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'Washington Post' compara propostas de Trump a 'populismo' de Dilma

Daniel Buarque

22/11/2016 11h02

'Washington Post' compara Trump a 'populismo' de Dilma Rousseff

Diferente do que se vê na política tradicional, a plataforma política do presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump surpreende os americanos e tem poucos paralelos no mundo, diz uma reportagem do jornal "Washington Post". Se alguém fez algo parecido, avalia, foi a presidente brasileira Dilma Rousseff, que sofreu impeachment neste ano.

"Mais do que a plataforma de qualquer político americano, a agenda de Trump para a economia se parece com a de líderes populistas no exterior. Em particular, as políticas que ele propôs são muito similares às de Dilma Rousseff", diz o jornal.

"Assim como Trump planejou fazer, Dilma aumentou as restrições a importações. Ela prometeu novos gastos em infraestrutura e garantiu subsídios generosos para empresas com o objetivo de estimular a economia, especialmente a indústria", completa.

O jornal entrevistou o cientista político e brasilianista Riordan Roett, que concordou com a comparação. "São programas muito similares", disse.

A publicação alerta que a atual crise no Brasil deve servir como exemplo dos riscos nos quais os Estados Unidos vão embarcar a partir do governo Trump.

Segundo a economista monica de Bolle, também citada pela publicação, é muito arriscado criar a "combinação de protecionismo e expansão fiscal", como Dilma fez e Trump propõe.

Após o crescimento econômico sob Lula, Dilma deu continuidade a algumas políticas e expandiu outras. "Seu governo continuou ampliando o crédito barato a grandes empresas brasileiras via o banco estatal de desenvolvimento. Esses subsídios custosos, combinados com outros créditos, contribuíram para o aumento do déficit", diz.

"O fato é que o governo Dilma foi muito mais generoso para os ricos do que para os pobres", diz de Bolle ao jornal, comparando-a ao presidente eleito dos EUA.

A publicação ressalta, entretanto, que os Estados Unidos têm uma economia mais forte e diversificada do que a brasileira, então os EUA podem resistir mais a uma recessão grave. Mesmo assim, alerta que o aumento de gastos pode elevar a inflação no país.

A avaliação menos pessimista ecoa o que o brasilianista Roett disse em entrevista a este blog Brasilianismo em maio no ano passado. Em meio a uma grave crise política e econômica no país, Roett avaliava que país já demonstrou historicamente que é um paciente resistente, que aguenta forte as aflições da sua política e economia.

Se tudo parece muito ruim, ele se diz ainda otimista com o Brasil e a solidez das suas instituições. "O momento atual é de descer ladeira abaixo, mas eu conheço o Brasil há muitas décadas, e o país sempre se levanta depois de crises assim. O Brasil sempre sobrevive."

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Sobre o Autor

Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem da rádio CBN em São Paulo.

Sobre o Blog

O Brasil é citado mais de 200 vezes por dia na mídia internacional. Essas reportagens e análises estrangeiras ajudam a formar o pensamento do resto do mundo a respeito do país, que tem se tornado mais conhecido e se consolidado como um ator global importante. Este blog busca compreender a imagem internacional do Brasil e a importância da reputação global do país a partir o monitoramento de tudo o que se fala sobre ele no resto do mundo, seja na mídia, na academia ou mesmo e conversas na rua. Notícias, comentários, análises, entrevistas e reportagens sobre o Brasil visto de fora.

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