Eleições 2018 – Brasilianismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Brasil vira exemplo de uso político do WhatsApp durante campanha britânica http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/14/brasil-vira-exemplo-de-uso-politico-do-whatsapp-durante-campanha-britanica/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/14/brasil-vira-exemplo-de-uso-politico-do-whatsapp-durante-campanha-britanica/#respond Thu, 14 Nov 2019 10:41:31 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6087
A menos de um mês das eleições que vão determinar o novo governo britânico para negociar o futuro do brexit, os partidos políticos do Reino Unido estão buscando desenvolver formas para usar redes sociais como o WhatsApp em suas campanhas. Analistas políticos, por outro lado, ressaltam sobre os riscos de divulgação de informações falsas que podem influenciar no resultado da votação. O movimento tem sido comparado ao que aconteceu no Brasil durante a eleição presidencial de 2018.

“Partidos britânicos lutam para transformar o WhatsApp em arma de campanha”, diz uma reportagem do jornal The Guardian. A publicação ressalta que o aplicativo teve uma função importante no Brasil, mas que os ingleses têm uma relação diferente com redes sociais, o que dificulta seu uso político.

“Partidos e campanhas políticas estão se contando com grupos fechados de WhatsApp e outras redes sociais ‘obscuras’ pela primeira vez para disseminar suas mensagens eleitorais de forma ampla”, explica uma reportagem do jornal The Times. Os trabalhistas, diz, estão tentando criar um “exército digital” com uso das redes sociais.

Segundo a rede SKY News, por outro lado, os trabalhistas também são vítimas da campanha por WhatsApp, com mensagens que tentam influenciar votos na eleição. Uma reportagem diz que o uso de redes sociais “eleva preocupação sobre o papel do aplicativo na disseminação de conteúdo político divisivo”.

A revista Wired também tratou do uso político do WhatsApp no Reino Unido e citou o caso brasileiro como exemplo. Segundo uma reportagem, a divulgação de desinformação no Brasil levou o WhatsApp a tentar limitar o encaminhamento de mensagens, mas que isso não está funcionando totalmente no caso britânico.

“Apesar da mudança, o mecanismo está atualmente sendo usado na campanha para a eleição geral”, diz.

Os casos registrados até agora no Reino Unido, entretanto, “ainda não são nada comparados à Índia e ao Brasil”, diz o Guardian, explicando que o WhatsApp foi chave na “eleição de candidatos políticos e na disseminação de uma série de desinformação”.

Uma explicação para os limites encontrados pela campanha pelo WhatsApp no Reino Unido é que embora os britânicos usem muito o aplicativo, eles são muito menos propensos a participar de grupos com pessoas que não conhecem. “Isso torna muito mais difícil para os ativistas políticos transmitirem desinformação”, diz o jornal.

Isso diferencia a cultura política do país em relação à do Brasil.

“Seis em cada dez usuários do WhatsApp no ​​Brasil se uniram a grupos com pessoas que não conheciam, em comparação com pouco mais de um em cada dez no Reino Unido. Enquanto quase um quinto dos usuários brasileiros ficou feliz em discutir notícias e política em um grupo público do WhatsApp, apenas 2% no Reino Unido se sentiram da mesma forma”, explica.

O mesmo Guardian publicou recentemente um resumo de uma pesquisa acadêmica realizada neste ano na universidade de Swansea, no Reino Unido, que comprovou que o compartilhamento de notícias falsas por redes sociais foi favorável à eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência do Brasil.

O estudo descobriu que 42% das mensagens compartilhadas em grupos de direita no pleito de 2018 continham informações consideradas falsas. Por outro lado, menos de 3% das mensagens em grupos de esquerda continham mentiras.

