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Trocas culturais dos Jogos Indígenas fazem mundo voltar os olhos ao Brasil

Daniel Buarque

27/10/2015 09h58

Reportagem do 'Wall Street Journal' sobre os jogos indígenas no Brasil

Reportagem do 'Wall Street Journal' sobre os jogos indígenas no Brasil

Um ano após a Copa do Mundo e um ano antes da Olimpíada, os dois grandes eventos esportivos globais que vão fazer os olhos do mundo se voltarem para o Brasil, o país se tornou notícia internacional por causa de outra competição: A primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.

Reportagem da Al Jazeera sobre os Jogos Indígenas

Reportagem da Al Jazeera sobre os Jogos Indígenas

Ao longo dos últimos dias, mais de três centenas de publicações da imprensa estrangeira publicaram reportagens sobre a disputa que está sendo realizada em Palmas, no Tocantins, desde a semana passada, e até o começo de novembro. São dezenas de galerias de imagens, vídeos e relatos de competições como tiro com arco e flecha, arremesso de lança, corrida e cabo de força.

O evento é mais uma grande comunhão cultural de que uma competição propriamente dita, segundo reportagem da agência internacional Associated Press.  A AP diz que os Jogos são "uma celebração caótica, caleidoscópica, dos primeiros povos de todo o mundo".

"Para muitos dos quase dois mil participantes de cerca de 20 países que foram até Palmas, uma cidade agrícola remota do Brasil, os esportes ficaram em segundo plano, dando lugar para o que eles dizem que é o que realmente importa – troca de culturas e aprendizado", diz a reportagem.

A imprensa estrangeira costuma ser fascinada pelas culturas indígenas do Brasil. As reportagens sobre assuntos relacionados a esses povos na Amazônia têm um destaque em jornais internacionais até maior do que o que se vê no Brasil. Faz parte da curiosidade com o diferencial, o desconhecido, e é algo que muitas vezes está diretamente associado à ideia de Brasil. Percebendo isso, é fácil entender o motivo de tantas publicações do mundo estarem publicando reportagens sobre a competição, que tem relativamente pouco destaque no próprio país sede.

O italiano "La Repubblica" deu destaque a uma galeria de fotos do concurso de beleza entre as mulheres indígenas. Segundo o jornal, vários grupos preferiram boicotar o evento em protesto, enquanto outros querem usar a cobertura midiática para dar visibilidade aos indígenas de todo o mundo.

O jornal italiano 'La Repubblica' publicou uma galeria de imagens sobre concurso de beleza durante os Jogos

O jornal italiano 'La Repubblica' publicou uma galeria de imagens sobre concurso de beleza durante os Jogos

A rede Al Jazeera explicou que o Brasil já realiza jogos indígenas regularmente, e que a decisão de fazer um evento mundial atraiu povos de 20 países. "Certamente é um evento esportivo, mas os organizadores ressaltam que não é um tipo de evento esportivo tradicional, e enfatizam que também é um evento cultural e espiritual".

Reportagem da AP sobre os Jogos indígenas, no site da Fox News

Reportagem da AP sobre os Jogos indígenas, no site da Fox News

A esperança do evento, segundo uma longa reportagem no "Wall Street Journal", é aumentar a compreensão e o respeito do mundo pelas tradições culturais e espirituais das sociedades indígenas em todo o mundo.

"Todos os atletas vão receber uma medalha, independentemente do seu lugar na competição. Não vai haver obsessão com doping ou em conseguir patrocínio", explica.

Segundo o canal francês TF1, a iniciativa ajuda a dar visibilidade ao desaparecimento de tribos indígenas por causa da agricultura e do desmatamento, que colocam em perigo culturas tradicionais do planeta.

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Sobre o Autor

Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem da rádio CBN em São Paulo.

Sobre o Blog

O Brasil é citado mais de 200 vezes por dia na mídia internacional. Essas reportagens e análises estrangeiras ajudam a formar o pensamento do resto do mundo a respeito do país, que tem se tornado mais conhecido e se consolidado como um ator global importante. Este blog busca compreender a imagem internacional do Brasil e a importância da reputação global do país a partir o monitoramento de tudo o que se fala sobre ele no resto do mundo, seja na mídia, na academia ou mesmo e conversas na rua. Notícias, comentários, análises, entrevistas e reportagens sobre o Brasil visto de fora.

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