Al Jazeera divulga documentário sobre trabalho escravo em São Paulo
A rede de TV árabe Al Jazeera publicou em seu site um documentário sobre a situação de trabalhadores em situação análoga à escravidão em São Paulo. O filme mostra como a indústria de roupas na "capital da moda na América Latina" explora de forma irregular e ilegal o trabalho de imigrantes na cidade.
Narrado em inglês, o documentário foi produzido pela jornalista brasileira Ana Aranha e pelo cineasta Lali Houghton, e foi exibido como um episódio da série "Latin America Investigates".
"As roupas produzidas aqui (no Brás) chegam a vendedores em todo o país, alimentando um imenso mercado consumidor, o quinto maior do mundo, com preços muito competitivos. E ainda assim manter os preços baixos vem com um custo humano, onde as linhas entre terceirização e condições de trabalho degradantes se misturam", diz o texto assinado por Houghton no site da Al Jazeera.
Os produtores do documentário acompanharam uma equipe do Ministério do Trabalho em fiscalizações em oficinas que produzem roupas usando o trabalho explorado de forma irregular. Imagens mostram a situação degradante em que vivem e trabalham os imigrantes que produzem essas roupas.
Além disso, uma jornalista boliviana se infiltrou em uma dessas fábricas clandestinas e conseguiu filmar a situação de trabalho no lugar que serve como moradia e oficina. Segundo ela, além da jornada exaustiva, há pressão constante pelo trabalho, ausência de tempo livre e grande dificuldade mesmo para dormir no mesmo ambiente de trabalho.
O vídeo explica que há um debate sobre a própria definição de trabalho escravo no país, e as empresas tentam mudar a classificação para ser associada apenas a situações em que os trabalhadores são mantidos em cativeiro.
Um dos fiscais diz no documentário que a situação nem sempre inclui violência física, mas muita violência simbólica, como o trabalho sem registro, medo, proibição de deixar do local de trabalho por conta de dívidas.
Segundo o documentário, estima-se que haja 12 mil fábricas clandestinas que exploram trabalho análogo à escravidão em São Paulo — e o ciclo está tão inserido no modo de produção e venda de roupas que muitos dos trabalhadores que encaram a situação análoga à escravidão abrem suas próprias oficinas quando conseguem deixar seus empregadores.
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