Brian Winter – Brasilianismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Brasil não parece prestes a explodir em protestos, diz editor americano http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/26/brasil-nao-parece-prestes-a-explodir-em-protestos-diz-editor-americano/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/26/brasil-nao-parece-prestes-a-explodir-em-protestos-diz-editor-americano/#respond Tue, 26 Nov 2019 11:52:09 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6129

O governo de Jair Bolsonaro está preocupado e atento com a possibilidade de uma onda de protestos no Brasil como as registradas recentemente em outros países da América Latina. O presidente defendeu o excludente de ilicitude como forma de reprimir manifestações, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar em novo AI-5 em caso de protestos. Para o mercado internacional, essa preocupação serviu até mesmo para reduzir o ritmo de reformas econômicas nas últimas semanas.

Para o editor-chefe da revista Americas Quarterly, entretanto, o Brasil não parece “prestes a explodir” em grandes manifestações de rua.

Em um artigo publicado nesta semana, Brian Winter diz que a maioria dos brasileiros está insatisfeita com Bolsonaro, mas “isso não sinigifica que a onda de protestos da América Latina vai se espalhar no país”.

Em uma viagem recente pelo Brasil, diz Winter, o país “parece mais calmo e menos combustível do que em outros pontos nos últimos anos”.

Sua análise se baseia em conversas com “cerca de 120 pessoas de várias esferas da vida –de varredores de rua e banqueiros a oficiais do governo, oficiais militares aposentados e clientes em uma padaria na Mooca, um bairro de classe trabalhadora em São Paulo”.

Winter resume sua avaliação em cinco frases ouvidas com frequência durante essa viagem pelo Brasil, e que, segundo ele, explicam como os brasileiros veem a situação do país: “É o que tem para hoje”, “Todos estamos com medo”, “Não tem problema de segurança hoje em São Paulo”, “A corrupção deu uma melhorada” e “Quem vai comprar nosso produto?”.

Apesar da avaliação de que o Brasil não parece se encaminhar para protestos, Winter deixa claro que a situação em várias partes do mundo é volátil e difícil de prever.

“Se aprendemos uma coisa desde que essa onda de protestos começou no início de outubro, é humildade. Praticamente ninguém viu o Chile chegando, por exemplo. Há algo no ar no final de 2019 –e não apenas na América Latina. A melhor estratégia é manter os olhos e a mente abertos.”

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Vazamentos reescrevem história da Lava Jato, diz editor de revista dos EUA http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/06/30/vazamentos-reescrevem-historia-da-lava-jato-diz-editor-de-revista-dos-eua/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/06/30/vazamentos-reescrevem-historia-da-lava-jato-diz-editor-de-revista-dos-eua/#respond Sun, 30 Jun 2019 11:35:07 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5611

A revelação de vazamentos de conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato está mudando a forma como a Lava Jato é vista no Brasil e no exterior, segundo o editor-chefe da revista Americas Quarterly, Brian Winter. Durante uma entrevista ao podcast First Person, da revista Foreign Policy, Winter analisou o impacto político e jurídico das revelações, e fez críticas à Lava Jato.

“A história está sendo reescrita agora. Muitos que tinham expressado admiração pela Lava Jato agora estão vendo coisas em muitos mais tons de cinza”, disse.

O próprio Winter é um dos que viam com admiração a Lava Jato e a atuação de Moro. A revista que ele edita chegou a publicar uma edição em que colocava Moro na capa caracterizado como um dos personagens do filme “Os Caça-Fantasmas”, chamando-o de “caça-corruptos”.

“Eu ao longo dos anos defendi a Lava Jato e a luta contra a corrupção de forma geral. Todos sabemos o que a corrupção faz com os países. Ela erode a confiança nas instituições e na democracia e tira dinheiro que deveria ser usado para educação e saúde. (…) Mas nada do que estou dizendo justifica essas condutas e práticas reveladas agora”, disse.