O WhatsApp já admitiu publicamente o uso de envios maciços de mensagens, com sistemas automatizados contratados de empresas, durante a eleição presidencial no Brasil. A divulgação de notícias falsas pela internet também é tema de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

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Mercado define prazo de 6 meses para Bolsonaro aprovar reformas, diz Forbes http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/12/07/mercado-define-prazo-de-6-meses-para-bolsonaro-aprovar-reformas-diz-forbes/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/12/07/mercado-define-prazo-de-6-meses-para-bolsonaro-aprovar-reformas-diz-forbes/#respond Fri, 07 Dec 2018 10:48:28 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5040 O mercado internacional já definiu um prazo de tolerância com o governo de Jair Bolsonaro, segundo uma reportagem publicada pela revista de economia Forbes: Seis meses. O novo governo terá até junho para levar adiante reformas na economia, ou será abandonado pelos donos do dinheiro.

“No mês que vem, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, assume as rédeas de um Estado que alguns acreditam estar em apuros. Investidores do Brasil e do exterior aplaudiram sua vitória em outubro, mesmo que de maneira tímida. Agora eles estão dando até o início do segundo semestre de 2019 para Bolsonaro consertar um dos maiores problemas financeiros que assolam o país: seu sistema previdenciário. Se ele falhar, eles o abandonam.”

O apoio do mercado é visto como tendo sido importante na eleição de Bolsonaro, pois a indicação de Paulo Guedes apontou que o próximo governo daria importância às reformas defendidas por investidores –o que levou muitos a ignorarem a postura mais autoritária do então candidato. Se o governo perder o apoio do mercado, o Brasil pode enfrentar dificuldades econômicas.

Segundo a revista, entretanto, essa vai ser uma batalha difícil para o novo governo, já que as reformas vistas como necessárias pelo mercado costumam ser impopulares.

Políticos “autoritários como Bolsonaro podem achar mais fácil aprovar medidas impopulares. Independentemente da sua resistência, eles correm o risco de perder o apoio popular. A popularidade do presidente russo, Vladimir Putin, sofreu um grande impacto depois que ele assinou mudanças na Previdência do seu país.”

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Think tank recebe filho de Bolsonaro após ver ‘histeria’ em reação a pleito http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/27/think-tank-recebe-filho-de-bolsonaro-apos-ver-histeria-em-reacao-a-pleito/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/27/think-tank-recebe-filho-de-bolsonaro-apos-ver-histeria-em-reacao-a-pleito/#respond Tue, 27 Nov 2018 19:36:36 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5003

“As reações à eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência do Brasil vão do alarmismo à histeria total”, dizia um texto divulgado pelo think tank americano American Enterprise Institute (AEI) uma semana após a eleição no Brasil. Segundo a avaliação, apesar de algumas declarações radicais do presidente eleito, da sua simpatia pelos militares e da pressão sobre a democracia, “não há motivo para desespero”.

O centro de estudos conservador AEI ganhou evidência nas futuras relações entre o Brasil de Bolsonaro e os EUA de Donald Trump ao ser visitado nesta semana pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que participou de uma palestra no local.

Segundo a Folha, Eduardo Bolsonaro falou para um grupo de cerca de 30 pessoas, entre membros de think tanks e do governo, sobre Venezuela, fortalecimento das relações entre Brasil e Estados Unidos e direitos humanos. Em uma conversa com jornalistas no centro de pesquisas, o filho do presidente eleito disse que “o novo governo está disposto não só a fazer comércio como também cooperar em diversas outras áreas.”

Assinado pelo pesquisador Ryan C. Berg, do AEI, o texto sobre a eleição era uma reação à cobertura altamente negativa da imprensa internacional sobre a candidatura e a vitória de Bolsonaro.

Do ponto de vista estrangeiro, a eleição do Brasil foi vista como um indício de grande risco à democracia brasileira. Segundo o texto divulgado pelo think tank, entretanto, era tudo exagero. “O Brasil e o mundo não devem entrar em pânico.”

Segundo a análise, as instituições democráticas do Brasil são resilientes, “capazes de aguentar a tempestade Bolsonaro e limitar seus impactos”, dizia.

