Jornais estrangeiros refletem campanha do governo contra má imagem política

Jornais estrangeiros refletem campanha do governo contra má imagem política

A atuação do governo interino de Michel Temer para combater no exterior a imagem que o impeachment pode ser comparado a um golpe de Estado no Brasil está se refletindo com destaque nos jornais internacionais. Nas últimas semanas, pelo menos duas grandes publicações publicaram cartas de diplomatas brasileiros defendendo a legalidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em reação a críticas que apontavam problemas na política do país.

Na quinta-feira (16) o "New York Times" publicou um texto do embaixador brasileiro nos EUA, Luiz Alberto Figueiredo Machado, rebatendo um editorial do mesmo jornal, que criticava o sistema político brasileiro.

O Brasil tem uma medalha de ouro em corrupção, dizia o editorial, que criticava as primeiras semanas do governo interino e questionava a firmeza do compromisso de Temer com o combate à corrupção.

"O Brasil deveria receber uma medalha de ouro não pela corrupção, mas, ao contrário, pela coragem da sua luta contra a corrupção", diz a carta do embaixador.

O texto defende Temer, e diz que o presidente interino falou publicamente sobre o compromisso com a continuação das investigações de forma apartidária.

Caso parecido ocorreu no fim de maio, no jornal britânico "The Guardian".

O embaixador brasileiro em Londres, Eduardo dos Santos, publicou uma carta no jornal "The Guardian" reagindo à acusação de parlamentares britânicos de que o processo de impeachment de Dilma Rousseff seria um insulto à democracia.

Segundo o embaixador, a democracia brasileira "está viva e bem".

"O processo de impeachment segue os requerimentos da Constituição brasileira e a lei, sob o olhar do Supremo Tribunal Federal. É incorreto descrever o processo como manobras políticas contra a vontade do eleitorado", disse então.

Seguindo a recomendação do novo governo, as embaixadas parecem atuar contra críticas ao atual governo na mídia internacional, deixando claro o interesse em promover no exterior uma imagem de volta da estabilidade e de combate à corrupção.

Apesar dessas reações diplomáticas e ao contrário do que parte do movimento que apoia o atual governo alega, a imprensa internacional não tem aceitado o discurso que associa o impeachment a um golpe. O que há é uma crítica generalizada à política brasileira. Em vez de tratar o impeachment como correto ou como golpe, as publicações mais sérias têm analisado o quanto todo o sistema político brasileiro parece disfuncional. Do jeito que ele é, não há como funcionar, avaliam – indo muito além de uma simples disputa entre o governo afastado e o interino.

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