Rio de Janeiro – Brasilianismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Após apoiar Bolsonaro, WSJ diz que pobres sofrem com guerra ao crime no Rio http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/10/10/apos-apoiar-bolsonaro-wsj-diz-que-pobres-sofrem-com-guerra-ao-crime-no-rio/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/10/10/apos-apoiar-bolsonaro-wsj-diz-que-pobres-sofrem-com-guerra-ao-crime-no-rio/#respond Thu, 10 Oct 2019 08:59:18 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5945

Único dos grandes veículos da imprensa internacional a defender abertamente o presidente Jair Bolsonaro em apoio a sua agenda econômica, o jornal americano The Wall Street Journal publicou nesta semana uma reportagem crítica às políticas de segurança do Brasil e do Rio de Janeiro. Segundo a publicação, a guerra ao crime defendida pelo presidente e pelo governador Wilson Witzel afeta especialmente a população pobre do Rio.

O jornal de economia destaca especialmente que recentes mortes de crianças levaram moradores de favelas a contestar afirmações da polícia e dos políticos sobre o combate ao crime. “Ao longo de nove meses no novo governo, operações policiais violentas aprofundaram um sentimento de abandono e desconfiança nas comunidades pobres”, diz o WSJ.

Segundo a reportagem, “desde que assumiram os cargos em 1º de janeiro, Bolsonaro, que era capitão do exército, e Witzel, ex-fuzileiro naval, incentivaram a polícia a matar criminosos armados”. Entretanto, explica o jornal, moradores de favela “dizem que as declarações de Witzel deram à polícia mais confiança para atirar em suspeitos sem medo de represálias disciplinares”.

“A polícia do estado do Rio matou 1.249 pessoas de janeiro a agosto –quase um terço de todos os assassinatos. Os homicídios caíram 21,5% até agosto, enquanto as mortes causadas pela polícia aumentaram 16%”.

O tom crítico da reportagem é especialmente surpreendente porque o Wall Street Journal se consolidou desde antes das eleições como uma publicação mais favorável a Bolsonaro. O jornal chegou a apontar o presidente brasileiro como o “maior vencedor” do mundo em 2018.

Em reportagens, editoriais e artigos, o jornal questionou críticas internacionais, defendeu o que chamou de “revolução do mercado” em medidas econômicas e apoiou argumentos do governo até mesmo durante o pior momento da crise de imagem do Brasil por conta dos incêndios na Amazônia.

Ao falar de segurança pública, entretanto, a reportagem mostra uma visão diferente do que está acontecendo no Brasil. Segundo o jornal, por mais que o governo e seus apoiadores argumentem que a redução dos homicídios é resultado dessa ação da polícia, pesquisas negam essa associação.

“Um estudo dos promotores públicos do Rio mostrou não haver correlação entre um número crescente de mortes causadas por policiais e a redução de homicídios. Alguns pesquisadores do crime atribuíram a queda a uma trégua nas guerras entre gangues e ao investimento no trabalho de inteligência policial.”

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Mortes de crianças dão rosto a imagem de violência inexplicável no Brasil http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/09/23/mortes-de-criancas-dao-rosto-a-imagem-de-violencia-inexplicavel-no-brasil/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/09/23/mortes-de-criancas-dao-rosto-a-imagem-de-violencia-inexplicavel-no-brasil/#respond Mon, 23 Sep 2019 08:06:07 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5895
Os protestos contra a morte da menina Ágatha Félix, baleada na sexta (20) no Rio ganharam destaque internacional. Vários jornais estrangeiros publicaram ao longo do fim de semana relatos sobre a morte de Ágatha e sobre as manifestações em comunidades.

“Menina é baleada durante operação policial enquanto estava dentro de minivan com sua avó”, destaca reportagem da rede britânica Sky News.

“Centenas se reúnem no Rio de Janeiro para protestar depois de uma criança ser morta por uma bala perdida durante uma operação policial”, diz o site da rede árabe Al Jazeera, em inglês.

A fotografia de Ágatha vestida de Mulher Maravilha ganhou destaque em publicações como o jornal britânico The Guardian. O jornal destacou também o fato de os manifestantes responsabilizarem o governador do Rio pela morte.

