‘The Nation’ – Brasilianismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Mariana piorou imagem de Dilma no mundo; Brumadinho testa a de Bolsonaro http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/01/30/mariana-piorou-imagem-de-dilma-no-mundo-brumadinho-testa-a-de-bolsonaro/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/01/30/mariana-piorou-imagem-de-dilma-no-mundo-brumadinho-testa-a-de-bolsonaro/#respond Wed, 30 Jan 2019 12:01:03 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5160

As toneladas de lama tóxica derramadas pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, em 2015, tiveram um efeito que foi além da tragédia humana e ambiental –uma das piores da história. O caso expôs ao mundo com holofotes mais fortes os problemas políticos enfrentados pelo país, que já estava mergulhado em uma profunda crise econômica e via a pressão crescer contra o governo. As intensas críticas à resposta da então presidente Dilma Rousseff ao caso serviram para piorar ainda mais sua imagem internacional, que já estava abalada.

O caso de 2015 foi um dos assuntos relacionados ao Brasil com maior evidência global naquele ano, se juntando ao panorama de turbulências políticas e econômicas que já haviam levado a revista The Economist a colocar em sua capa a ideia do Brasil afundando na lama de um atoleiro.

A falta de ação do governo mostrou que o Brasil não tinha líder, argumentava um artigo publicado pelo site de opinião da agência de notícias de economia Bloomberg. “Sabemos o que deu errado depois do desastre. A resposta do governo federal ao fiasco, ou a falta de resposta, é um caso de estudo sobre o que não fazer. Por dias, enquanto equipes de resgate buscavam sobreviventes, as autoridades do governo do Brasil não disseram quase nada”, dizia o texto do colunista Mac Margolis.

As imagens após o rompimento da barragem serviam como uma analogia à ideia de que o próprio governo estava mergulhado em lama tóxica, segundo uma análise publicada à época na revista norte-americana The Nation. Para a publicação, historicamente ligada à esquerda global, as cenas do rio de lama tóxica ilustravam o capítulo final na história da ascensão e queda do PT no poder do Brasil.

O tom geral adotado pela mídia estrangeira sobre o caso era de que o rompimento da barragem poderia ter sido evitado, que a busca pelos responsáveis precisava ser levada adiante de forma eficiente, mas que a resposta do governo foi caótica.

Pouco mais de três anos depois, o novo desastre com uma barragem da Vale, em Brumadinho, o tom inicial de analistas fora do Brasil é de que o país não aprendeu a lição com a tragédia anterior, e foi incapaz de evitar um novo desastre. Apesar de haver um posicionamento crítico contra a Vale, a repetição de problemas com a mineração põe em xeque a política brasileira de licenciamento ambiental e fiscalização de mineradoras.

Mas isso não significou uma crítica imediata ao novo governo, empossado menos de um mês antes. O caso tem sido analisado externamente desde o começo por seu possível impacto político, ainda assim, e a tragédia tem sido avaliada como o primeiro grande teste do presidente Jair Bolsonaro.

“Esta vai ser a primeira oportunidade real de saber como vai ser o governo de Bolsonaro”, disse a cientista política americana Kathryn Hochstetler, professora de desenvolvimento internacional da London School of Economics, em entrevista ao blog Brasilianismo.

A ideia apareceu em várias das centenas de reportagens publicadas pela imprensa estrangeira a respeito da tragédia, com grande atenção à reação do governo. Isso se dá especialmente por conta do tom já muito crítico adotado na imprensa internacional em relação a ele, e por causa das declarações de Bolsonaro durante a campanha e após sua eleição a respeito de regulamentações ambientais. Em dezembro, o então presidente eleito declarou que pretendia revogar regulamentações em todos os setores do país. “Só servem para arrecadação e entraves de desenvolvimento, sem nenhum retorno prático ao cidadão”, afirmou.

O Financial Times alega que o desastre vai criar uma oposição mais forte a esta agenda contra regulamentação defendida antes por Bolsonaro.

