Sem resolver caos político, reputação do Brasil vai desabar, diz 'Monocle'
O Brasil se manteve na última colocação na edição mais recente do ranking global de soft power da revista britânica "Monocle". O país aparece em 25º lugar da lista, a pior classificação do Soft Power Survey 2017/2018, respeitado ranking internacional em que já foi um dos principais destaques no passado.
A análise da "Monocle" faz referência à eleição de Jair Bolsonaro e à derrota para a Bélgica na Copa do Mundo, e diz que o Brasil parece estar vivendo um longo retrocesso. "A menos que o caos político e a corrupção sejam resolvidos de uma vez por todas, a reputação internacional do Brasil cairá tão rápido quanto sua economia", diz.
A avaliação sobre soft power internacional ocupa mais de dez páginas da edição mais recente da publicação, e tem dois trechos dedicados a explicar o que acontece com o Brasil.
"Este ano não foi fácil para o Brasil: escândalos políticos continuam, e um presidente de extrema-direita foi eleito, para o desalento de inúmeras pessoas em todo o mundo. Depois de sediar a Copa do Mundo de 2014, a equipe de futebol do Brasil não conseguiu passar das quartas-de-final no evento deste ano –um duro golpe para a nação".
Ainda assim, diz a "Monocle", o país mantém seu "poder suave" graças a atributos ligados à diversão e à cultura.
"As praias brilhantes do Brasil e a arquitetura impressionante continuam a ressoar. O país também está se destacando com seus filmes de terror, como 'As Boas Maneiras'", diz.
Um dos itens em que o Brasil se destaca, ressalta, é a sensualidade –uma das marcas internacionais mais fortes do Brasil, que muitas vezes é chamado de país "decorativo" por conta desta imagem. Segundo a "Monocle", sensualidade também é soft power.
"Sexo vende – nós sabemos disso. É um assunto delicado no momento, mas a publicidade sexy, as roupas sexy e os carros sensuais há muito se mostraram irresistíveis para as pessoas. Igualmente sedutor – certamente – são países sensuais", diz. "Possuir uma qualidade de sensualidade – em qualquer forma que possa ter – é um grande atrativo." Neste quesito, diz a publicação, o Brasil costuma aparecer como o número um do mundo.
"No Brasil, eles são orgulhosos do corpo e hábeis no bronzeamento (além disso, podem sambar como se não fosse da conta de ninguém)" comenta.
A revista "Monocle" é uma das principais publicações mundiais a dar atenção a questões de reputação e imagem internacionais. Esta é a nona edição da pesquisa anual das nações cujas táticas de soft power estão obtendo resultados.
"Embora às vezes possa ser difícil dizer ao ouvir os discursos de certos líderes estaduais, o soft power é uma ferramenta cada vez mais popular – para não mencionar eficaz – para muitos países ao redor do mundo. Quando se trata de fazer amigos e influenciar outros, as nações inteligentes sabem que eles precisam mostrar seu lado mais suave", diz a publicação.
"Em vez de ostentar o poderio militar ou a retórica nacionalista, os países que se saíram bem em nossa nona pesquisa anual Soft Power Survey têm líderes que reservam tempo para seus colegas em outros países. Eles têm atletas que ganham muito quando o mundo está assistindo e uma produção cultural que atrai fãs de todo o mundo. Estas são as nações que atraem turistas e estudantes estrangeiros, fazendo sérios investimentos em sua rede diplomática no exterior."
Depois de subir no ranking do ano anterior, levada em parte pelo governo de Macron, a França ganhou ainda mais força com a conquista da Copa do Mundo, e agora é o país com mais soft power do mundo, segundo a revista. Alemanha e Japão aparecem em segundo e terceiro lugares.
A decadência do Brasil no ranking vem se construindo ao longo dos últimos anos. Na edição do ano anterior, a publicação já destacava a queda do país no ranking de soft power, e apontava para a crise política e para o aumento da violência como principais problemas.
"O Brasil já foi uma estrela do soft power, mas ficou em último na lista deste ano. O país não aproveitou o potencial do turismo de sediar a Olimpíada. E em meio ao caos político, a criminalidade aumentou. Assim é difícil promover a marca de um país construída sobre felicidade e hedonismo", dizia o trecho sobre o país.
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