Impeachment enfraqueceria a democracia brasileira, diz 'think tank' dos EUA
Enquanto no Brasil continua havendo discussões sobre a possibilidade de impeachment de Dilma Rousseff, analistas internacionais continuam a criticar a crise política e a indicar efeitos negativos advindos de um possível impedimento da presidente. O impeachment já foi tratado como "golpe" até mesmo por veículos de comunicação de direita dos EUA, como a rede FOX, e agora ganhou críticas em um dos centros de estudos de política internacional mais influentes do mundo, um que também tem uma visão conservadora de política e economia.
O 'think tank' norte-americano Council on Foreign Relations (CFR) publicou nesta semana um artigo criticando o debate sobre impeachment. Para o CFR, não existem até agora motivos legais que justifiquem o impeachment, e derrubar Dilma sem haver provas concretas de crime resultaria em um enfraquecimento da democracia brasileira.
"O impeachment de Dilma poderia criar um precedente preocupante. Este não seria o primeiro impeachment da democracia brasileira", diz, relatando a retirada de Collor do governo nos anos 1990. "Mais um impeachment, particularmente um levado adiante por razões políticas e de popularidade (no lugar de questões legais), enfraqueceria a democracia brasileira de 30 anos", defende.
O texto é assinado por Shannon K. O'Neil, analista sênior de América Latina do CFR, especializada em questões relacionadas à democracia na região. O'Neill atua há muitos anos no "think tank", e já analisou diferentes fases da política brasileira, conhecendo bem a realidade do país.
O texto do CFR tem relavância especialmente por não ser um veículo de imprensa, mas um "think tank", uma consultoria em relações internacionais. Além disso, é um grupo de estudos tradicionalmente voltado aos interesses dos Estados Unidos, sem nenhuma relação com o governo ou setores que teriam interesse em defender Dilma.
A defesa do CFR pode, entretanto, ser interpretada como um reflexo da reaproximação de Dilma com o governo norte-americano, indicando interesse dos EUA em mantê-la no poder.
Ainda assim, o posicionamento do CFR reforça uma opinião internacional de que o Brasil precisa resolver seus problemas políticos sem rupturas radicais com as instituições. A crise existe e está criando problemas para o país, mas, como dito antes, o impeachment costuma ser visto no resto do mundo como uma subversão das "regras do jogo", o que faz com que o país perca credibilidade enquanto nação democrática relevante.
Promovido como um "think tank" independente, o CFR é financiado por doações de instituições anônimas e não tem ligação oficial com o governo americano, mas é uma das principais fontes de informações a respeito da visão norte-americana sobre o resto do mundo, servindo ao mesmo tempo de base de estudos para informar o governo dos Estados Unidos e como porta-voz extra-oficial deste governo. O Council foi fundado em 1921 para servir de fonte de análises políticas e econômicas a respeito do mundo e das relações internacionais.
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