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Mídia financeira internacional busca 'salvador' para a economia brasileira

Daniel Buarque

17/08/2018 07h53

"Quem pode salvar a economia brasileira?"

A pergunta está no título de uma análise publicada pela revista "Forbes" e pode ser lida nas entrelinhas de um artigo de opinião publicado pelo jornal de economia "Financial Times". Enquanto a campanha eleitoral brasileira dá seus passos iniciais, a imprensa financeira do resto do mundo avalia a situação do país e a busca por um presidente "salvador" para sua economia.

O artigo do "FT" avalia a candidatura de Jair Bolsonaro e compara o Brasil à Turquia, que tem um presidente com tendências autoritárias e enfrenta uma grave crise econômica.

Apesar de defender que o país precisa de uma política econômica baseada em "amor duro", com redução da dívida pública, como a defendida por Paulo Guedes, coordenador o programa econômico de Bolsonaro, o jornal alega que ele dificilmente conseguiria apoio para realizar suas promessas. "É fácil imaginar um governo Bolsonaro pressionado, incapaz de executar suas políticas econômicas", diz.

Na semana passada, a revista "The Economist" já havia publicado uma análise crítica sobre a candidatura de Bolsonaro. Segundo a publicação, ele seria um presidente "desastroso".

Segundo o "FT", "muitos investidores vão torcer para os brasileiros elegerem um presidente que tem a capacidade de persuadir o Congresso a aprovar grandes reformas e a convicção de levá-las adiante", complementa, sem indicar o "salvador". "Quem pode ser ele entre os muitos outros candidatos disputando as eleições é uma questão a ser debatida."

A "Forbes", entretanto, nomeia mais diretamente quem os investidores acham que pode salvar a economia brasileira: "Geraldo Alckmin", diz. O candidato do PSDB é apontado pela revista como o favorito do mercado desde o ano passado. O artigo mais recente admite, entretanto, que Alckmin ainda não tem força eleitoral, segundo as pesquisas.

Em um balanço dos problemas financeiros do país às vésperas da eleição, o artigo é pessimista quanto à probabilidade de o próximo governo aprovar reformas e diz que problemas no mercado internacional podem atrapalhar a recuperação do Brasil.

Em meio a tantos problemas, a "Forbes" vê apenas um "herói" na economia do país: o Banco Central e a manutenção da sua política monetária.

Uma outra abordagem que também pode ser lida como a busca do "salvador" da economia brasileira, o "Wall Street Journal" defende a política econômica do atual presidente, Michel Temer.

Segundo o jornal, Temer "já foi chamado de golpista, acusado de corrupção e é altamente impopular entre os eleitores. Mas enquanto ele se prepara para deixar a política após as eleições, muitos economistas o dão crédito por domar a alta inflação do país, retomar o investimento privado com políticas favoráveis ao mercado e retirar o país da sua profunda recessão", diz.

Entre os cenários analisados pelas principais publicações que analisam as perspectivas econômicas de um próximo governo brasileiro, Alckmin e Bolsonaro são os candidatos mais analisados. A ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou do chamado "plano B" do PT é notável.

A "Forbes" até diz que Lula foi o "último salvador" da economia brasileira, governando durante anos de crescimento. Nenhuma das publicações desta semana, entretanto, avalia mais detalhadamente qual poderia ser o impacto de um novo governo do PT para a economia. Ciro Gomes e Marina Silva também não tiveram propostas muito analisadas no resto do mundo nesta primeira semana de campanha.

Até outubro, as propostas dos candidatos presidenciais para a economia brasileira e as possibilidades reais que eles têm de implementar as reformas pedidas pelo mercado internacional devem ser o principal foco dessas publicações financeiras do resto do mundo. O clima geral da cobertura inicial da campanha, entretanto, parece ser de grande pessimismo.

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Sobre o Autor

Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem da rádio CBN em São Paulo.

Sobre o Blog

O Brasil é citado mais de 200 vezes por dia na mídia internacional. Essas reportagens e análises estrangeiras ajudam a formar o pensamento do resto do mundo a respeito do país, que tem se tornado mais conhecido e se consolidado como um ator global importante. Este blog busca compreender a imagem internacional do Brasil e a importância da reputação global do país a partir o monitoramento de tudo o que se fala sobre ele no resto do mundo, seja na mídia, na academia ou mesmo e conversas na rua. Notícias, comentários, análises, entrevistas e reportagens sobre o Brasil visto de fora.

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