Pesquisa indica que metade do país quer que Brasil tenha seu próprio Trump
O desespero por um líder "de fora da política" que ajude o Brasil a se recuperar da longa crise que aflige o país faz com que brasileiros aceitem cada vez mais a ideia de ter uma versão local do que Donald Trump representa nos Estados Unidos, diz uma reportagem publicada no portal da rede de economia Bloomberg, reforçada por dados de uma recém-publicada pesquisa global de opinião.
"O desdenho pela política tradicional vem crescendo há anos no Brasil, como em quase todo o mundo. A economia afundou em sua recessão mais profunda no início de 2015 e ainda não se recuperou. A imensa investigação de corrupção da Lava Jato envolveu poderosos nomes da política, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua sucessora, Dilma Rousseff, sofreu impeachment no ano passado. O atual líder, Michel Temer, está tentando estabilizar as finanças do país implementando medidas de austeridade draconianas em meio a um redemoinho de escândalos de corrupção que derrubou seis dos seus ministros em menos de oito meses. Sua avaliação, sem surpresa, está muito baixa", resume o texto.
A reportagem diz que em meio a tantos problemas, a população sente necessidade de alguém para "limpar" o país.
O texto cita personagens alheios à política que vêm ganhando força, como o prefeito de São Paulo, João Dória, os apresentadores Roberto Justus e Doutor Rey, e até mesmo o deputado Jair Bolsonaro — e lembra que a crise de representatividade não é coisa nova, já que nos anos 1988 o Macaco Tião teve 400 mil votos, e Tiririca foi eleito em 2010.
"Qualquer pessoa com nome conhecido e dinheiro suficientes pode se aproveitar da frustração nacional e ser capaz de competir com políticos tradicionais", diz.
A reportagem da Bloomberg ganha eco com uma pesquisa global realizada pelo instituto Ipsos. Segundo o levantamento feito em 22 países, a desilusão com a política tradicional e a defesa de líderes fortes, dispostos a falar o que pensam e a romper com as regras —fenômenos que têm sido usados para explicar a vitória de Donald Trump na eleição dos EUA— estão em alta em quase todo o mundo.
Segundo o levantamento "Is The System Broken?" (O sistema está quebrado?), quase metade dos entrevistados no mundo (49%) apoia a ascensão de líderes nacionais fortes, dispostos a romper com as regras do jogo em seus países.
O Brasil tem índice de apoio a políticos desse tipo abaixo da média global: 48%. Ainda assim é uma proporção alta. Além disso, 51% da população defende políticos "falastrões", que digam o que pensam sem se preocupar com as consequências.
O estudo diz que 72% dos brasileiros acham que o país está em declínio, mas que 80% acreditam que ele vai se recuperar. Diz ainda que 69% dos brasileiros acham que os políticos não se preocupam com a população comum.
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