“Para Bolsonaro, que sobrevoou a zona do desastre apenas 24 horas depois de voltar do Fórum Econômico Mundial, o acidente proporcionou um teste inicial de liderança. A raiva popular complicará os planos que ele divulgou em Davos para melhorar o clima de negócios do país ao reduzir a burocracia e privatizar as empresas estatais. (…) Acima de tudo, o presidente enfrentará um desafio mais duro para alcançar as ambições que ele sugeriu durante a campanha presidencial do ano passado para liberar todo o potencial de mineração do país, relaxando as salvaguardas ambientais e permitindo mais operações na floresta amazônica”, diz o jornal de economia.

Apesar de ainda não haver uma análise externa mais detalhada da reação do governo ao caso de Brumadinho, a imprensa internacional deu bastante destaque à prisão de três funcionários da Vale diretamente envolvidos e responsáveis pela mina e seu licenciamento, o que indica uma atenção maior no Brasil à busca por responsáveis –mas não é diretamente ligado à atuação do presidente.

“Sabemos o que ele disse durante a campanha, defendendo a aceleração do licenciamento, e sabemos que logo no começo do governo ele tomou medidas que reduziram as proteções ambientais, mas acho que a tragédia de Brumadinho vai ser o evento mais informativo para sabermos como ele vai governar, e saber se ele consegue aprender com as lições de um caso assim. Acho difícil que alguém possa ver este episódio e achar que está tudo bem. Ele parece estar levando o caso muito a sério, e foi à região imediatamente. Não sei o que ele vai fazer, mas acho que o comportamento dele vai nos dizer muito sobre como vai ser seu governo”, avaliou Hochstetler.

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Pesquisador americano critica condenação de Lula e chama provas de frágeis http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2017/08/11/pesquisador-americano-critica-condenacao-de-lula-e-chama-provas-de-frageis/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2017/08/11/pesquisador-americano-critica-condenacao-de-lula-e-chama-provas-de-frageis/#respond Fri, 11 Aug 2017 14:29:30 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=3751

Pesquisador americano critica condenação de Lula e chama provas de frágeis

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado por corrupção com base em provas inconsistentes, frágeis, segundo o codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington (EUA), Mark Weisbrot.

Em um artigo publicado na revista americana “The Nation”, Weisbrot criticou a condenação de Lula e o que ele vê como perseguição política a políticos de esquerda.

“Lula e seu Partido dos Trabalhadores são uma afronta à elite tradicional do país –que por sua vez está mergulhada na corrupção– então eles querem destruí-lo usando o meio que for necessário”, avalia Weisbrot, que é também presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa.

Alinhado à esquerda, Weisbrot é um dos principais críticos no exterior do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff – que disse considerar um golpe de Estado. Segundo ele, o processo contra Lula se baseia em depoimentos sem provas, o que não deveria ser suficiente para condená-lo.

O pesquisador ainda critica o trabalho do juiz Sergio Moro, que “foi pego várias vezes com seus dedos na balança da Justiça no caso de Lula”, diz.

“Quando a elite ostensivamente corrupta do Brasil realizou um golpe para se livrar da presidente eleita, Dilma Rousseff, no ano passado, causou grande impacto na democracia do país”, defende.

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Greg Grandin: Postura de Obama em impeachment antecipou ascensão de Trump http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/11/23/greg-grandin-postura-de-obama-em-impeachment-antecipou-ascensao-de-trump/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/11/23/greg-grandin-postura-de-obama-em-impeachment-antecipou-ascensao-de-trump/#respond Wed, 23 Nov 2016 09:14:55 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=2846 Greg Grandin: Postura de Obama sobre impeachment antecipou ascensão de Trump

Greg Grandin: Postura de Obama sobre impeachment antecipou ascensão de Trump

A forma como o governo de Barack Obama, nos EUA, lidou com a derrubada de três governos de esquerda na América Latina (Honduras, Paraguai e o impeachment de Dilma Rousseff no Brasil) antecipou o discurso que ele agora precisa assumir ao ver a vitória do republicano Donald Trump para sucedê-lo na Presidência norte-americana.

