Guia internacional esnoba restaurantes brasileiros: não valem a viagem
Duas estrelas (de um máximo de três) foi a cotação mais alta recebida por um restaurante brasileiro na primeira edição sobre o país do Guia Michelin, a mais tradicional e respeitada referência internacional sobre os melhores lugares para se comer no mundo, divulgada nesta semana.
Isso significa que, segundo o guia, nenhum restaurante brasileiro justifica, por si só, uma viagem ao país (significado das desejadas três estrelas). O brasileiro mais bem avaliado, o D.O.M., do chef Alex Atala, vale no máximo um desvio na viagem que já está marcada ao país, segundo a avaliação. Outros 16 restaurantes brasileiros receberam uma estrela do guia (dez em São Paulo e seis no Rio de Janeiro), o que significa que eles têm uma cozinha "muito boa em sua categoria".
Como comparação, a França tem mais de 20 restaurantes com três estrelas no Guia, dez deles somente em Paris; a Espanha tem mais de dez restaurantes que "valem a viagem"; e até a Inglaterra, infame mundialmente por sua comida, tem quatro restaurantes com três estrelas.
O resultado é um banho de água fria na cena gastronômica brasileira, que vinha comemorando boas colocações em outras listas internacionais, como a lista de 50 melhores do mundo da revista inglesa "Restaurant", que diz que o mesmo D.O.M. é o 7º melhor restaurante do planeta.
O contraste se dá porque as avaliações são feitas por critérios diferentes. O Michelin avalia os estabelecimentos de forma independente e anônima, enquanto listas como as da revisa "Restaurant" são feitas com votação de chefs e críticos espalhados pelo mundo (talvez mais sujeitos a influência de moda, amizade e lobby entre os que votam).
É verdade que o Guia Michelin tem sido alvo de grandes controvérsias em todo o mundo, criticado por falta de critérios objetivos e por sobrevalorizar a culinária francesa, e que sua influência tem diminuído por conta da força de avaliações mais livres na internet. Não se pode negar, entretanto, que o guia continua relevante. Mesmo que ele não tenha mais a força que no passado servia para fazer a fama de restaurantes ou destruir a reputação de chefs aclamados, o Michelin ainda tem influência em todo o mundo – e a ausência de restaurantes brasileiros com três estrelas divulga uma imagem de uma gastronomia pouco desenvolvida no país.
Pode-se notar, por outro lado, que embora os restaurantes brasileiros estejam sofrendo por ficarem de fora do tradicional guia, a culinária nacional tem recebido muito destaque na imprensa do resto do mundo, especialmente por conta de guias de turismo voltados a viajantes interessados em acompanhar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Sites populares vêm dado destaque a comidas tradicionais do país, como feijoada, coxinhas e brigadeiros. Um texto do Buzzfeed sobre "comidas brasileiras para experimentar imediatamente" foi lido por 1,5 milhão de pessoas, e um vídeo sobre o tema no mesmo site foi assistido mais de 5 milhões de vezes; a BBC também listou 10 pratos imperdíveis do país.
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