode ser uma sombra par as empresas.
O site de jornalismo independente "The Conversation" publicou uma análise bem aprofundada do caso. No texto, o diretor de pesquisas de desenvolvimento sustentável da universidade australiana de Queensland, na Austrália, Saleem H. Ali, tenta entender de quem é a responsabilidade pela catástrofe.
Ali explica que havia um relatório de 2013 apontando os riscos de problemas nas barragens que se romperam, mas leva a avaliação além. "Quando desastres assim acontecem, noss primeiro impulso é procurar um culpado. Sem dúvida é preciso haver responsabilização se houve qualquer confluência de erros humanos nesta falha. Entretanto, na pressa de apontar culpa, precisamos considerar como essas falhas podem acontecer."
O primeiro passo, segundo ele, é excluir as hipóteses relacionadas a causas naturais. O pequeno tremor registrado na região e a ausência de chuvas fortes indicam que os fatores naturais devem ser desconsiderados, diz.
Segundo Ali, o número de acidentes com barragens e companhias mineradoras tem aumentado no mundo, e desde 2005 foram criadas novas regras para evitar problemas deste tipo. Para ele, o mais importante é criar e implementar as regulamentações que impeçam novos desastre. "A culpa pelo desastre atual vai depender em parte de saber se as regulamentações foram seguidas", diz.
"Empresas como a BHP e a Vale deveriam abordar este problema com humildade. Se há culpa para eles, eles deveriam aceitar e aprender com os erros", diz.
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