Winter descreve especificamente o trecho de conversa em que Moro chama o discurso da defesa de Lula de “showzinho”. “Não acho que há alguma forma de uma pessoa razoável olhar para essa transcrição e sair pensando que este era um juiz imparcial”, disse.

Sérgio Moro lidera equipe de ‘caça-corrupção’ em capa de revista americana

No podcast, o editor fez um breve resumo da história da Lava Jato, contextualizando o impacto econômico e político da Operação que envolveu “quase todos os partidos políticos brasileiros”, o que gerou uma “raiva generalizada” dos brasileiros contra todos os políticos do país.

Segundo ele, “sempre houve suspeitas” de que Moro havia sido mais duro contra Lula do que contra outros suspeitos de envolvimento com corrupção. Entretanto, “na minha opinião, é impossível argumentar que a Lava Jato atuou exclusivamente para atacar o PT e Lula”, disse, explicando que mais de uma centena de pessoas, entre políticos de diversos partidos e empresários foram julgados e condenados.

“Mas a questão sobre o fato de eles terem sido mais agressivos ou infringido regras de procedimento judicial e ética para condenar Lula, que eles acreditavam que era o líder de todo o esquema, é uma dúvida que existe há anos. E esta nova evidência revelada pelo Intercept, sugere fortemente uma conduta equivocada”

Winter explica que entrevistou várias vezes Moro, e que conhece bem o ministro da Justiça. Ele argumentou ainda que, ao longo da história foi comum ver casos de investigadores infringirem regras para conseguir lutar contra máfias em várias partes do mundo. “Se você olhar para Moro e os procuradores do caso, não acredito que o objetivo dele fosse condenar Lula ou o PT por odiar a esquerda ou por odiar lula especificamente. O que acho que vemos com essas revelações é que, por razões de lógica da acusação, eles infringiram as regras e fizeram coisas que não deveriam ter sido feitas porque eles estavam atrás de uma pessoa que eles acreditavam que era a peça central de uma organização criminosa.”

Segundo o editor, isso se enquadra na questão da importância da opinião pública para a Lava Jato, e está relacionado também à forma como o Brasil está reagindo às revelações. “Há pessoas no Brasil que não se interessam pelos vazamentos. O que importa para muitos brasileiros é que Lula e vários outros políticos que são acusados de corrupção estão presos. Mais do que isso, as pessoas acham que, se Moro infringiu a lei, isso é OK porque os fins justificam os meios”, disse, negando que seja a interpretação dele.

Winter disse ainda discordar da narrativa de que o convite de Bolsonaro a Moro para ser ministro tenha sido uma “recompensa” por sua atuação que levou à prisão de Lula. Segundo ele, Moro aceitou ir ao governo para passar reformas para tentar realmente tentar aumentar a luta contra a corrupção. Os vazamentos, entretanto, reforçam a narrativa de que a motivação dele sempre foi política, disse.

Segundo ele, além da mudança da narrativa ligada à Lava Jato, a preocupação agora é que os vazamentos levem a retrocessos na mobilização da luta contra a corrupção no país como um todo. O futuro, disse, vai depender de novos vazamentos e da resposta do sistema judicial brasileiro. “Se tudo for colocado debaixo do tapete, isso é um problema.”

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Analistas dizem que lua de mel do governo Bolsonaro não durou nem cem dias http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/04/05/analistas-dizem-que-lua-de-mel-do-governo-bolsonaro-nao-durou-nem-cem-dias/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/04/05/analistas-dizem-que-lua-de-mel-do-governo-bolsonaro-nao-durou-nem-cem-dias/#respond Fri, 05 Apr 2019 09:06:34 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5379 O período de lua de mel do governo de Jair Bolsonaro terminou antes mesmo de o presidente completar cem dias no cargo. A avaliação foi feita por especialistas do think tank americano Americas Society/Council of the Americas, em um debate para analisar os primeiros meses de Bolsonaro no poder.

