Bilionário e 'ex', Lemann e Eike representam flutuação econômica do Brasil
A imagem internacional da economia brasileira flutua. Momentos de empolgação e euforia no resto do mundo são trocados rapidamente por outros de desconfiança e preocupação em oscilação constante.
Junto com ela, os empresários que se tornam símbolos do país em meio ao noticiário econômico também costumam mudar rapidamente. Em menos de uma década, o mundo conheceu e se encantou com o potencial prometido por Eike Batista, para logo depois descartá-lo; e agora segue bem de perto cada passo de Jorge Paulo Lemann, o novo brasileiro a dominar as manchetes de grandes negócios pelo mundo.
A imprensa internacional precisa desses ícones para poder apresentar melhor aos leitores o que acontece com a economia do Brasil, país que ainda é muito pouco compreendido. Os dois empresários brasileiros ganharam novamente manchetes de veículos de comunicação internacional nos últimos dias, com tratamentos diferentes relacionados à economia brasileira, e mostrando o quanto o mundo está confuso com o atual momento do país e a sua flutuação financeira.
Se por um lado, há um ícone decadente tentando reconstruir seu império, por outro há um investidor influente que não para de conquistar espaço no mundo. A variação entre o otimismo e o pessimismo se fazendo presente. Em meio a previsões catastróficas que surgem atualmente em relação ao Brasil, outras análises mostram que o potencial do país não está perdido, e que há espaço para continuar acreditando em um bom resultado nos investimentos de longo prazo no país.
Eike Batista foi destaque no site da rede de economia "Bloomberg" depois da entrevista que deu à Rede TV na semana passada. Citado agora como "ex-bilionário", ele aparece dizendo: "quero reconstruir tudo novamente e é por isso que estou de volta". Depois de ter sido o favorito da elite política e empresarial do Brasil, Batista continua sendo o empresário mais famoso, diz a "Bloomberg", que narra sua "queda" do topo nos últimos anos.
Em 2010, no auge da euforia dos estrangeiros com o potencial financeiro do Brasil, Batista era o ícone da pujança econômica do país. Ele aparecia com frequêcia na TV dos Estados Unidos impulsionando a visão positiva da emergência brasileira. Um dos homens mais ricos do mundo, ele era o símbolo do potencial dos investimentos no país e dizia que ia se tornar virar o maior bilionário do planeta.
"O Brasil é uma autoestrada para o crescimento. O país vai continuar crescendo de forma rápida e estável", disse então Batista em entrevista ao "Wall Street Journal Report", programa de TV da rede NBC. Três anos depois, o mundo descobriu que o otimismo era exagerado. Eike Batista perdeu quase toda sua fortuna, e virou, ainda em 2013, símbolo da decadência do país que tanto prometia economicamente.
Enquanto Batista deixou seu status de ícone para se tornar símbolo do que deu errado na economia do Brasil, Lemann continua colocando o gentílico "Brazilian" nas manchetes de economia pelo mundo. Mesmo que ele seja mais discreto e não tenha o apelo "pop" que Batista parecia dar ao país em sua presença midiática, é Lemann que movimenta notícias econômicas que fazem o país ter destaque positivo.
Depois de ser apontado como uma das cem pessoas mais influentes do mundo pela revista "Time", e citado como uma dos empresários mais inteligentes da atualidade, nesta semana ele ganhou destaque pelo suposto interesse em comprar a empresa Diageo, fabricante de algumas das marcas de bebidas mais famosas do mundo, como a cerveja Guinness e o uísque Johnnie Walker. Toda a imprensa de economia no mundo destacou a alta das ações da empresa após o boato, destacando ainda as grandes aquisições de Lemann e seu grupo de investidores nos últimos anos.
Mesmo que em momentos distintos, a presença internacional dos dois (o bilionário e o "ex") pode ser compreendida como um forte símbolo da imagem mundial da economia brasileira, com todas as suas flutuações.
Entre euforia e depressão, otimismo e tensão, um ponto importante marca positivamente a forma como a economia brasileira ainda é vista no exterior. Durante a entrevista de Eike Batista à NBC em 2010, a apresentadora Maria Bartiromo ressaltava o que fazia do país um mercado tão mais atraente para investidores estrangeiros em comparação com outras economias emergentes dos BRIC. "Você coloca seu dinheiro lá e sabe que vai poder tirar", disse, destacando o respeito às regras econômicas do Brasil, que até hoje continuam dando sobrevida à confiança do mercado internacional em relação ao país. Com otimismo ou pessimismo, pelo menos essa confiança parece continuar sendo verdadeira.
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