Democracia – Brasilianismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 No exterior, documentário foi chamado de ‘mergulho na política brasileira’ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/13/no-exterior-documentario-foi-chamado-de-mergulho-na-politica-brasileira/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/13/no-exterior-documentario-foi-chamado-de-mergulho-na-politica-brasileira/#respond Mon, 13 Jan 2020 15:30:19 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6234

Indicado ao Oscar, o documentário brasileiro “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, teve grande repercussão na imprensa internacional após ser lançado no exterior, em junho do ano passado.

O filme foi chamado de “mergulho na política brasileira” pelo jornal norte-americano Los Angeles Times. Segundo a publicação, o filme é fascinante e oferece uma visão dos “terremotos” que afetam o sistema político brasileiro nos últimos anos.

Leia também: ‘Democracia em Vertigem’ será referência sobre o Brasil para estrangeiros

Outras publicações importantes, como o New York Times –que indicou o filme como um dos melhores do ano–, o jornal britânico The Guardian e a revista Americas Quaterly publicaram textos avaliando o filme e o retrato que faz da situação do Brasil.

Segundo o NYT, o documentário se debruça sobre questões a respeito de o que levou a uma mudança radical na política brasileira, passando de governos com tendência de esquerda à chegada da extrema-direita ao poder. O jornal explica que o filme tem um olhar de esquerda, e que em alguns momentos parece descrever uma grande conspiração política contra esse grupo político. Ainda assim, vê méritos na obra.

“Os fatos e argumentos apresentados deveriam ser estudados por qualquer pessoa interessada no destino da democracia, no Brasil e em qualquer outro lugar”, diz.

O filme criou polêmica dentro do Brasil, e especialistas indicam que ele tem o potencial de se tornar “o principal ponto de referência para os não-especialistas na história recente do Brasil”.

A avaliação foi feita pela pesquisadora Stephanie Dennison, diretora de estudos brasileiros da Universidade de Leeds, no Reino Unido. Em entrevista ao blog Brasilianismo, em julho de 2019, ela explicou que o fato de o filme ser um documentário faz com que carregue “um certo grau de autenticidade” à interpretação que faz da política brasileira.

Para Dennison, apesar de “Democracia em Vertigem” de fato fazer uma “leitura pessoal e ligeiramente ambígua da história brasileira”, muitas das críticas ao filme são infundadas. “Nem este nem um filme como ‘O Processo’ se propuseram a ser abrangentes em suas explicações da história recente do Brasil”, disse.

“Pessoalmente, não acho que tenha havido imprecisões no relato que Costa faz da situação instável da democracia brasileira nos últimos anos. Isso não significa dizer, claro, que não há muito mais na história do que o que é representado no filme. ‘Democracia em Vertigem’ será útil como uma contrapartida para algo como ‘O Mecanismo’, de José Padilha, também disponível na Netflix, que por sua vez é cheio de imprecisões”, avaliou.

Dennison é especialista em cinema e soft power brasileiro e é autora de livros como o recente “Paulo Emílio Salles Gomes: on Brazil and Global Cinema” (University of Wales Press) e “Remapping Brazilian Film Culture in the 21st Century”, que vai ser publicado pela editora Routledge.

Em linha com o que disse o NYT, ela alega que o filme brasileiro pode ajudar a entender a ascensão de políticos de tendência autoritária e de direita em vários países do mundo.

“Um filme como ‘Democracia em Vertigem’ pode ser lido como fornecendo algum tipo de chave universal para entender pelo menos parte da história dessa guinada para a direita. As manobras de bastidores por parte das elites (políticas e financeiras) e grupos religiosos conservadores para não perder uma oportunidade de se beneficiar de qualquer coisa que empurre o eleitorado a seu favor podem ser vistas em outros lugares. A política maquiavélica pode ser vista em jogo no atual parlamento britânico em relação ao Brexit, por exemplo.”

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Bolsonaro é incluído em livro francês sobre líderes autoritários do mundo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/16/bolsonaro-e-incluido-em-livro-frances-sobre-lideres-autoritarios-do-mundo/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/16/bolsonaro-e-incluido-em-livro-frances-sobre-lideres-autoritarios-do-mundo/#respond Sat, 16 Nov 2019 10:49:00 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6091
O presidente Jair Bolsonaro é apresentado como um governante populista em uma democracia em regressão em um livro francês que reúne perfis dos novos líderes autoritários do mundo. Segundo a obra, a eleição dele em 2018 representa um risco real de desintegração da democracia do país rumo ao autoritarismo.

“Le monde des nouveaux autoritaires” (O mundo dos novos autoritários) é resultado de um projeto desenvolvido pelo think tank francês Institut Montaigne e acaba de ser lançado como livro.

Pesquisadores de várias universidades foram convidados para tratar de figuras públicas com tendências autoritárias a fim de entender melhor quem são esses personagens da política global contemporânea.

A obra busca refletir sobre “a prevalência de um novo tipo de líderes políticos de nossa época: os ‘homens fortes’, que exercem poder pessoal excluindo, tanto quanto possível, qualquer contrapeso à sua autoridade”.

“De um extremo ao outro do mundo, demagogos, ‘homens fortes’, autocratas e ditadores de todos os tipos se seguem”, diz a apresentação do livro. A obra “desenha um retrato psicológico, intelectual e político de cada um deles”.