“Geralmente há essa tradição de que a lua de mel dura cem dias. No caso de Bolsonaro, em parte por causa de alguns conflitos auto-infligidos e desnecessários –não com seus inimigos, mas com seus amigos– há reconhecimento geral de que o período da lua de mel acabou”, avaliou Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quarterly e vice-presidente do think tank.

A análise destaca que os primeiros cem dias de governo foram marcados por brigas pelo Twitter, disputas com o Congresso e uma queda de 15 pontos percentuais nos índices de aprovação do governo. O texto divulgado pelo think tank explica ainda que após ter sucesso com sua plataforma de ser contra a política tradicional, Bolsonaro enfrenta dificuldades para governar sem ter experiência nesse tipo de política.

O foco dos primeiros três meses de governo, diz a análise, foi a negociação em torno da reforma da Previdência. Apesar das declarações do presidente, a movimentação do mercado mostra que “a comunidade de negócios está cética”, apesar de haver maior apoio do público para as reformas. “É por isso que tantas pessoas estão frustradas com a retórica autodestrutiva de Bolsonaro. Eles estão preocupados que ele esteja arrancando a derrota das garras da vitória”, explica Winter.

O tom crítico da avaliação sobre o início do governo Bolsonaro ecoa outras análises externas que indicam problemas para o presidente e falam até mesmo em possível encurtamento do mandato. “O Brasil não é um país que historicamente fica parado. Se as necessidades das pessoas não forem atendidas, a roda girará novamente”, disse Winter.

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Análises estrangeiras apontam divisão ideológica no governo de Bolsonaro http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/02/08/analises-estrangeiras-apontam-divisao-ideologica-no-governo-de-bolsonaro/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/02/08/analises-estrangeiras-apontam-divisao-ideologica-no-governo-de-bolsonaro/#respond Fri, 08 Feb 2019 09:33:25 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5204

Militares para um lado, antiglobalistas e economistas para o outro. Para observadores estrangeiros, o governo de Jair Bolsonaro já apresenta divisões ideológicas e políticas marcantes após apenas um mês desde da sua posse, com disputa pelo poder, críticas públicas e incertezas quanto a decisões sobre o futuro do país.

A separação é discutida em pelo menos duas grandes reportagens sobre a política brasileira publicadas na imprensa internacional. No início da semana, a revista francesa Le Monde Diplomatique (em edição em inglês) apontou o surgimento da divisão política dentro do novo governo brasileiro, indicando divergências especialmente por conta de questões econômicas. A publicação também discutia o tamanho da força política dos militares.

Na quinta-feira (7), a revista americana Americas Quarterly fez análise semelhante. Segundo a publicação, a atuação do vice-presidente Hamilton Mourão durante a internação de Bolsonaro, e a pressa do presidente de voltar ao poder, são evidências fortes dessa separação.

“A retórica de Mourão ilustra uma divisão ideológica muito real dentro do governo de Bolsonaro. Há a chamada ala antiglobalista, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e Eduardo, filho de Bolsonaro, que quer refazer a política externa do Brasil para aproximá-la de Washington, Donald Trump e nações com ‘valores cristãos’, distanciando o país da China e do mundo árabe”, explica.

Mourão, por outro lado, “representa uma poderosa facção composta em grande parte por ex-oficiais militares, que ocupam cerca de um terço do gabinete de Bolsonaro. Eles não são um bloco único, mas geralmente favorecem uma abordagem mais pragmática da política externa, observando, por exemplo, que a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Muitos não poderiam se importar menos com as questões sociais — ‘ideologia de gênero’, ‘marxismo cultural’ e assim por diante– que tendem a animar a base do núcleo duro de Bolsonaro”, diz o texto do editor-chefe da publicação, Brian Winter.

A abordagem da Le Monde Diplomatique trata do mesmo fenômeno, mas foca mais na questão econômica. Segundo a publicação, por mais que o presidente tenha formado uma equipe econômica favorável a cortes de gastos e controle das finanças do país têm ambições diferentes da política de austeridade.