Muitos dos veículos do resto do mundo também destacaram a informação de que Ágatha foi a quinta criança morta por bala perdida este ano no Rio e 57ª desde 2007. Imagens assim, ao longo de muitos anos, dão rosto à reputação internacional cada vez maior que o Brasil vem consolidando de ser um lugar violento e sem segurança. Os exemplos mostram ainda o quão complexa é a questão da segurança pública do Brasil, e a impossibilidade de explicar o que leva a uma situação em que crianças se tornam alvos.

Em várias pesquisas recentes realizadas no resto do mundo tem sido comum ver a violência aparecendo ao lado de estereótipos consagrados da imagem do país no exterior, como praias, carnaval e futebol. Casos de mortes de crianças em operações policiais tornam essa violência ainda mais visível, e mostram que há problemas na criminalidade e mesmo na forma como ela é combatida.

A morte de Ágatha não foi a primeira a fazer isso. Em um outro caso recente de grande destaque internacional, em 2015, a morte de Eduardo de Jesus, de apenas 10 anos de idade, com um tiro de fuzil disparado pela polícia no Complexo do Alemão também reforçou essa percepção sobre o Brasil.

Na época, o pesquisador brasileiro Vinicius Mariano de Carvalho, professor do Instituto Brasil do King’s College de Londres, comentou o quanto era difícil tratar desse tipo de caso com estrangeiros.

“O caso da criança morta não é explicável”, disse então, em entrevista ao Blog Brasilianismo.

“A percepção que temos da violência no Brasil é contaminada pelo uso constante de violência pelo Estado e pela população”, disse.

Segundo o pesquisador, falta no Brasil uma mentalidade de segurança pública que veja os moradores da cidade como cidadãos, e não como forças adversas. “Só acho que vai haver modificação se os atores locais, cidadãos das comunidades, passarem a ter uma voz mais ativa no processo de segurança pública.”

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Censura de Crivella é tiro que saiu pela culatra, diz imprensa estrangeira http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/09/08/censura-de-crivella-e-tiro-que-saiu-pela-culatra-diz-imprensa-estrangeira/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/09/08/censura-de-crivella-e-tiro-que-saiu-pela-culatra-diz-imprensa-estrangeira/#respond Sun, 08 Sep 2019 07:18:55 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5859

A tentativa do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, de censurar uma cena de beijo entre dois homens em uma história em quadrinhos ajudou a tornar a imagem em uma das mais vistas no país.

“A censura saiu pela culatra”, diz uma reportagem publicada no site americano de notícias de entretenimento Screen Rant. A publicação destaca que a imagem passou a ser espalhada por redes sociais e também ilustrou a capa da Folha de S.Paulo.

“Crivella, um bispo evangélico antes de assumir o cargo de prefeito do Rio, queria enviar uma mensagem censurando cópias do beijo da Marvel Comics por seu conteúdo ‘inadequado’ para crianças e famílias. Mas a Justiça, e agora a primeira página do maior jornal do país, tornaram o romance dos Jovens Vingadores histórico”, diz o Screen Rant.

O caso da tentativa de censura na Bienal do Rio ganhou repercussão internacional, com cobertura sobre o pedido do prefeito, discussões sobre homofobia no Brasil e tentativa de acompanhar o noticiário relacionado às decisões jurídicas ligadas a ele.

A tentativa de censura também teve espaço no jornal americano The New York Times. Segundo a publicação, “o ataque também provocou muita reação contra o prefeito –de organizadores de festivais, editoras, comediantes e, finalmente, as cortes brasileiras”, diz.

O tom usado pelo jornal também mostra a inversão de prioridades políticas em uma cidade que enfrenta sérios problemas. “A ordem de Crivella também serviu para lembrar jornais e emissoras de TV locais de outras coisas que o prefeito poderia estar fazendo, como combater a pobreza. A taxa de desemprego local atingiu 15,3% no primeiro trimestre deste ano”, diz.

