Deu na 'Economist': Abertura de impeachment garante sobrevivência de Dilma
A abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é ruim para o Brasil, segundo uma reportagem publicada pela revista "The Economist", mas torna maior a chance de ela ficar no poder até o fim do seu mandato. "Era exatamente do que o Brasil precisava", diz.
"Com um vasto escândalo de corrupção em ação, uma economia em queda livre, finanças públicas em frangalhos – e uma classe política que só pensa em si e não tem interesse em resolver nada disso – o país agora foi servido de uma crise constitucional", diz a revista.
Segundo a publicação, o debate sobre a retirada de Dilma do poder vai atrapalhar a busca por soluções para os problemas do país. "Infelizmente, o furor vai distrair a atenção já perdida dos políticos brasileiros, que não focam em resolver os muitos problemas do Brasil."
O título da reportagem é "Os desastres de Dilma", e o texto trata da relação complicada dela com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
"Cunha ressaltou em uma entrevista coletiva que sua decisão era de natureza puramente técnica. Suas consequências serão tudo menos isso", diz. E complementa: "Apesar de ele negar, poucos duvidam que os motivos de Cunha não sejam técnicos, mas políticos – possivelmente até pessoais", explica.
"Ironicamente, a decisão de Cunha de abrir o impeachment pode ter tornado a sobrevivência de Dilma até 2018 mais provável"
A "Economist" critica as políticas econômicas de Dilma, e a responsabiliza pela recessão vivida pelo país – a pior em décadas.
Em meio ao processo de impeachment, a publicação compara a presidente ao que aconteceu com Collor, que também não tinha popularidade ou força para reagir ao processo contra ele. Apesar disso, os dois são diferentes, diz. "Ao contrário dele, Dilma não foi acusada de enriquecimento. E ela tem o apoio do PT, que não perdeu toda sua força", explica.
Além da "Economist", a abertura de processo de impeachment está sendo interpretada no resto do mundo como um grande risco à estabilidade política brasileira. A avaliação inicial da mídia estrangeira é de que o processo vai ser "longo e complicado", e que pode afundar o Brasil em uma crise política e econômica ainda mais grave do que a vivida atualmente.
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