Berg é um pesquisador especializado em estudos sobre o crime organizado e o tráfico de drogas, e também trata de política externa da América Latina e questões sobre o desenvolvimento.

Em seu texto, publicado no site de jornalismo político Real Clear Politics, ele ressaltou que a Constituição do Brasil garante um sistema de pesos e contrapesos com independência entre os poderes, e que Bolsonaro teria que encarar um Congresso fraturado para conseguir governar.

A avaliação não pode ser lida como um total apoio a Bolsonaro, entretanto. O texto aponta várias das declarações problemáticas do presidente eleito, e diz que ele vai criar uma pressão grande na democracia do país, e que é preciso estar vigilante durante seu governo.

Segundo Berg, entretanto, as instituições funcionam e, se Bolsonaro tentar se sobrepor aos outros poderes, “ele sem dúvida vai lembrar que o Brasil tem um processo bem definido para o impeachment de presidentes”, diz.

“Nem os brasileiros nem seus vizinhos do hemisfério deveriam apenas sentar e assistir ao show. Vigilância é imperativa. Mas as probabilidades são de que, sob o governo do presidente Bolsonaro, o Brasil encontre uma maneira de sobreviver graças às instituições democráticas que são seus verdadeiros pilares da democracia.”

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Fã de Trump, novo chanceler preocupa ambientalistas, diz mídia estrangeira http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/15/fa-de-trump-novo-chanceler-preocupa-ambientalistas-diz-midia-estrangeira/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/15/fa-de-trump-novo-chanceler-preocupa-ambientalistas-diz-midia-estrangeira/#respond Thu, 15 Nov 2018 18:19:16 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4968

A escolha do diplomata Ernesto Henrique Araújo para ser o ministro das Relações Exteriores do governo de Jair Bolsonaro foi vista internacionalmente como uma indicação de grande alinhamento do Brasil aos EUA, e como uma decisão preocupante para o ambiente global.

Araújo foi descrito pelas reportagens publicadas pelas agências internacionais como um “fã de Trump”, que deve mudar os rumos da diplomacia brasileira.

“Araújo, diplomata de carreira, é atualmente chefe do departamento dos Estados Unidos e do Canadá do Ministério das Relações Exteriores. No ano passado, ele gerou reações no Ministério das Relações Exteriores com um artigo que afirmava que o Brasil teria a chance de recuperar sua “alma ocidental” ao abraçar o nacionalismo de Trump e perseguir seus próprios interesses, em vez de se ligar a blocos de países”, diz reportagem da Reuters.

A admiração pelo presidente dos EUA também foi destacada pela Bloomberg, que se referiu a Araújo como “Trump-loving diplomat” (que poderia ser entendido como um seguidor apaixonado do presidente americano). Segundo a agência de economia, a escolha foi o mais recente sinal de rompimento em relação à tradição da política externa brasileira.

Em um artigo publicado na página de opinião da mesma Bloomberg, o colunista Mac Margolis diz que o começo do processo de transição para o governo de Bolsonaro está sendo marcado por tropeços na política externa, e que as declarações do presidente eleito têm criado problemas para a diplomacia do país. Segundo ele, o presidente eleito deveria escolher alguém experiente para ser chanceler, e o primeiro trabalho do novo ministro seria o de educar o presidente sobre diplomacia.

O tom mais crítico em relação à escolha do novo ministro das Relações Exteriores foi publicado em reportagem do jornal britânico “The Guardian”. Segundo o texto, a indicação de Araújo preocupa ambientalistas em todo o mundo.

“Bolsonaro escolheu um novo ministro das Relações Exteriores que acredita que a mudança climática é parte de uma trama de ‘marxistas culturais’ para sufocar as economias ocidentais e promover o crescimento da China. (…) Sua nomeação, confirmada por Bolsonaro na quarta-feira, deve causar um arrepio no movimento climático global”, diz o jornal.

