Wall Street Journal diz que Bolsonaro foi o maior vencedor do mundo em 2018
Daniel Buarque
08/01/2019 09h50
O presidente Jair Bolsonaro foi o maior vencedor de 2018 em todo o mundo, segundo um artigo de opinião publicado pelo jornal de economia The Wall Street Journal nesta semana.
O novo governante do Brasil foi indicado como o primeiro lugar de uma lista que também inclui outros políticos controversos como o ministro do Interior da Itália Matteo Salvini, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed e o ditador sírio Bashar al-Assad.
Segundo a publicação, "2018 foi um ano inquietante" em todo o mundo, e um movimento contrário ao mercado ganhou força em muitos países. Mesmo num ambiente complicado, os cinco nomes listados foram os que conseguiram alcançar importantes conquistas políticas.
"O maior vencedor de 2018 é o presidente mais improvável de um grande país nos tempos modernos", diz a publicação a respeito de Bolsonaro.
Apesar de vê-lo como vitorioso, o artigo descreve o novo presidente do Brasil como "uma figura ainda mais polêmica do que Donald Trump", capaz de elogiar torturadores e de insultar grosseiramente mulheres, minorias sexuais e negros. Ainda assim, explica, ele ganhou a eleição levado por "um colapso econômico, uma onda de criminalidade nacional e o pior escândalo de corrupção na história do Brasil".
"Bolsonaro retirou a candidatura de seu antecessor para sediar a próxima rodada de negociações climáticas globais, retirou as referências a questões LGBT do ministério de direitos humanos do país, rebaixou as reivindicações das populações indígenas, enviou soldados para áreas de alta criminalidade e anunciou planos para se mudar a Embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, deixando claro que ele pretende governar como ele fez campanha", diz o artigo.
O texto é assinado pelo colunista do jornal e professor de Relações Internacionais no Bard College Walter Russell Mead. Segundo ele, investidores estrangeiros esperam que Bolsonaro torne a economia brasileira mais aberta e reforme o sistema previdenciário, mas será difícil lidar com interesses especiais entrincheirados no país.
O Wall Street Journal já havia sido uma das poucas publicações internacionais relevantes e de grande porte a adotar um tom menos crítico à campanha de Bolsonaro antes das eleições presidenciais do ano passado. Enquanto a ampla maioria dos veículos da imprensa estrangeira trataram a vitória de Bolsonaro como uma ameaça para a democracia do Brasil, o WSJ publicou um editorial que poderia ser interpretado como positivo, alegando que a candidatura dele trata de "drenar o pântano", expressão usada por Trump em 2016 como crítica ao sistema político.
Sobre o Autor
Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem da rádio CBN em São Paulo.
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