“Já existe uma divisão entre o novo governo, que defende a austeridade e o monetarismo, e os militares, que defendem as ambições geopolíticas que exigem a intervenção do Estado”, explica a publicação.

O texto da revista francesa também analisa a força da Escola Superior de Guerra como ferramenta de projeção de influência política e geopolítica no país. “O Brasil tem as maiores forças armadas da América Latina, apoiadas por um complexo militar-industrial bem estabelecido e centros estratégicos altamente eficazes. Elas influenciam o governo e a economia (às vezes exercendo diretamente o poder político, como durante a ditadura) e desempenham um papel decisivo na política brasileira: seu objetivo é defender uma visão de desenvolvimento nacional que evoluiu durante o século 20, especialmente sob o governo Getúlio Vargas (1930-45), quando defendiam a industrialização como a chave para a soberania geopolítica”, explica.

A grande questão, diz, vai ser saber a quantidade de força que será de fato exercida pelos militares dentro do atual contexto em que Bolsonaro tenta levar adiante grandes reformas econômicas.

Segundo Winter, na AQ, a separação desses grupos em torno do vice-presidente e da família do presidente reforçam a ideia de que o Brasil talvez tenha um problema na estrutura do seu poder Executivo. A reportagem retoma a discussão sobre a história de impeachments e renúncias que levaram vice-presidentes ao poder no Brasil, e questiona se o país não deveria abolir o cargo –indicando que o Chile, por exemplo, já fez isso.

“Isso leva a questionar se o Brasil realmente sabe lidar com vice-presidentes. Talvez a posição em si seja intrinsecamente desestabilizadora, especialmente em um país com uma colcha de retalhos de várias dezenas de partidos políticos que forçam coalizões estranhas e, em última análise, frágeis”, diz.

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Editor de revista americana avalia crítica a Bolsonaro na mídia estrangeira http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/13/editor-de-revista-americana-avalia-critica-a-bolsonaro-na-midia-estrangeira/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/13/editor-de-revista-americana-avalia-critica-a-bolsonaro-na-midia-estrangeira/#respond Tue, 13 Nov 2018 11:23:06 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4962

O editor da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter

Em um artigo publicado na Folha, o editor da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter, tentou explicar por que a mídia internacional adotou uma postura tão crítica ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro.

Desde antes da eleição, o posicionamento de analistas estrangeiros na imprensa internacional tem sido extremamente crítico a Bolsonaro. O ponto de vista externo é de que sua eleição representa uma ameaça à democracia brasileira, ao ambiente global e ao posicionamento internacional no país.

Winter reconhece que o tom adotado pela imprensa estrangeira em relação a Bolsonaro foi muito negativo desde a campanha, e alega que a explicação é complexa, passando pela observação objetiva do que acontece no país, a análise sob uma perspectiva internacional, a tendência ideológica de jornalistas, conhecimento sobre a realidade do país, a maior liberdade do que a imprensa local, e as próprias declarações e posicionamentos do presidente eleito.

Leia o artigo completo na Folha

O editor explica que estudos mostram que muitos jornalistas em todo o mundo têm uma postura mais à esquerda do que a população em geral, mas nega essa seja a principal origem da postura crítica.

“Creio que a maior parte de nossas críticas a Bolsonaro tenham origem não na parcialidade mas sim na parte mais importante do trabalho de um jornalista: a observação.”

“Quando escrevo que a presidência de Bolsonaro pode prejudicar as instituições democráticas ou resultar na morte de mais pessoas inocentes, creio que eu esteja refletindo com precisão suas palavras e ideias, como deve um jornalista.”

Winter rejeita ainda uma acusação frequente no Brasil, de que os correspondetes estrangeiros não conhecem o país, e explica que há uma geração de excelentes jornalistas de outros países cobrindo o Brasil seriamente atualmente.