“Ernesto Araujo –até agora um funcionário de nível médio que escreve sobre a ‘criminalização’ da carne vermelha, do petróleo e do sexo heterossexual– se tornará o principal diplomata do maior país da América do Sul, representando 200 milhões de pessoas e a maior e mais biodiversa floresta da Terra, a Amazônia”, complementa.

Segundo o jornal inglês, especialistas em negociações climáticas disseram que a nomeação foi triste para o Brasil e para o mundo. O diplomata, “que nunca serviu como embaixador no exterior, alega que políticos esquerdistas não identificados sequestraram o ambientalismo para servir como uma ferramenta para a dominação global”, diz.

A questão ambiental tem sido um dos principais fatores citados pelo “Guardian” em uma avaliação crítica do presidente eleito do Brasil. Em um editorial publicado após a eleição, o jornal tratou Bolsonaro como um perigo para todo o mundo por conta da sua postura em relação à proteção ambiental.

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Plano de Bolsonaro contra violência é ‘incompleto’, diz think tank dos EUA http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/14/plano-de-bolsonaro-contra-violencia-e-incompleto-diz-think-tank-dos-eua/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/14/plano-de-bolsonaro-contra-violencia-e-incompleto-diz-think-tank-dos-eua/#respond Wed, 14 Nov 2018 09:14:02 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4964

Levado à Presidência em grande parte por conta do seu discurso contra a violência no Brasil, Jair Bolsonaro tem ideias “incompletas” sobre como combater a criminalidade do país, diz um artigo publicado pelo think tank americano Brookings Institution.

“O que o futuro presidente Jair Bolsonaro fará para promover sua agenda de combate ao crime no Brasil? Sua retórica dura sobre o crime fez muito para catapultá-lo para a Presidência brasileira. No entanto, suas ideias reais para combater o crime, incluindo dar à polícia e às unidades do Exército maiores prerrogativas para usar a força e empregar o Exército em patrulhas de rua, parecem incompletas, na melhor das hipóteses. Algumas de suas propostas também implicam o uso de medidas extralegais que poderiam ter muita semelhança com as práticas abusivas das políticas policiais do presidente Rodrigo Duterte nas Filipinas, para dar um exemplo indesejável”, explica o pesquisador Michael E. O’Hanlon.

Segundo O’Hanlon, é impossível negar que a criminalidade no Brasil é terrível, e que uma grande mudança nas abordagens da segurança pública é necessária. Para ele, entretanto, é preciso aprender com o que já foi feito em outros países para desenvolver uma estratégia para reduzir a violência no Brasil sem se apegar apenas a práticas abusivas que desrespeitam os direitos humanos.

“Bolsonaro deveria ter em mente os princípios que foram aprendidos na criação de estratégias de sucesso para combater o crime em todo o mundo. Vários são destacados em um estudo de 2017, ‘Protegendo cidades globais: melhores práticas, inovação e o caminho a seguir’”, diz O’Hanlon, que é coautor do texto citado.

A pesquisa examinou uma série de grandes desafios para as cidades do mundo, incluindo “crime normal”, organizações criminosas transnacionais e cartéis de drogas, terrorismo e desastres em massa. “Nem todos os princípios são igualmente relevantes para os problemas centrais do Brasil atualmente, mas ainda é útil resumir todos eles no caso de a situação evoluir”, diz.

O artigo lista sete caminhos que o Brasil pode trilhar para começar a intensificar a luta contra a violência, incluindo a retomada de um projeto mais refinado de policiamento comunitário, como já tentado no Rio de Janeiro com as UPPs. Segundo O’Hanlon, apesar de os projetos de pacificação no Brasil terem perdido o rumo, o programa teve recursos limitados em termos de policiamento e de programas de apoio social e econômico, e precisa ser melhorado.

O’Hanlon fala ainda de parcerias internacionais, de estratégias contra o crime organizado, de uso de tecnologia, de promoção da coesão social, de parcerias público-privadas e de preparação para eventos com potencial catastrófico.