Segundo artigo do historiador norte-americano Greg Grandin, professor da New York University, na revista “The Nation”, o fato de Obama não ter denunciado o que chama de “golpe” no Brasil e nesses outros países acabou servindo de exemplo para a forma como ele agora aceita a derrota nos EUA.

“A ironia é amarga. Depois de ajudar a normalizar a transição autoritária neoliberal no exterior, Obama, nas últimas semanas da sua Presidência, agora se encontra fazendo o mesmo em casa. Os termos usados para descrever a aproximação da Presidência de Trump são exatamente os mesmos que o Departamento de Estado usou para acatar o golpe no Brasil: a resiliência das instituições democráticas… a necessidade de aceitar os altos e baixos da competição eleitoral… a lei… e por aí vai”, explica.

Para Grandin, assim como não houve vontade democrática na derrubada de governos pela América Latina, o mesmo acontece nos EUA, considerando que Hillary Clinton foi derrotada no Colégio Eleitoral mesmo tendo mais votos nacionalmente do que o presidente eleito.

Grandin ressalta ainda o que chama de “segunda ironia”. O fato de que os governos de centro direita que assumiram o poder na América Latina durante o governo de Obama preferiam que Hillary tivesse vencido as eleições nos EUA, e agora vão ter que lidar com o governo de Trump.

O historiador Grandin conhece bem o Brasil. Ele é autor do livro “Fordlândia”, sobre uma cidade-utopia que o empresário norte-americano Henry Ford tentou construir na Amazônia no início do século XX. Ele foi um dos entrevistados para o livro “Brazil, um país do presente”, e ajudou a traçar a imagem que os norte-americanos têm da Amazônia brasileira.

Ideologicamente ligado à esquerda, Grandin escreve esporadicamente sobre o na revista “The Nation”. Em um texto publicao após o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência, ele publicou um artigo chamando o impeachment de “golpe escravagista”.

“A retirada de Dilma pode ser chamada de muitas coisas, entre elas um golpe midiático e um golpe constitucional. Pelo menos em parte, é também um golpe escravagista”, dizia.

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Deu na ‘Nation’: Ameaçado, PT está mergulhado em toneladas de lama tóxica http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/01/06/deu-na-nation-ameacado-pt-esta-mergulhado-em-toneladas-de-lama-toxica/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/01/06/deu-na-nation-ameacado-pt-esta-mergulhado-em-toneladas-de-lama-toxica/#respond Wed, 06 Jan 2016 14:47:58 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=1392 Reportagem da 'Nation' questiona possível futuro do PT

Reportagem da ‘Nation’ questiona possível futuro do PT

As imagens do rompimento da barragem da Samarco em Mariana foram tão fortes que podem marcar até mesmo a história política do país. Segundo uma análise publicada na revista norte-americana “The Nation”, as cenas do rio de lama tóxica em Minas Gerais podem ilustrar o capítulo final na história da ascensão e queda do PT no poder do Brasil.

“Eleito em 2002 em meio a um otimismo sem limites, o PT agora está mergulhado no equivalente político de um milhão de toneladas de lama tóxica”, diz o texto assinado pelo correspondente Andy Robinson, que questiona: “O Partido dos Trabalhadores pode sobreviver?”.

A crítica soa ainda mais relevante por se tratar de uma revista que tem uma ligação histórica com o pensamento de esquerda. E a reportagem deixa claro que os problemas do partido estão ligadas a uma postura pouco ligada à esquerda no atual governo.

“A presidente Dilma Rousseff está enfrentando um processo de impeachment, uma economia que se afunda – e ativistas das bases do partido estão furiosos com suas políticas de austeridade e a estretégia de desenvolvimento que favorece grandes empresas”, diz o texto.

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