Mark Weisbrot – Brasilianismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Prisão de Lula cria polarização política até entre analistas estrangeiros http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/04/06/prisao-de-lula-cria-polarizacao-politica-ate-entre-analistas-internacionais/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/04/06/prisao-de-lula-cria-polarizacao-politica-ate-entre-analistas-internacionais/#respond Fri, 06 Apr 2018 12:15:33 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4409

A divisão de preferências políticas que está radicalizando o Brasil nos últimos anos tem se mostrado presente também entre analistas estrangeiros que observam o desenrolar do noticiário sobre o país.

A cisão entre brasilianistas começou a ficar evidente na época do impeachment de Dilma Rousseff, quando uma disputa levou a rompimentos na Brazilian Studies Association (Brasa). Com a determinação da prisão do ex-presidente Lula, esta polarização fica evidente nas entrevistas e artigos dos brasilianistas.

Por mais que as primeiras análises sérias sobre o caso não incluam nenhuma celebração pela decisão do juiz Sergio Moro de decretar a prisão de Lula, é evidente a diferença entre análises. Enquanto alguns veem o avanço de um processo institucional contra a impunidade de elites políticas, outros criticam um suposto ataque à democracia brasileira.

Segundo o brasilianista Matthew M. Taylor, professor da American University especialista em temas relacionados a democracia e corrupção no Brasil, a prisão de Lula é um momento triste para o Brasil, mas é um importante “marco histórico” para o país, pois representa uma mudança na forma como a elite brasileira é tratada pela Justiça, reduzindo a sensação de impunidade.

A avaliação é parecida com a do editor da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter. Em uma série de textos publicados no Twitter, Winter disse que “a história da Justiça brasileira tem falhas, mas continua a ser uma inspiração em toda a América Latina, mostrando pessoas poderosas na política e os negócios podem ser responsabilizados. Muitos outros tentando imitar.”

Winter admite que é impossível justificar por que Lula vai para a prisão quando tantos outros políticos corruptos continuam livres no país. Ele alega, entretanto, que o caso do ex-presidente passou por todo o devido processo legal.

“Lula foi condenado em um julgamento aberto. A decisão foi unanimemente confirmada pela segunda instância. Moções subseqüentes foram rejeitadas pelos tribunais superiores, incluindo o Supremo”, disse. Ele ressaltou ainda o fato de que cinco dos seis juízes do STF que votaram contra a moção de habeas corpus a Lula foram nomeados por ele ou por Dilma.

Este também é o tom da análise da revista “The Economist”: “Quaisquer que sejam suas falhas e riscos, a luta contra a corrupção marca um avanço. (…) Sem a delação premiada e com a abordagem estreita e formalista da corrupção adotada antes do Mensalão, os contribuintes eram roubados e os eleitores enganados. Pelo menos, isso deve ser mais difícil a partir de agora”, diz.

O “Financial Times” segue linha semelhante: “A decisão polêmica, que poderia levar Lula para detrás das grades, marca a queda triste e ignominiosa de um político notável. Mas também mostra que ninguém está acima da lei –um desenvolvimento positivo e até mesmo revolucionário em um país atormentado pelo legalismo extremo, mas também pela grande ilegalidade.”

O dissenso é evidente na comparação com a opinião de Mark Weisbrot, codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política (CEPR), nos EUA. Em um texto publicado pelo CEPR, Weisbrot chama a decisão de Moro de “ataque à democracia”.

A prisão de Lula, diz Weisbrot, é uma “clara tentativa de evitar uma volta do Partido dos Trabalhadores ao governo”. “A direita brasileira sabe que não teria chance contra Lula nas eleições deste ano, assim como perdeu duas vezes de Lula antes e depois mais duas de Dilma. Então, assim fizeram com Dilma, eles estão usando outros meios para mantê-lo fora do poder”, diz.

Weisbrot tem denunciado o que chama de “golpe da elite” desde a época do impeachment. Ele também foi autor de um texto de opinião publicado recentemente pelo “New York Times” alegando que a democracia brasileira estava mergulhando em um abismo.

A crítica à prisão de Lula aparece também em uma carta publicada por um grupo de parlamentares e acadêmicos britânicos no jornal “The Guardian”.

“Lula tem sido submetido a uma campanha contra ele, onde seus direitos humanos básicos foram violados. Como parte disso, Lula foi submetido a acusação e condenação políticas, ignorando evidências de sua inocência e desencadeando uma crise de confiança no Estado de Direito. Não se trata apenas de um homem, mas do futuro da democracia no Brasil”, diz a carta assinada por 16 políticos e acadêmicos.

O “Guardian” também publicou uma curta análise do pesquisador britânico Richard Bourne, autor de uma biografia de Lula. Para ele, a prisão de Lula deveria servir para acordar a esquerda brasileira, que não deve depender apenas do ex-presidente.