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Editor de revista americana avalia crítica a Bolsonaro na mídia estrangeira http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/13/editor-de-revista-americana-avalia-critica-a-bolsonaro-na-midia-estrangeira/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/13/editor-de-revista-americana-avalia-critica-a-bolsonaro-na-midia-estrangeira/#respond Tue, 13 Nov 2018 11:23:06 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4962

O editor da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter

Em um artigo publicado na Folha, o editor da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter, tentou explicar por que a mídia internacional adotou uma postura tão crítica ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro.

Desde antes da eleição, o posicionamento de analistas estrangeiros na imprensa internacional tem sido extremamente crítico a Bolsonaro. O ponto de vista externo é de que sua eleição representa uma ameaça à democracia brasileira, ao ambiente global e ao posicionamento internacional no país.

Winter reconhece que o tom adotado pela imprensa estrangeira em relação a Bolsonaro foi muito negativo desde a campanha, e alega que a explicação é complexa, passando pela observação objetiva do que acontece no país, a análise sob uma perspectiva internacional, a tendência ideológica de jornalistas, conhecimento sobre a realidade do país, a maior liberdade do que a imprensa local, e as próprias declarações e posicionamentos do presidente eleito.

Leia o artigo completo na Folha

O editor explica que estudos mostram que muitos jornalistas em todo o mundo têm uma postura mais à esquerda do que a população em geral, mas nega essa seja a principal origem da postura crítica.

“Creio que a maior parte de nossas críticas a Bolsonaro tenham origem não na parcialidade mas sim na parte mais importante do trabalho de um jornalista: a observação.”

“Quando escrevo que a presidência de Bolsonaro pode prejudicar as instituições democráticas ou resultar na morte de mais pessoas inocentes, creio que eu esteja refletindo com precisão suas palavras e ideias, como deve um jornalista.”

Winter rejeita ainda uma acusação frequente no Brasil, de que os correspondetes estrangeiros não conhecem o país, e explica que há uma geração de excelentes jornalistas de outros países cobrindo o Brasil seriamente atualmente.

“O que nos diferencia da mídia brasileira em nossa cobertura de Bolsonaro? Bem, observamos sua ascensão em um contexto mais internacional. Os 10 últimos anos viram o que Larry Diamond, cientista política da Universidade Stanford, define como uma “recessão democrática”, com deterioração de instituições e direitos na Polônia, Turquia, Indonésia, Venezuela e muitos outros países. As declarações de Bolsonaro sobre fechar o Congresso ou fazer uma limpeza nunca vista na história dos esquerdistas do Brasil parecem se enquadrar a essa tendência mundial. Jornalistas americanos como eu também tendem a ver ecos de Donald Trump — que Bolsonaro admira abertamente e a quem ele imitou.”

Segundo Winter, a imprensa internacional também não sofre pressões políticas e econômicas no Brasil para ter um posicionamento menos crítico ao governo. “Talvez tenhamos mais liberdade do que alguns de nossos colegas locais. Nas últimas semanas, ouvi queixas diretas de diversos jornalistas brasileiros que afirmam que seus patrões já os estão desencorajando de cobrir Bolsonaro de modo crítico, seja por motivos financeiros, seja por motivos ideológicos.”

Por último, o editor americano ressalta que os ataques de eleitores de Bolsonaro à imprensa estrangeira podem ter origem no desejo de silenciar a observação critica.

“Suspeito que boa parte das críticas à imprensa estrangeira vem do desejo de que calemos a boca, vistamos a camisa do time vitorioso e escrevamos apenas coisas positivas sobre o novo governo. Mas não é isso que os verdadeiros jornalistas —de qualquer nacionalidade— fazem. Como disse Katherine Graham, que foi publisher do jornal ‘The Washington Post’ na era de Watergate, ‘notícia é aquilo que alguém deseja suprimir. O resto é só publicidade’.”