“O que nos diferencia da mídia brasileira em nossa cobertura de Bolsonaro? Bem, observamos sua ascensão em um contexto mais internacional. Os 10 últimos anos viram o que Larry Diamond, cientista política da Universidade Stanford, define como uma “recessão democrática”, com deterioração de instituições e direitos na Polônia, Turquia, Indonésia, Venezuela e muitos outros países. As declarações de Bolsonaro sobre fechar o Congresso ou fazer uma limpeza nunca vista na história dos esquerdistas do Brasil parecem se enquadrar a essa tendência mundial. Jornalistas americanos como eu também tendem a ver ecos de Donald Trump — que Bolsonaro admira abertamente e a quem ele imitou.”

Segundo Winter, a imprensa internacional também não sofre pressões políticas e econômicas no Brasil para ter um posicionamento menos crítico ao governo. “Talvez tenhamos mais liberdade do que alguns de nossos colegas locais. Nas últimas semanas, ouvi queixas diretas de diversos jornalistas brasileiros que afirmam que seus patrões já os estão desencorajando de cobrir Bolsonaro de modo crítico, seja por motivos financeiros, seja por motivos ideológicos.”

Por último, o editor americano ressalta que os ataques de eleitores de Bolsonaro à imprensa estrangeira podem ter origem no desejo de silenciar a observação critica.

“Suspeito que boa parte das críticas à imprensa estrangeira vem do desejo de que calemos a boca, vistamos a camisa do time vitorioso e escrevamos apenas coisas positivas sobre o novo governo. Mas não é isso que os verdadeiros jornalistas —de qualquer nacionalidade— fazem. Como disse Katherine Graham, que foi publisher do jornal ‘The Washington Post’ na era de Watergate, ‘notícia é aquilo que alguém deseja suprimir. O resto é só publicidade’.”

Winter é um dos principais nomes da imprensa internacional a analisar a situação política do Brasil nos últimos anos. Em entrevista ao blog Brasilianismo, em 2016, ele já previa que o país vivia um cenário parecido com o que levou à eleição de Donald Trump nos EUA.

Vice-presidente da Americas Society/Council of the Americas, Winter foi correspondente internacional no Brasil, no México e na Argentina por dez anos e escreveu livros como “Why Soccer Matters” (Por que o futebol importa), escrito com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “No Lost Causes” (Sem causas perdidas), com o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe e “Long After Midnight” (Muito depois da meia noite). Ele desponta atualmente como uma das principais vozes nos Estados Unidos a analisar e comentar o que acontece no Brasil e na América Latina.

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Para editor americano, Bolsonaro é herdeiro de tradição autoritária no país http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/10/05/para-editor-americano-bolsonaro-e-herdeiro-de-tradicao-autoritaria-no-pais/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/10/05/para-editor-americano-bolsonaro-e-herdeiro-de-tradicao-autoritaria-no-pais/#respond Fri, 05 Oct 2018 08:47:08 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4847

A ascensão de Jair Bolsonaro e sua liderança nas pesquisas de intenção de voto para presidente não deveriam ser uma surpresa, segundo o editor da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter. “Isso já aconteceu muitas vezes antes”, explica, citando o histórico de governos autoritários no país.

Em um artigo publicado no site da revista, Winter explica que o candidato do PSL é herdeiro de uma longa tradição de “soldados no poder” no Brasil, e que a chegada dele à presidência “seria um governo militar em muitos sentidos”.

O texto avalia a história do país e diz que até 1985 os militares detinham ou dividiam o poder no país. “A maioria de nós achou que esses dias haviam terminado com o fim da Guerra Fria”, continua, mas a crise e o medo de um governo de esquerda “levaram muitos no país a gritar por ordem mais uma vez”.