“A ameaça de um retorno a um passado reacionário é muito premente. Basta ver a popularidade do direitista Jair Bolsonaro, um admirador do regime militar, no período que antecede as eleições presidenciais deste ano. A raiva e a decepção com a decisão dos juízes devem ser convertidos em um desejo positivo de limpar o sistema político, acabar com a recessão e levar o país adiante novamente”, diz.

A preocupação com a escolha do novo presidente é foco também de um editorial publicado pela rede alemã Deutsche Welle. Segundo o texto escrito por Alexandre Schossler, há muitas evidências contra o ex-presidente Lula, mas sua prisão reforça a ideia de que o Brasil se transformou em um “país de incertezas” às vésperas da eleição.

Para o historiador James Green, professor da da Universidade Brown, a divergência de opiniões é normal. Em entrevista concedida na época do impeachment de Dilma, ele alegou que “se existe uma partidarização no Brasil, seria estranho que brasilianistas não discutissem isso. A polarização está em todo canto, e o debate é normal, faz parte da democracia”.

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Pesquisador americano critica condenação de Lula e chama provas de frágeis http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2017/08/11/pesquisador-americano-critica-condenacao-de-lula-e-chama-provas-de-frageis/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2017/08/11/pesquisador-americano-critica-condenacao-de-lula-e-chama-provas-de-frageis/#respond Fri, 11 Aug 2017 14:29:30 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=3751

Pesquisador americano critica condenação de Lula e chama provas de frágeis

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado por corrupção com base em provas inconsistentes, frágeis, segundo o codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington (EUA), Mark Weisbrot.

Em um artigo publicado na revista americana “The Nation”, Weisbrot criticou a condenação de Lula e o que ele vê como perseguição política a políticos de esquerda.

“Lula e seu Partido dos Trabalhadores são uma afronta à elite tradicional do país –que por sua vez está mergulhada na corrupção– então eles querem destruí-lo usando o meio que for necessário”, avalia Weisbrot, que é também presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa.

Alinhado à esquerda, Weisbrot é um dos principais críticos no exterior do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff – que disse considerar um golpe de Estado. Segundo ele, o processo contra Lula se baseia em depoimentos sem provas, o que não deveria ser suficiente para condená-lo.

O pesquisador ainda critica o trabalho do juiz Sergio Moro, que “foi pego várias vezes com seus dedos na balança da Justiça no caso de Lula”, diz.

“Quando a elite ostensivamente corrupta do Brasil realizou um golpe para se livrar da presidente eleita, Dilma Rousseff, no ano passado, causou grande impacto na democracia do país”, defende.

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Taxa de juros de país em conflito impede recuperação brasileira, diz estudo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/12/21/taxa-de-juros-de-pais-em-conflito-impede-recuperacao-brasileira-diz-estudo/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/12/21/taxa-de-juros-de-pais-em-conflito-impede-recuperacao-brasileira-diz-estudo/#respond Wed, 21 Dec 2016 10:02:04 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=2939 juros2

Mesmo sem enfrentar fatores de risco como guerras ou conflitos civis, e sem ameaça evidente de calote, o Brasil tem a quarta maior taxa de juros do mundo, o que atrapalha a retomada da economia do país. Esta é a conclusão de um estudo publicado nesta semana pelo Center for Economic and Policy Research (CEPR), em Washington, DC (EUA).

“O Brasil atualmente paga um preço muito alto, em termos de crescimento econômico, desemprego, desenvolvimento e progresso social por conta das suas taxas de jutos exorbitantemente altas”, diz o paper, mencionando que 7,6% do PIB do país são destinados a dívidas públicas.

“Outros países com peso de juros semelhantes, como o Iêmen e o Egito, sofrem com conflitos civis e outros fatores de risco que poderiam aumentar a probabilidade de um calote. O Brasil, ao contrário, tem pouco risco de default, e com US$ 360 bilhões em reservas internacionais, não há muita chance de crises de balança de pagamentos que possam levar a inflação sem controle”, avalia.

O texto é assinado por Jake Johnston, Julia Villarruel Carrillo e pelo codiretor do mesmo Centro de Pesquisa Econômica e Política, Mark Weisbrot, comentarista frequente em análises sobre o Brasil.

Segundo ele, os juros do Brasil são uma decisão do Banco Central e de um setor bancário poderoso e concentrado, que lucra com os juros altos.

O trabalho defende que em vez das altas taxas, juros mais baixos poderiam criarm espaço para um estímulo importante para a recuperação econômica do país.

Taxa de juros de país em guerra impede recuperação brasileira, diz estudo nos EUA

Taxa de juros de país em guerra impede recuperação brasileira, diz estudo nos EUA

Apesar de a avaliação ser a conclusão de um trabalho acadêmico sério, o posicionamento político do codiretor do centro de pesquisas pode se refletir no paper, já que, para Weisbrot, Temer lidera um governo que não tem legitimidade no Brasil nem no resto do mundo, e tem enfrentado uma série de escândalos de corrupção.