Winter é um dos principais nomes da imprensa internacional a analisar a situação política do Brasil nos últimos anos. Em entrevista ao blog Brasilianismo, em 2016, ele já previa que o país vivia um cenário parecido com o que levou à eleição de Donald Trump nos EUA.

Vice-presidente da Americas Society/Council of the Americas, Winter foi correspondente internacional no Brasil, no México e na Argentina por dez anos e escreveu livros como “Why Soccer Matters” (Por que o futebol importa), escrito com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “No Lost Causes” (Sem causas perdidas), com o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe e “Long After Midnight” (Muito depois da meia noite). Ele desponta atualmente como uma das principais vozes nos Estados Unidos a analisar e comentar o que acontece no Brasil e na América Latina.

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Bolsonaro deve dar fim ao ‘soft power’ do Brasil, diz pesquisador dos EUA http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/05/bolsonaro-deve-dar-fim-ao-soft-power-do-brasil-diz-pesquisador-dos-eua/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/05/bolsonaro-deve-dar-fim-ao-soft-power-do-brasil-diz-pesquisador-dos-eua/#respond Mon, 05 Nov 2018 20:11:00 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4952

A eleição de Jair Bolsonaro deve gerar uma ruptura na política externa tradicional do Brasil, avalia o pesquisador americano Harold Trinkunas em um artigo publicado no site do think tank Brookings (o número um do ranking internacional de instituições pesquisas internacionais deste tipo). Segundo ele, o governo de direita que se iniciará no próximo ano vai  destruir o ‘soft power’ do Brasil.

“Nas últimas décadas, o Brasil procurou influenciar a ordem internacional confiando fortemente no ‘soft power’ –a capacidade de persuadir outros a se alinharem com suas propostas diplomáticas devido ao apelo do modelo doméstico do Brasil e sua abordagem pacífica para resolver disputas internacionais”, explica Trinkunas.

Foi através do ‘soft power’ que o Brasil se tornou mais importante internacionalmente durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas desde que Dilma Rousseff chegou ao poder o país vinha perdendo parte deste “poder brando”.

“No entanto, a eleição de Jair Bolsonaro, um congressista de direita de longa data com tendências autoritárias, provavelmente destruirá o que resta do soft power do Brasil no exterior”, avalia.

Para ele, a visão altamente polarizadora do Brasil que o presidente eleito estabeleceu dificilmente atrairá muitos estrangeiros ao país, nem fornecerá novas razões para os parceiros diplomáticos se alinharem com o Brasil.

Além disso, “seu ataque às políticas diplomáticas tradicionais do Brasil reflete a falta de apoio à atual ordem internacional em que, apesar de todas as suas falhas, o Brasil confiou para ampliar sua influência e proteger seus interesses”, diz.

Um outro ponto importante, segundo Trinkunas, é que o desejo de alinhar o Brasil com a política externa do presidente dos EUA, Donald Trump, “significa apostar todas as fichas do Brasil em um instável presidente dos EUA e um establishment da política externa de Washington que tradicionalmente pouco se importava com o Brasil ou seus interesses”.

De acordo com o pesquisador, as opiniões de Bolsonaro provavelmente serão populares entre os governos populistas de direita em todo o mundo, “mas explicitamente coloridos com racismo, sexismo e homofobia. Embora essas políticas possam atrair sua base em casa, se as reações internacionais a Duterte e Trump servirem de guia, é improvável que as políticas internas de Bolsonaro forneçam uma plataforma para expandir o ‘soft power’ do Brasil de forma mais ampla”.

Chefe do setor da América Latina no centro de estudos Brookings, em Washington, DC, Trinkunas é um dos autores do livro ”Aspirational Power: Brazil’s Long Road to Global Influence” (Potência aspiracional — O Brasil na longa estrada para a influência global, em tradução livre). A obra trata das ambições do país em política internacional, avaliando que o Brasil é uma potência emergente que tem tentado usar do soft power, o poder de influência, para ganhar relevância no resto do mundo e buscar revisar aspectos da ordem internacional estabelecida.