Apesar de muitos criticarem Bolsonaro como uma ameaça de volta ao autoritarismo, a avaliação de Winter indica que o candidato é um sintoma mais amplo dessa forma como o Brasil lida com política, registrando pouco apego à democracia. “Se ele vencer, há sinais de que o que virá será um regime vingativo e cruel”, diz. Mas, “mesmo que Bolsonaro perca, este lado do Brasil que acordou parece ter vindo para ficar”, avalia.

O contexto político e histórico do Brasil e sua tendência pouco democrática têm sido analisados por Winter há vários meses. Em entrevista ao blog Brasilianismo no fim de 2016, ele disse que “os mesmos fatores que criaram o fenômeno Donald Trump estão presentes no Brasil. Exceto que, no Brasil, as coisas estão bem piores”.

Vice-presidente da Americas Society/Council of the Americas, Winter foi correspondente internacional no Brasil, no México e na Argentina por dez anos e escreveu livros como “Why Soccer Matters” (Por que o futebol importa), “The Accidental President of Brazil” (O presidente acidental do Brasil), escrito com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “No Lost Causes” (Sem causas perdidas), com o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe e “Long After Midnight” (Muito depois da meia noite).

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Entre ‘Exterminador’ e ‘Feitiço do Tempo’, Lula decidirá 8ª eleição no país http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/07/17/entre-exterminador-e-feitico-do-tempo-lula-decidira-8a-eleicao-no-pais/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/07/17/entre-exterminador-e-feitico-do-tempo-lula-decidira-8a-eleicao-no-pais/#respond Tue, 17 Jul 2018 08:07:37 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4631

Dois filmes hollywoodianos servem como referência para entender a força política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vai ter papel decisivo nas eleições presidenciais do Brasil pela oitava vez consecutiva. Segundo Brian Winter, editor da revista “Americas Quarterly”, o lulismo pode ser explicado com ajuda de “O Exterminador do Futuro” e de “Feitiço do Tempo”.

“Como Arnold Schwarzenegger nos filmes do exterminador, Lula continua emergindo intacto dos escombros em chamas –ao menos politicamente”, diz em seu artigo mais recente. E como em “Feitiço do Tempo”, a mesma história parece se repetir a cada ano eleitoral no país, explica.

Winter faz um relato histórico de como Lula teve papel decisivo na escolha presidencial brasileira em todas as eleições desde 1989. Segundo ele, por mais que Lula esteja preso e provavelmente não consiga ser candidato no pleito deste ano, ele ainda vai ter papel decisivo, com força de influenciar muitos eleitores e definir um dos candidatos no segundo turno.

O artigo explica que um dos motivos para isso é que o governo Lula foi um dos melhores períodos para a classe trabalhadora, e que por mais que os brasileiros estejam frustrados com a corrupção, a população não tem muitas esperanças de eleger um líder completamente honesto.

Winter vem escrevendo sobre a crise política e o cenário eleitoral há bastante tempo. Até recentemente, ele indicava que ainda achava possível que as elites brasileiras chegassem a um acordo para permitir até que Lula ainda seja candidato a presidente.

Além de Lula, o editor explica que o sentimento contra a política é a outra força que vai disputar e eleição no país.Segundo ele, o cenário é preocupante, e o Brasil tem fatores muito semelhantes aos que levaram Donald Trump ao poder nos Estados Unidos.

Segundo Winter, apesar de já estar influenciando a oitava eleição no país, “o lulismo pode estar apenas começando”. A explicação para isso está também na comparação da força do ex-presidente com o filme “Feitiço do Tempo”.

“É um dos padrões mais típicos e duradouros da América Latina. Um líder que representa as massas e se aproveita de bons tempos na economia –seja por ações suas ou não– pode dominar a cena política por décadas”, explica, comparando o caso do Brasil com o da Argentina sob o peronismo.

“Acredite se quiser, pela oitava vez consecutiva, parece que a eleição presidencial do Brasil vai acontecer em torno de um homem: Lula”, diz.