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Sequestro tem destaque internacional e piora imagem de violência do Brasil http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/21/sequestro-tem-destaque-internacional-e-piora-imagem-de-violencia-do-brasil/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/21/sequestro-tem-destaque-internacional-e-piora-imagem-de-violencia-do-brasil/#respond Wed, 21 Aug 2019 08:54:47 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5740

A rede de TV americana CNN inseriu em sua programação de terça-feira entradas ao vivo e urgentes do Rio de Janeiro. “Breaking News”, destacava o canal de notícias para falar sobre o sequestro do ônibus na ponte Rio-Niterói e, em seguida, sobre a morte do sequestrador.

A notícia teve grande destaque internacional, mas foi publicada quase sempre de forma superficial e puramente noticiosa, sem uma discussão mais detalhada sobre o caso ou a questão da violência urbana no Rio de Janeiro.

Em quase todos os veículos estrangeiros, o caso foi noticiado com informações básicas de agências internacionais e reprodução de informações da mídia local.

O jornal britânico The Guardian foi um dos que explicou um pouco melhor o contexto do caso –discutindo de forma crítica as ações policiais registradas no Rio desde o início do ano.

“Embora o número de assassinatos no Rio tenha caído drasticamente nos últimos meses, a polícia da cidade matou 15% a mais pessoas neste ano em comparação com o mesmo período de 2018. Um total de 881 pessoas, ou quase cinco por dia, morreu no mãos da polícia entre janeiro e junho, colocando 2019 no caminho para o maior número desde que os registros começaram em 2003.”

A agência de notícias Associated Press também complementou a notícia com o contexto político do caso.

“O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, deu um soco no ar em triunfo ao chegar à ponte em um helicóptero depois que o seqüestrador foi morto. Mais tarde, ele elogiou a polícia, dizendo que a situação dos reféns era de alto risco, mas que os criminosos armados estão regularmente ‘aterrorizando’ as pessoas fora da vista da maioria dos brasileiros. Qualquer criminoso com uma arma de fogo ‘pode e deve ser abatido por um atirador de elite’, disse Witzel, rejeitando as preocupações de que os assassinatos por policiais de suspeitos no Rio estejam aumentando”, relatou a AP, em texto publicado por veículos como a revista Time.

A grande visibilidade de mais um caso de violência em todo o mundo ajuda a reforçar uma imagem negativa do Brasil e do Rio de Janeiro –muito associada à violência.

Em uma entrevista recente com um executivo russo que realizou trabalhos no Brasil (parte de uma pesquisa ampla sobre a imagem do país), ele comentou sobre o quanto a questão da violência era repetida a todos os estrangeiros que visitavam o país. “Nunca aconteceu nada comigo, mas recebíamos muitas recomendações para tomar cuidado”, disse.

A mídia estrangeira publica com frequência os números de violência no Brasil, criando uma percepção externa de grande risco no país. Casos como o do sequestro se juntam a relatos frequentes de violência urbana e notícias mais críticas sobre aumento da letalidade policial nos últimos meses.

“No Rio, muitos usam aplicativos especializados para navegar com segurança através dos combates diários entre policiais, gangues de traficantes e milícias de vigilantes formados por atuais e ex-policiais”, descreve a reportagem do Guardian.

A falta de uma contextualização maior ou de uma discussão sobre o caso na imprensa internacional mostra a normalidade com que a violência é percebida no exterior. Isso piora a imagem já abalada do país.

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Le Monde descreve genocídio nas favelas do Rio e responsabiliza governador http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/06/04/governador-do-rio-e-responsavel-por-genocidio-nas-favelas-diz-le-monde/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/06/04/governador-do-rio-e-responsavel-por-genocidio-nas-favelas-diz-le-monde/#respond Tue, 04 Jun 2019 10:29:53 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5557

O Rio de Janeiro vive neste ano o pior momento da violência policial em sua história recente, diz uma reportagem publicada pelo jornal francês Le Monde, que fala em “genocídio” nas favelas do Estado.

Segundo a publicação, a origem do aumento dessa violência está na atuação do governador Wilson Witzel, que assumiu o poder no início do ano e “encoraja abertamente os policiais a atirar na cabeça dos traficantes”, diz a reportagem.