Em entrevista ao blog Brasilianismo, em 2016, Trinkunas defendeu que o Brasil não queria influenciar a ordem internacional por se achar mais importante do que era. “Ele realmente acha que a ordem internacional tem aspectos negativos sobre a capacidade de se desenvolver, e quer uma ordem internacional diferente, na qual o Brasil tivesse mais voz, o que aceleraria o desenvolvimento do país”. Segundo ele, o Brasil e o sistema internacional se beneficiariam de uma maior influência do Brasil.

A análise mais recente, sobre a eleição de Bolsonaro, indica uma mudança no perfil da diplomacia brasileira, que passaria a deixar de lado o “poder brando” para buscar um alinhamento maior com os EUA de Trump. Ainda de acordo com Trinkunas, entretanto, o Brasil sempre quis ser uma potência internacional e defendeu uma ordem global diferente da que existe, mas em muitos momentos acabou “dando um passo maior do que a perna”, ou desenvolvendo problemas internos, o que fez o país perder força diplomática.

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Eleição marcou ‘morte’ do PSDB, grande partido de centro, diz ‘Economist’ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/02/eleicao-marcou-morte-do-psdb-grande-partido-de-centro-diz-economist/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/02/eleicao-marcou-morte-do-psdb-grande-partido-de-centro-diz-economist/#respond Fri, 02 Nov 2018 09:25:04 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4943 Análise publicada pela edição mais recente da revista “The Economist” trata do que a publicação vê como “morte do grande partido de centro do Brasil”, o PSDB.

“Apenas dois anos atrás, na sequência do impeachment de Dilma Rousseff, sucessora escolhida de Lula, alguns analistas estavam escrevendo o obituário do PT, culpado pelo colapso e pela corrupção sistemática. Ele sobrevive como a principal oposição a Bolsonaro. Por que o PSDB se tornou a vítima? Como os Clinton e o Blair, ele parece datado. Doria estava certo quando disse ao vencer que o partido ‘perdeu o contato com a realidade do Brasil’. Os líderes do partido brigaram entre si. Quando a geração fundadora envelheceu, eles não conseguiram preparar sucessores.”

O fracasso do “centro” na política brasileira foi um dos temas mais tratados pela imprensa internacional no processo eleitoral marcado pela polarização.

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Editorial do “Guardian” diz que eleição de Bolsonaro é perigo para o mundo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/01/editorial-do-guardian-diz-que-eleicao-de-bolsonaro-e-perigo-para-o-mundo/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/01/editorial-do-guardian-diz-que-eleicao-de-bolsonaro-e-perigo-para-o-mundo/#respond Thu, 01 Nov 2018 12:36:06 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4932

Um editorial publicado pelo jornal britânico “The Guardian” nesta semana classifica como “deprimente” a eleição de um “presidente de extrema-direita” no Brasil e diz que Jair Bolsonaro “representa um perigo claro e real não apenas para seu país, mas também para o planeta”.

O texto de opinião ressalta que o presidente eleito defendeu a ditadura e a tortura no Brasil e falou sobre matar adversários de esquerda, mas alerta que a ameaça vai além do seu país.

“O programa de Bolsonaro, se levado a sério, e suas declarações ambientais, se tomadas literalmente, representam uma ameaça à humanidade. O novo presidente do Brasil toma posse em janeiro com responsabilidade sobre os pulmões do mundo, a Amazônia, e do celeiro mundial, o Cerrado. Ele será capaz de decidir o curso da batalha contra a mudança climática em um momento crítico. Os sinais não são bons”, diz o jornal.

Segundo o “Guardian”, o principal compromisso eleitoral de Bolsonaro era colocar seu governo a favor das grandes corporações agrícolas do Brasil, o que favorece os negócios em detrimento da biodiversidade. “O presidente de extrema-direita eleito também prometeu enfraquecer a aplicação das leis ambientais, enquanto criminaliza o ativismo. É um pacote de medidas que não vai reformar o modelo do capitalismo que está lentamente fervendo a atmosfera, mas acelerar ele.”