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Ameaça autoritária à democracia brasileira chama atenção no resto do mundo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/06/06/ameaca-autoritaria-a-democracia-brasileira-chama-atencao-no-resto-do-mundo/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/06/06/ameaca-autoritaria-a-democracia-brasileira-chama-atencao-no-resto-do-mundo/#respond Wed, 06 Jun 2018 14:14:13 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4559

A crise política está levando a uma ascensão do populismo e a uma crescente ameaça à democracia brasileira, o que já chama atenção internacionalmente. O crescimento do apoio ao pré-candidato Jair Bolsonaro e as manifestações a favor de uma intervenção militar no país indicam que o Brasil pode estar mergulhando em uma profunda crise democrática.

Uma análise publicada no jornal francês “Le Monde” nesta quarta (6) diz que parte da população do Brasil está tão insatisfeita com a política que se sente atraída pelo autoritarismo de extrema-direita.

Segundo o jornal, a raiva do sistema político no Brasil foi alimentado por escândalos de corrupção e se transformou em ódio visceral. “Enojada por políticos tradicionais, parte do país é agora tentada pelo autoritarismo”, diz.

O assunto também foi analisado pelo professor Yascha Mounk, de Harvard, uma das principais referências no debate atual sobre a crise da democracia no mundo.

Autor do livro “The People vs Democracy”, ele tem discutido de que forma a insatisfação das pessoas com a elite política tem fortalecido líderes populistas em vários países, incluindo Donald Trump nos EUA. Em uma entrevista concedida à Folha, Mounk se mostrou familiarizado com o que acontece no Brasil atualmente e analisou a situação da política brasileira às vésperas de uma eleição presidencial crítica, em que um dos candidatos com maior intenção de voto se enquadra neste perfil.

Para Mounk, Bolsonaro representa “a natureza do populismo”.

“O tipo de político que está destruindo a democracia flerta com líderes autoritários e com momentos de autoritarismo da história. Ele está glorificando a ditadura militar do passado e dizendo que hoje em dia ele é o único que realmente representa o povo, que fala pelos brasileiros comuns. Isso é exatamente a natureza do populismo. Estamos vendo para onde isso leva na Rússia, na Turquia, na Hungria. A deslegitimação de partidos políticos abre espaço para políticos como ele. Isso é muito preocupante.”

Segundo o pesquisador, o que se vê em muitos países, incluindo no Brasil, é um crescente descontentamento com a elite política que existe. É por isso que surgem vozes que falam em intervenção militar e que apoiam candidatos populistas.

“Ainda não estamos em um ponto em que os militares estejam próximos de tomar o poder no Brasil, mas a falta de legitimidade de políticos de esquerda e de direita, e a raiva da população em relação a toda a classe política me deixam muito desconfortável. Isso é motivo para preocupação quanto ao futuro de democracias”, disse.

Segundo o professor, a atual crise do sistema leva justamente a uma situação na qual as pessoas acabam rejeitando o processo político e favorecendo o autoritarismo. Para ele, em uma situação assim, o importante é continuar defendendo as regras da política tradicionais e os direitos individuais.

Além disso, ele defende a educação em história como uma forma de lembrar que o mundo já viveu sob o pesadelo autoritário. “Atualmente ouço jovens alegando que o sistema não funciona, e que talvez seja hora de tentar algo diferente. É uma mentalidade de se perguntar ‘o que temos a perder?’. Para qualquer pessoa que viveu sob ditadura, como no caso do Brasil, ou do fascismo na Europa, ou o comunismo, é bem óbvio o que se tem a perder, e que o autoritarismo deixaria tudo muito pior. A educação histórica é uma parte importante de mudar isso.”

A avaliaçao de Mounk se alinha também a uma análise publicada recentemente na revista “Americas Quarterly”. Segundo o editor-chefe da publicação, Brian Winter, o Brasil pode acabar abraçando uma alternativa autoritária por meio do voto, sem precisar de uma intervenção violenta dos militares.