Weisbrot é também presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa. Ele é um dos principais críticos no exterior do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff – que disse considerar um golpe de Estado – e do governo de Michel Temer. Segundo ele, a política de austeridade proposta por Temer pode empurrar o Brasil para um longo período de declínio econômico

“A campanha do impeachment, que o governo descreveu corretamente como golpe, é um esforço da elite brasileira tradicional para obter por outros meios aquilo que não conseguiu conquistar nas urnas nos últimos anos”, escreveu em um artigo publicado na “Folha de S.Paulo”, em abril.

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Mark Weisbrot: Política de Temer pode aumentar crise e criar década perdida http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/07/21/mark-weisbrot-politica-de-temer-pode-aumentar-crise-e-criar-decada-perdida/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/07/21/mark-weisbrot-politica-de-temer-pode-aumentar-crise-e-criar-decada-perdida/#respond Thu, 21 Jul 2016 20:11:13 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=2351 Mark Weisbrot: Política de Temer pode aprofundar crise e criar década perdida

Mark Weisbrot: Política de Temer pode aprofundar crise e criar década perdida

A política de austeridade proposta pelo governo interino de Michel Temer pode empurrar o Brasil para um longo período de declínio econômico, segundo o codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington (EUA), Mark Weisbrot.

Em artigo publicado no site norte-americano “The Hill”, Weisbrot atacou a mudança política imposta por Temer desde o afastamento de Dilma Rousseff durante o processo de impeachment, e disse que as medidas tomadas agora, em vez de ajudarem na recuperação, podem atrapalhar o retorno do Brasil ao crescimento.

“O governo interino está aumentando a aposta na austeridade, e gerou toda a confiança de uma grande república de bananas nos investidores. Se o Senado votar pela remoção da presidente eleita, eles podem gerar um longo período de declínio econômico, comparável às décadas perdidas de 1980 e 1990”, argumentou.

Weisbrot é também presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa. Para ele, Temer lidera um governo que não tem legitimidade no Brasil nem no resto do mundo, e tem enfrentado uma série de escândalos de corrupção.

“Ironicamente, este governo anunciou a intenção de recuperar a ‘confiança’, especialmente de investidores internacionais. Mas o oposto aconteceu: A recessão está se aprofundando, o governo esta mais mergulhado em escândalos e a sua reputação internacional está caindo de um penhasco”, disse.

Weisbrot é um dos principais críticos no exterior do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff – que disse considerar um golpe de Estado.

“A campanha do impeachment, que o governo descreveu corretamente como golpe, é um esforço da elite brasileira tradicional para obter por outros meios aquilo que não conseguiu conquistar nas urnas nos últimos anos”, escreveu em um artigo publicado na “Folha de S.Paulo”, em abril.

Em sua avaliação, o governo do PT está sendo punido por conta da crise econômica.

Antes disso, ele já havia argumentado no próprio “The Hill” que apesar de não terem envolvimento direto com o processo, os EUA são favoráveis à troca de governo no Brasil.

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Mark Weisbrot: Impeachment é golpe para elite tomar poder no Brasil http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/04/14/mark-weisbrot-impeachment-e-golpe-para-elite-tomar-poder-no-brasil/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/04/14/mark-weisbrot-impeachment-e-golpe-para-elite-tomar-poder-no-brasil/#respond Thu, 14 Apr 2016 13:37:23 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=1872 Mark Weisbrot: Impeachment é golpe para elite tomar poder no Brasil

Mark Weisbrot: Impeachment é golpe para elite tomar poder no Brasil

Em um artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo”,  Mark Weisbrot, codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington (EUA), defendeu que o governo está certo ao comparar o processo de impeachment a um golpe.

“A campanha do impeachment, que o governo descreveu corretamente como golpe, é um esforço da elite brasileira tradicional para obter por outros meios aquilo que não conseguiu conquistar nas urnas nos últimos anos”, escreveu.

Em sua avaliação, o governo do PT está sendo punido por conta da crise econômica.

“É claro que o Partido dos Trabalhadores não estaria vulnerável a essa tentativa de golpe se a economia não estivesse em recessão profunda. Mas também a esse respeito a mídia está claramente equivocada, defendendo mais cortes nos gastos públicos e mais juros altos.”

Weisbrot é também presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa. Ele já havia publicado, em inglês, um artigo semelhante, criticando o impeachment no Brasil, no site “The Hill”. Segundo ele, os apesar de não terem envolvimento direto com o processo, os EUA são favoráveis à troca de governo no Brasil.

“O governo dos EUA vem guardando silêncio sobre esta tentativa de golpe, mas há poucas dúvidas quanto à sua posição. Ele sempre apoiou golpes contra governos de esquerda no hemisfério, incluindo, apenas no século 21, o Paraguai em 2012, Haiti em 2004, Honduras em 2009 e Venezuela em 2002”, disse.

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