“O discurso da campanha se tornou uma realidade. Desde janeiro, os moradores “caem” na favela de Manguinhos, mesmo quando não há operações policiais em andamento”, diz o Monde, citando relatos de testemunhas sobre atividade de atiradores de elite em torres nas favelas.

“O termo ‘genocídio’ é usado no Rio porque os assassinatos da polícia afetam, em sua grande maioria, a mesma categoria da população: homens jovens, negros e habitantes das favelas”, diz o jornal.

O aumento da violência já foi denunciado à ONU, relata o jornal, como uma violação de direitos humanos. Mesmo assim, continua a reportagem, o governador argumenta que a queda no número de homicídios e de roubos servem para justificar sua política.

OUTRO LADO

Em nota enviada ao UOL, o governo do Estado do Rio de Janeiro rejeitou o título deste post e negou que o Monde tenha descrito um “genocídio” no Rio de Janeiro –por mais que o trecho da reportagem que descreve o que é chamado de “genocídio” seja texto do próprio jornal, e não uma declaração entre aspas no texto original em francês.

Leia abaixo a íntegra da nota do governo do Rio:

1) Ao contrário do que afirma o título da matéria veiculada nesta terça-feira (04/06) no UOL, o texto publicado no jornal Le Monde não “descreve genocídio nas favelas do Rio e responsabiliza o governador “. Segue o trecho da matéria que usa a palavra genocídio, já que o texto do Le Monde não foi reproduzido pelo Uol:

“‘Tanto para dizer que sempre podemos encontrar uma justificativa para um tiro pela polícia e assim continuar o que poderia ser descrito como genocídio’, considera o Partido Comunista Federal Comunista do Rio, Jandira Feghali. O termo ‘genocídio’ é usado no Rio porque os assassinatos da polícia afetam, em sua grande maioria, a mesma categoria da população: homens jovens, negros e habitantes das favelas.”

2) Não há, de forma alguma, nenhum tipo de “genocídio” na atual política de segurança no Estado do Rio de Janeiro. Essa afirmação é absurda, leviana, irresponsável e equivocada.
As premissas da política de segurança do governo do estado vão muito além do confronto e são: a independência das polícias Civil e Militar, o investimento em inteligência e equipamentos, a ampliação das investigações da lavagem de dinheiro, a agilidade na resposta penal e a eficiência do sistema penitenciário.

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Incêndio expõe má condição de vida de jovens jogadores, diz New York Times http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/02/08/incendio-expoe-ma-condicao-de-vida-de-jovens-jogadores-diz-new-york-times/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/02/08/incendio-expoe-ma-condicao-de-vida-de-jovens-jogadores-diz-new-york-times/#respond Fri, 08 Feb 2019 14:12:50 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5210 O incêndio que atingiu o Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro, deixando ao menos dez mortos rapidamente se tornou notícia internacional, com reportagens nos principais jornais do mundo. O caso se junta a uma série de notícias negativas na mídia estrangeira sobre o Brasil nas últimas semanas, incluindo a tragédia de Brumadinho e as chuvas que causaram destruição no Rio de Janeiro.

Agências de notícias e jornais como o New York Times e o Le Monde, bem como o site da rede de TV americana Fox News, foram os primeiros a noticiar o caso no resto do mundo. Eles relatam que o incêndio atingiu a ala mais velha do CT, que servia de alojamento para as categorias de base e recebia jogadores de 14 a 17 anos de idade. As vítimas estavam dormindo no momento do incêndio, o que teria contribuído para a tragédia. Segundo o Corpo de Bombeiros, além dos 10 mortos, o fogo deixou ao menos três feridos –um deles em estado grave.

Além de dar a notícia do incêndio, O jornal americano The New York Times diz que o caso expõe as más condições em que vivem jogadores de futebol no Brasil.

“A tragédia deve renovar o foco nas condições de vida de jovens jogadores de futebol brasileiros, muitos dos quais vêm de origens desprivilegiadas e moram em dormitórios como o Flamengo em todo o país”, diz a publicação.