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‘The Guardian’ diz que Bolsonaro é uma perigosa versão tropical de Trump http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/04/19/the-guardian-diz-que-bolsonaro-e-uma-perigosa-versao-tropical-de-trump/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/04/19/the-guardian-diz-que-bolsonaro-e-uma-perigosa-versao-tropical-de-trump/#respond Thu, 19 Apr 2018 15:57:49 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4460

A reportagem do jornal britânico “The Guardian” acompanhou uma visita recente do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro a Roraima. Em um texto que apresenta a candidatura do deputado como uma das principais para as eleições de outubro, o jornal o compara ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de quem diz ser uma perigosa versão tropical.

Segundo o “Guardian”, por muito tempo o discurso “incendiário” de Bolsonaro em defesa da ditadura era ignorado e chamado de irreverente e irrelevante. “Agora, entretanto, as ideias de Bolsonaro assumiram o centro do debate, com ele (…) liderando a disputa para ser o próximo presidente do Brasil após a prisão do seu adversário e principal rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, diz o jornal.

Um símbolo disso, argumenta o texto, foi um encontro recente do pré-candidato com o embaixador britânico no Brasil.

O “Guardian” cita o editor-chefe da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter, que tem acompanhado a candidatura do “Trump brasileiro” e a compara com a do original.

“Donald Trump se elegeu dizendo que a criminalidade nas cidades dos EUA estava fora do controle, que a economia estava um desastre e que toda a classe política era corrupta… Todas essas três coisas são inquestionavelmente verdadeiras no Brasil. Então, se Trump conseguiu se eleger, imagine o que é possível em um país como o Brasil agora”, disse Winter.

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Para editor de revista americana, Lula será candidato à Presidência em 2018 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/01/19/para-editor-de-revista-americana-lula-sera-candidato-a-presidencia-em-2018/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/01/19/para-editor-de-revista-americana-lula-sera-candidato-a-presidencia-em-2018/#respond Fri, 19 Jan 2018 15:22:30 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4186

Para editor de revista americana, Lula será candidato à Presidência

Se o Brasil mantiver sua tradição política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguirá ser candidato na eleição presidencial de outubro de 2018. A avaliação é de Brian Winter, editor da revista “Americas Quarterly” e atento analista da política brasileira.

Em um texto publicado no site da revista nesta semana, Winter explica “Por que eu acredito que Lula vai ser um candidato em outubro”.

Winter traça a história de como ele se mudou para o Brasil e começou a estudar a política do país, em 2004. Ele narra suas entrevistas com Fernando Henrique Cardoso (a quem ajudou a escrever uma biografia em inglês), e a descoberta de que a política do país é avessa a grandes confrontos.

“O Brasil havia passado de uma monarquia para uma república, para uma democracia, para uma ditadura e de volta a um governo civil. Mas durante todo o processo nunca houve uma ruptura real. Revoluções foram frequentes, mas normalmente sem derramamento de sangue e com poucas consequências duradouras. O mesmo grupo de pessoas, de maneira geral, continuou controlando o país, muitas vezes passando dinheiro e influência de uma geração para a outra”, diz Winter.

O editor diz que o lema político do Brasil é aceitar concessões por medo de grandes confrontos. “Esta tradição ajudou a nação a evitar episódios traumáticos que dividiram os países vizinhos”, diz.

Esta propensão a evitar confrontos é o que ele acha que vai evitar a condenação imediata de Lula e a proibição da sua candidatura à Presidência. “Brasília continua sendo um lugar em que juízes regularmente socializam com senadores e às vezes com o presidente, e muitas pessoas poderosas falam de forma privada em estabilidade e reconciliação.”

Segundo Winter, é possível que a questão não seja resolvida em definitivo na próxima semana, e que a disputa legal continue até a eleição, permitindo a candidatura.

“Para mim, tudo indica que Lula de alguma forma vai poder concorrer em outubro”, diz.

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