Mídia estrangeira vê 'tempestade' e volta do Brasil a grave crise política
A revelação de que o presidente Michel Temer foi gravado por um dos donos do frigorífico JBS falando sobre a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está sendo interpretada no exterior como uma "tempestade", que joga o Brasil de volta a uma grave crise política, e que pode ter sérios efeitos sobre a economia.
"Brasil mergulha de volta na crise política", diz o título de reportagem sobre o caso na agência de economia Bloomberg. Na TV do grupo, analistas avaliam que a reação inicial do mercado foi muito negativa.
"Os mercados estavam se valorizando na expectativa de reformas amplas, e isso tudo estava nas costas da habilidade política e conexões de Temer, e agora isso tudo fica em suspenso, na melhor das hipóteses", diz analista da agência.
Segundo a Bloomberg, a crise lembra o caos que cercou o processo de impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado.
"Se os últimos 18 meses são alguma referência, mais surpresas são esperadas. Alguns analistas dizem que a mais alta corte eleitoral, que está investigando irregularidades no financiamento da campanha presidencial de 2014, poderia anular o resultado da votação. Isso nunca aconteceu antes, mas se a corte anular a eleição de 2014, a Constituição do Brasil diz que o Congresso deve eleger um novo presidente em 30 dias", explica a Bloomberg.
Uma "tempestade política" balança todo o Brasil, diz reportagem do jornal italiano "La Repubblica". "Com um furo em sua edição online, o jornal "O Globo" revelou uma história de fundo que atinge o coração do presidente Michel Temer, e que agora corre o risco de um procedimento de impeachment", diz.
Segundo o jornal francês "Le Monde", novas revelações "respingam" no presidente Temer, e agora seus dias no governo "parecem contados". O jornal relata que centenas de pessoass foram às ruas em São Paulo para pedir a saída de Temer.
O "Monde" destaca ainda que as revelações não afetam apenas o presidente, e diz que a denúncia também atinge o senador Aécio Neves. Além disso, explica que o caso atual não envolve o Partido dos Trabalhadores.
"O presidente Temer no coração do escândalo", diz o jornal francês "Le Figaro". "A política brasileira foi novamente abalada por um caso de corrupção", complementa.
A revelação, diz, é um "terremoto na política do país, onde os casos de corrupção acontecem a cada dia".
O jornal de economia "The Wall Street Journal" já fala sobre a movimentação que pede o impeachment de Temer. "Relatos de jornal levam oposição a protestar", diz.
A rede de TV CNN falou sobre as denúncias e ressaltou que o caso de corrupção chegou aos mais altos escalões do poder do Brasil.
"A ex-presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment no ano passado depois que o Senado a considerou culpada por infringir leis orçamentárias em meio a uma investigação de corrupção – apesar de ela própria não ter sido acusada de corrupção", explica.
O escândalo político e os casos de corrupção, diz, "são a principal razão por que o Brasil está em sua pior recessão da história".
"Gravações explosivas implicam o presidente Michel Temer em propinas", diz o título da reportagem do jornal "The Guardian" sobre o caso. A publicação fala dos protestos pedindo a saída de Temer.
"A política deve ficar mais paralisada", diz o "Guardian". "A possibilidade de o Brasil retirar outro presidente se aproximou, apesar de a coalizão do governo ter maioria no Congresso", complementa.
"Nenhum dos grandes partidos deve sair intocado da delação da JBS", diz o "Guardian".
A cobertura internacional sobre a nova crise política no país e sua provável repercussão na economia contrasta com uma semana que havia começado a dar margem a uma interpretação mais otimista sobre o país.
O ponto mais marcante disso tinha sido uma série de reportagens do jornal de economia "Financial Times" sobre o que chama de "reinvenção do Brasil" através das reformas propostas pelo governo de Temer. Apesar da impopularidade do presidente, a imprensa internacional vinha apresentando os esforços do governo como positivos na aparente retomada da economia do país após anos de recessão.
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