Reportagem do 'Vox' diz que Rio esconde pobres dos visitantes da Olimpíada
Enquanto a cidade do Rio de Janeiro se prepara para receber a Olimpíada, ela trabalha para desenvolver a infraestrutura do evento global, mas o plano brasileiro vai além, segundo um pequeno documentário publicado no site jornalístico norte-americano "Vox". "A cidade está passando por um outro grande projeto: escondendo e removendo os pobres da vista dos visitantes", diz.
O vídeo começa mostrando o muro construído para bloquear a vista da Maré para quem vai do aeroporto do Galeão à Zona Sul, onde ficam as praias.
"O Rio tem estado em 'estado de exceção' há anos por conta da Copa do Mundo e da Olimpíada. Isso resultou em uma onda de abusos de direitos humanos e de propriedade para a população", diz o "Vox", uma das mais bem-sucedidas iniciativas de jornalismo multimídia nos últimos anos – com audiência e relevância crescentes. Seu trabalho é voltado mais à tentativa de explicação dos fatos de que ao trabalho com o noticiário propriamente dito.
O principal destaque da reportagem, entretanto, é a retirada violenta da população pobre que morava próxima do local onde os jogos Olímpicos vão ocorrer. O vídeo mostra imagens de ação violenta da polícia e explica que a cidade se preocupou em garantir que os estrangeiros não vão ver essa pobreza real do Brasil- enquanto ofereceu oportunidades milionárias para quem ganha com o mercado imobiliário voltado apenas aos ricos.
"Os bilhões em dinheiro público usados na preparação para a Olimpíada com certeza traz benefícios para a cidade na forma da expansão dos transportes e das melhoras cosméticas. Mas, no fim, a grande soma de dinheiro que deveria beneficiar os pobres acabou, mais uma vezes, escondendo eles da vista", complementa.
As imagens mostradas pelo "Vox" lembram muito a narrativa construída pela mídia internacional antes da Copa do Mundo da África do Sul, quando o foco era constantemente desviado da competição para a pobreza. Na Copa do Brasil, em 2014, este tipo de reportagem até apareceu, mas por conta da onda de protestos que ocorria em todo o país, a questão política acabou ganhando mais atenção do que a exposição da desigualdade social.
No caso brasileiro, entretanto, fica em destaque não apenas a existência da pobreza e da desigualdade, mas também se revele uma política higienista preocupada em cuidar da imagem e excluir ainda mais a população pobre.
Este tipo de exposição da imagem do país no mundo já era esperada desde que o Rio foi anunciado como sede dos Jogos. Em uma entrevista em 2009, um coordenador de pesquisas de nation branding já mencionava este problema. É natural, ele explicava, que a imprensa olhe para o que acontece fora dos estádios, e revele ao mundo estes problemas do país.
Assista abaixo ao vídeo, em inglês
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