O caso ganhou ainda mais visibilidade por conta da associação entre o futebol e a imagem do Brasil. Para muitos no exterior, o país e o esporte são quase sinônimos, então notícias relacionadas ao futebol costumam ganhar atenção no resto do mundo.

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Intervenção no Rio é criticada no exterior: ‘Exército não detém violência’ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/02/27/intervencao-no-rio-e-criticada-no-exterior-exercito-nao-detem-violencia/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/02/27/intervencao-no-rio-e-criticada-no-exterior-exercito-nao-detem-violencia/#respond Tue, 27 Feb 2018 08:14:08 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4308

Um artigo de um especialista em conflitos internacionais, terrorismo e criminalidade publicado na revista de relações internacionais “Charged Affairs” nesta semana aumentou o tom da crítica internacional à intervenção federal decretada pelo presidente Michel Temer no Rio de Janeiro. Segundo Michael Dworman, o Exército não vai conseguir parar a violência na cidade.

“O problema é a diferença fundamental entre missões militares e policiais. As forças militares são em grande parte treinadas para usar táticas pesadas para matar inimigos e dominar territórios. Pouco se concentra no envolvimento com a comunidade, na investigação de crimes, no fornecimento de proteção no longo prazo e no trabalho para prevenir os possíveis crimes. Em vez de diminuir a violência, os grandes confrontos entre forças militares e traficantes apenas colocam os civis em maior risco e aumentam o número de mortos”, avalia.

A crítica de Dworman se junta a outros artigos e análises publicados por influentes pesquisadores internacionais que avaliam a situação no Rio sob intervenção. O ponto central de críticas é a impossibilidade de as Forças Armadas alcançarem um objetivo de longo prazo, os riscos para a democracia, o aumento do autoritarismo e da militarização do país.

Antes dele, os pesquisadores Nicholas Barnes e Stephanie Savell, do Watson Institute for International and Public Affairs da Universidade Brown, nos EUA, criticaram o que veem como ameaça à democracia do país. Para eles, a medida do governo normaliza o autoritarismo nacionalmente.

De forma semelhante, logo após a intervenção ser anunciada, o acadêmico alemão Christoph Harig também apontou problemas na decisão do governo. Para ele, Temer passou a legitimar a militarização como solução para problemas sociais no Brasil.

A reação negativa no exterior teve início logo após o anúncio da intervenção. Antes mesmo de se debruçar com análises mais cuidadosas, a mídia estrangeira ressaltou o quanto uma intervenção federal com militares trouxe de volta lembranças da ditadura militar que governou o Brasil. Um outro ponto crítico foi o fato de muitos analistass fora do país verem na decisão do governo uma manobra para tentar dar popularidade a Temer e desviar a atenção do fracasso de passa a reforma da Previdência.

Outras críticas veem de instituições de defesa dos direitos humanos internacionalmente, como a ONG Human Rights Watch, que criticou o fato de que militares brasileiros não costumam responder por abusos em ações no país.

Enquanto isso, o instituto internacional de pesquisa sobre criminalidade e violência InSight Crime argumenta, no entanto, que somente a intervenção federal no Rio e a criação do novo Ministério da Segurança podem não ser suficientes e geram questões sobre o uso de recursos financeiros para lidar com essas questões de segurança.

“A economia brasileira tem sofrido há anos, e os cortes no orçamento atingiram os programas sociais, bem como o aparelho de segurança tanto no nível federal como no estadual. As limitações de recursos provavelmente continuarão a ser uma barreira para abordar questões fundamentais como a pobreza, o desemprego e a formação precária e a compensação da polícia civil”, diz a análise publicada em seu site.

Segundo Dworman, além dos riscos sociais e políticos para o Brasil, entretanto, um dos problemas centrais é que intervenções do tipo adotado no Rio não costumam funcionar.

“O Exército do Brasil tem uma longa história de se envolver em táticas abusivas. Utilizar os militares em uma função pouco familiar só aumenta a probabilidade de abusos dos direitos humanos serem infligidos à população. Em vez de fornecer segurança e aumentar a confiança da população na governança, esses métodos apenas levarão os marginalizados às mãos das quadrilhas que deveriam ser eliminadas. Como escrevi antes sobre esforços similares em El Salvador e em tentativas pelo México de usar o Exército para eliminar cartéis, os abusos pelos serviços de segurança só servem para perpetuar o ciclo de violência. Não há motivos para acreditar que o Brasil seja diferente.”

