Investigação do NY Times diz que o YouTube gerou radicalização no Brasil
Uma reportagem investigativa do jornal norte-americano The New York Times revelou que o YouTube impulsionou a radicalização política do Brasil.
Enquanto discussões sobre o papel das redes sociais na eleição de Jair Bolsonaro para presidente apontam frequentemente para a disseminação de notícias falsas pelo WhatsApp, a investigação do NYT indica que as ferramentas de sugestão de vídeos do YouTube empurraram a audiência brasileira para extremos da política.
"Nossos correspondentes Max Fisher e Amanda Taub descobriram que, em um país que chegou ao seu limite por causa de crises econômicas e políticas, os algoritmos do YouTube podem ter desempenhado um papel decisivo na ascensão de Bolsonaro. O recurso de recomendação do site amplia os vídeos marginais para o mainstream e pode ajudar, inconscientemente, a espalhar conspirações e desinformações sobre doenças perigosas, colocando em risco a saúde pública", diz um texto de apresentação do jornal sobre a reportagem.
Segundo o NYT, o objetivo original da investigação era buscar um exemplo mais amplo da radicalização que se vê em ataques de extremistas em países como os Estados Unidos. Na intenção de descobrir quais são as consequências do papel crescente da internet como uma força de radicalização, o Brasil se destacou como o lugar no mundo onde este papel do YouTube se mostrou mais forte.
"O que encontramos no Brasil foi muito além do que havíamos previsto, com importantes –e às vezes perturbadoras– lições para todos nós", diz o Times.
Segundo o jornal, o movimento de extrema direita que chegou ao poder no Brasil não teria crescido tanto, nem tão rapidamente, sem o mecanismo de recomendação do YouTube.
"Uma investigação do New York Times no Brasil descobriu que, repetidamente, os vídeos promovidos pelo site desorganizaram elementos centrais da vida cotidiana", diz. A reportagem cita então a influência dos vídeos na internet para a educação, para a saúde e para a política brasileira.
Um dos especialistas entrevistados pelo NYT diz que o mecanismo de recomendação de vídeos no YouTube é "um dos instrumentos de polarização mais poderosos do século 21".
"O sistema de recomendações do YouTube foi desenvolvido para maximizar o tempo de exibição, entre outros fatores, diz a empresa, mas não para favorecer qualquer ideologia política. O sistema sugere o que assistir a seguir, muitas vezes reproduzindo os vídeos automaticamente, em uma busca incessante para nos manter colados em nossas telas. Mas as emoções que atraem as pessoas –como medo, dúvida e raiva– são muitas vezes características centrais das teorias da conspiração e, em particular, dizem os especialistas, do extremismo de direita."
Apesar de analisar detalhadamente o caso do Brasil a reportagem usa o exemplo do país para apontar a possível influência dos vídeos na internet na polarização que de vê em democracias em várias partes do mundo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.