O jornal alerta que medidas que acarretem destruição da Amazônia podem gerar reação de investidores da União Europeia, o que também pode ser ruim para a economia brasileira.

“Até agora, o Brasil tem sido uma força moral para o bem ambiental: em grande parte resistindo aos apelos para explorar seus vastos recursos naturais para favorecer investidores, enquanto reúne nações ricas e pobres durante as negociações climáticas. Era o favorito para sediar as próximas negociações climáticas da ONU. Agora, em vez de ajudar, a quarta maior democracia do mundo parece causar danos irreparáveis”, avalia.

Apontado nesta semana como o jornal em que os britânicos mais confiam, segundo uma pesquisa nacional, o “Guardian” assumiu desde antes da eleição uma postura muito crítica em relação a Bolsonaro.

Em abril, bem antes do início oficial da campanha presidencial deste ano, o jornal publicou uma reportagem comparando o então candidato a presidente com Donald Trump, e já o classificou como “perigoso. Meses depois, em um editorial com a opinião da publicação, o jornal voltou à comparação e disse que o brasileiro era “pior do que Trump”. Desde a vitória de Bolsonaro, o jornal tem publicado várias reportagens sobre as definições para o próximo governo e os impactos disso para o Brasil e o resto do mundo.

“Há todos os motivos para pensar que os brasileiros que votaram apressadamente em Bolsonaro se arrependerão”, diz o editorial mais recente.

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Risco à democracia, Bolsonaro é grito de desespero, diz editorial do ‘NYT’ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/10/31/risco-a-democracia-bolsonaro-e-grito-de-desespero-diz-editorial-do-nyt/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/10/31/risco-a-democracia-bolsonaro-e-grito-de-desespero-diz-editorial-do-nyt/#respond Wed, 31 Oct 2018 09:51:45 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4929
No primeiro editorial sobre o Brasil publicado desde a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência, o jornal americano “The New York Times” demonstra um certo alívio pela declaração do presidente eleito de que vai respeitar a Constituição e as regras democráticas do país, mas continua tratando-o como um risco para a democracia.

Segundo o jornal (que antes da eleição publicou editorial chamando Bolsonaro de “escolha triste” do Brasil), a escolha dele deve ser interpretada como um “grito de desespero” de um país mergulhado em problemas. O desgaste da população com escândalos de corrupção, crise econômica e aumento da violência levaram os brasileiros a repudiar a esquerda, o PT e outros partidos tradicionais e a ignorar outras considerações, “como a total falta de preparo de Bolsonaro”.

“Bolsonaro representa um perigo para a democracia do Brasil. Como Trump, ele é uma força polarizadora –ele foi gravemente ferido por uma tentativa de assassinato durante a campanha e, mesmo antes da eleição, a mídia brasileira informou que a polícia estava organizando ataques a universidades, supostamente para impedir a campanha eleitoral. Espera-se que ele nomeie vários ex-generais para seu governo, um movimento preocupante em uma nação com uma história sombria de governo militar”, analisa o conselho editorial do “NYT”.

A análise do jornal classifica a decisão dos eleitores brasileiros como mais um país a entrar no que chama de “temporada global de política de extrema direita: um político marginal com discurso radical de promessa de ordem captura o clima de uma nação que anseia por mudanças, qualquer mudança, e a leva para o palácio presidencial”.

Segundo o ‘New York Times”, “a questão é se as jovens instituições democráticas do Brasil podem resistir a um ataque de extrema direita” e se a oposição terá o “potencial de bloquear as iniciativas mais antidemocráticas de Bolsonaro”.

“A esquerda do Brasil está gravemente ferida, (…) mas a oposição deveria reconhecer a eleição de Bolsonaro como um grito de desespero em vez de uma declaração de guerra, e passar a apoiar as medidas que tratam de problemas do país enquanto bloqueia as que põem em perigo a democracia.”

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