Para ele, o ideal seria o governo apostar em iniciativas de longo prazo para tentar resolver o problema da violência do Rio. “Idealmente, o governo se concentraria em financiar fortemente as forças policiais bem armadas, mas também treinadas para se envolver com as comunidades em que trabalham e utilizam vigorosamente a força. Em uma escala maior, o financiamento para proporcionar educação, empregos e serviços básicos para comunidades pobres ajudaria a tirar dos traficantes suas fontes de mão-de-obra e proteção. Estas são soluções de longo prazo para um problema complicado. No futuro próximo, é mais provável que a dinâmica de gangues dite a taxa de homicídios em vez de qualquer coisa que o governo possa implementar.”

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Imprensa estrangeira cita sombra da ditadura e manobra de Temer no Rio http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/02/16/imprensa-estrangeira-cita-sombra-da-ditadura-e-manobra-de-temer-no-rio/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/02/16/imprensa-estrangeira-cita-sombra-da-ditadura-e-manobra-de-temer-no-rio/#respond Fri, 16 Feb 2018 17:26:17 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4261

Reportagem do ‘Guardian’ sobre a intervenção no Rio

A cobertura da imprensa estrangeira a respeito da decisão do presidente Michel Temer de decretar intervenção na Segurança Pública do Rio de Janeiro evoca sombras do regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. A ditadura foi citada em praticamente todas as primeiras reportagens que trataram do tema na mídia internacional.

A reação inicial a respeito do decreto de Temer em outros países é mais relatorial, com poucas análises e pouco aprofundamento sobre o que isso representa para o país e para a democracia. O jornal britânico “The Guardian” cita insatisfação nas favelas e possíveis benefícios políticos para Temer, enquanto a agências de notícias falam sobre a pressão dos mercados pela aprovação de reformas no Brasil, o que deve ser deixado de lado temporariamente. Além disso, lembranças das sombras da ditadura ganharam destaque em quase todos os veículos.

“O Brasil voltou a ser uma democracia em 1985, depois de 21 anos de ditadura militar, e a intervenção continua sendo um tema sensível no país”, explica uma reportagem da agência de economia Bloomberg.

O “Guardian” ressalta que esta é a primeira vez que uma intervenção assim acontece desde 1988, quando uma nova Constituição deu fim à ditadura.

“Intervenção militar é um assunto pesado para muitos brasileiros, apesar de muitos na extrema direita cada vez mais apoiarem a volta de um governo militar”, diz o jornal inglês.

A agência Associated Press também lembrou o regime militar. “A decisão é significativa em termos simbólicos e práticos, para a maior nação da América Latina, onde muitos ainda lembram da brutal ditadura militar que governou entre 1964 e 1985”, diz a reportagem.

Além da ditadura, outro ponto frequente é a ideia de que Temer pode estar usando a medida para ganhar força politicamente.

“Muitos viram a decisão como uma forma de desviar a atenção dos problemas políticos” do governo, dia a AP.

“Há benefícios políticos para o presidente Temer, que apostou o sucesso do seu governo em medidas de austeridade para controlar o déficit brasileiro”, diz o “Guardian”.

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Tabloide inglês faz alerta após tiros de traficantes do Rio no réveillon http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/01/05/tabloide-ingles-faz-alerta-apos-tiros-de-traficantes-do-rio-no-reveillon/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/01/05/tabloide-ingles-faz-alerta-apos-tiros-de-traficantes-do-rio-no-reveillon/#respond Fri, 05 Jan 2018 10:15:43 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4139

Tabloide inglês faz alerta após tiros de traficantes do Rio no réveillon

A chamada publicada pelo tabloide inglês “The Sun” não é nada sutil a respeito da imagem internacional de violência no Brasil: “Perigo para britânicos viajando para o Brasil em vídeos que mostram quadrilhas atirando para o alto no ano novo do Rio”.

As notícias sobre os disparos de traficantes de favelas cariocas durante o réveillon ganharam destaque nos principais veículos a imprensa brasileira. O caso de uma jornalista baleada no pé teve atenção nacional, bem como a preocupação com aviões. Agora as imagens geram também alertas mesmo fora do Brasil.

“A guerra de quadrilhas no Brasil alcançou um novo patamar, com traficantes sendo vistos atirando armas de grosso calibre para o alto próximo ao aeroporto do Rio”, diz o “Sun”.

O tabloide destaca as imagens que mostram traficantes atirando e reforçam a preocupação especial com aviões, que poderiam ser atingidos por esses disparos. “A favela do Rio de onde o fuzil foi disparado fica a apenas cerca de 14 quilômetros de um aeroporto internacional”, diz.

Tabloide inglês faz alerta após tiros de traficantes do Rio no réveillon

A preocupação do tabloide pode parecer exagerada –como costuma ser a abordagem de jornais populares deste tipo–, mas a atenção internacional dada à violência no Brasil ganha um novo patamar. No final do ano passado, a agência de notícias France Presse publicou uma longa reportagem especial multimídia sobre balas perdidas no Rio.

“O objetivo era contar a história contida nas duas palavras [balas perdidas] –a tragédia de inocentes que são vítimas da violência armada mortal nas infames favelas do Rio”, dizia.

No caso do tabloide, a preocupação, segundo a reportagem, é que o Rio “é a cidade brasileira mais visitada e é popular entre turistas britânicos”. Com alertas assim, a imagem da cidade, e de todo país, só fazem perder força.

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Foto de menino no réveillon faz Brasil debater racismo, diz jornal dos EUA http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/01/04/foto-de-menino-no-reveillon-faz-brasil-debater-racismo-diz-jornal-dos-eua/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/01/04/foto-de-menino-no-reveillon-faz-brasil-debater-racismo-diz-jornal-dos-eua/#respond Thu, 04 Jan 2018 09:22:36 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4136

‘Washington Post’: Foto de menino no réveillon faz Brasil discutir racismo

A discussão a respeito da fotografia que mostra um menino negro, sozinho, durante a queima de fogos da virada do ano em Copacabana chegou à imprensa internacional. Segundo uma reportagem publicada pelo jornal americano “Washington Post”, a imagem que viralizou levou o Brasil a debater seriamente questões relacionadas a racismo, classe e desigualdade.

“Para alguns, é apenas uma foto de um menino negro em transe pelos espectaculares fogos de artifício da virada de ano; para outros, é um símbolo de esperança para dias melhores depois de vários anos turbulentos de crise política e recessão econômica. Muitos pensam que a imagem é emblemática da aguda desigualdade do Brasil, uma interpretação que levou outros a reagir com perguntas sobre como as pessoas negras e mestiças são vistas e estereotipadas no Brasil, onde tradicionalmente foram marginalizadas”, diz o jornal.

A publicação americana destaca que desde a divulgação da foto, mesmo sem informações sobre o menino retratado, o Brasil foi tomado por discussões em redes sociais, reportagens na imprensa, posts em blogs e textos editoriais sobre a imagem e o que ela reflete sobre a sociedade brasileira.

É interessante perceber que, a partir do olhar estrangeiro, os debates nas redes sociais no Brasil têm levado o país a pensar mais sobre questões importantes da sua realidade, como racismo e desigualdade. Este também foi o ponto central, segundo uma reportagem do jornal britânico “The Guardian”, sobre o clipe divulgado por Anitta no fim do ano passado.

Segundo a publicação o vídeo da música expôs “as falhas sociais do país à medida que lida com questões de desigualdade, racismo, abuso sexista e apropriação cultural”.

Um sociólogo ouvido pelo “Washington Post” a respeito da foto do réveillon ressaltou que, além da própria imagem, toda a reação e polêmica em torno dela é uma demonstração interessante da situação atual do Brasil. Segundo Luiz Augusto Campos, os debates sobre racismo e o aumento da visibilidade da questão marcam um momento de transição positivo para o Brasil.

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