Bolsonaro é apresentado no livro junto a 18 outros desses “novos autoritários”. Além do presidente brasileiro, são temas de perfis do livro:
– Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
– Vladimir Putin, presidente da Rússia
– Xi Jinping, presidente da China
– Narendra Modi, premiê indiano
– Benjamin Netanyahu, premiê israelense
– Matteo Salvini, da Itália
– Rodrigo Duterte, presidente das Filipinas
– Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia
– Paul Kagame, presidente de Ruanda
– Ali Khamenei, líder supremo do Irã
– Nicolás Maduro, presidente da Venezuela
– Viktor Orban, premiê da Hungria
– Bashar al Assad, presidente da Síria
– Mohammed bin Salman e Mohammed bin Zayed, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes (reunidos em um único perfil)
– Kim Jong-un, da Coreia do Norte
– Jaroslaw Kaczynski, da Polônia
– Abdel Fattah al-Sissi, presidente do Egito

Os líderes foram escolhidos por terem algumas características em comum, diz a apresentação do livro, como o domínio de uma ideologia antiliberal e o viés autoritário de suas políticas. Eles podem ser divididos entre ditadores (como Putin e Xi), governantes populistas em democracias fortes (como Trump) e populistas em democracias em regressão (como Bolsonaro, Modi, Orbán e Erdogan).

O Institut Montaigne é um organização voltada à discussão e avaliação sobre políticas públicas na França e também desenvolve estudos sobre geopolítica. Segundo o texto sobre o projeto no site do think tank, a análise sobre essas lideranças autoritárias se faz importante por conta das consequências geopolíticas da ação deles em seus países.

“O nacionalismo, que é seu denominador comum, enfraquece a cooperação internacional (‘multilateralismo’); Existem ligações de conivência entre eles, novamente independentemente dos campos, gerando novas alianças mais ou menos ocultas. (…) Há também um estilo de diplomacia ‘neo-autoritária’”, explica.

“Jair Bolsonaro surgiu do nada”, diz uma apresentação sobre o líder brasileiro, chamado de “líder improvável”, escrita pelo organizador do livro, Michel Duclos. E continua:

“Ele assumiu o comando de um país importante, que com o presidente Lula e, em certa medida, Dilma Rousseff, teve uma influência significativa no nível internacional graças ao seu status de grande emergente. Um neo-autoritário em Brasília pode ter apenas uma margem de manobra limitada na política internacional, mas sua chegada ao poder é simbolicamente um ponto de virada, dado esse tipo de paradoxo: um retrocesso em um país que acaba de emergir do subdesenvolvimento.”

O perfil completo de Bolsonaro foi escrito pelo professor Frédéric Louault, especialista em política brasileira da Universidade Livre de Bruxelas. O texto foi escrito em dezembro de 2018, logo após a vitória de Bolsonaro, que, segundo Louault, “mergulhou o Brasil no desconhecido. Conscientemente ou não, os brasileiros assinaram o maior cheque em branco da sua história”.

Apesar de Duclos dizer que o presidente “surgiu do nada”, Louault se debruça com atenção sobre a história política de Bolsonaro, sua atuação pouco relevante por três décadas no Legislativo e lista declarações polêmicas e com clara visão autoritária, incluindo sua defesa da ditadura militar e da repressão contra opositores.

“Os brasileiros que votaram nele no segundo turno da eleição presidencial não levaram em conta excessos retóricos, nem sua ineficiência em trinta anos de mandato, nem mesmo o vazio de seu programa. Mas eles não poderão dizer que não sabiam. Jair Bolsonaro é tão claro quanto a água benta. O novo presidente é uma Bíblia aberta: ele diz o que pensa e pensa o que diz. Suas palavras são verdadeiras”, diz.

“O risco de a democracia se desintegrar e o governo se desviar para uma forma de autoritarismo não deve ser minimizado, bem como o desprezo de Bolsonaro por instituições democráticas, direitos humanos e liberdades fundamentais.”

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Acadêmicos dos EUA criam vaquinha para fazer defesa da democracia do Brasil http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/07/academicos-dos-eua-criam-vaquinha-para-fazer-defesa-da-democracia-do-brasil/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/07/academicos-dos-eua-criam-vaquinha-para-fazer-defesa-da-democracia-do-brasil/#respond Thu, 07 Nov 2019 20:44:23 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6047

Um grupo de acadêmicos e ativistas dos Estados Unidos criou uma campanha virtual de financiamento coletivo para estabelecer, em Washington DC, um escritório para coordenar movimentos de defesa da democracia no Brasil.

A ação é uma parceria do U.S. Network for Democracy in Brazil (Rede dos Estados Unidos para Democracia no Brasil) e do Center for Economic and Policy Research, da capital americana.

Ela busca arrecadar US$ 100 mil para contratar um funcionário para trabalhar com membros do Congresso dos EUA, organizar visitas de políticos e líderes de movimentos sociais entre os dois países e aprofundar os laços de solidariedade transnacional. Segundo o projeto, o orçamento total para a criação do escritório seria de US$ 150 mil.

“Queremos criar uma voz alternativa em Washington DC, fortalecer uma rede nacional e influenciar a política dos EUA direcionada ao Brasil”, diz a campanha.

Segundo o texto da proposta, o Brasil enfrenta desde 2013 inúmeros desafios a seu sistema democrático. Com a eleição de Jair Bolsonaro, explica, “estratégias continuadas indicam uma tendência a ignorar os processos democráticos, o que cria um cenário difícil para as forças progressistas e de oposição a curto e longo prazo”.

O projeto é assinado pelos pesquisadores James N. Green e Alexander Main. Green é professor de História Latino Americana na Universidade Brown e diretor executivo da Associação de Estudos Brasileiros (Brasa). Ele também coordena a Rede dos Estados Unidos para Democracia no Brasil. Main é diretor de políticas internacionais no Centro de Pesquisa Econômica e Política (CEPR).

Segundo eles, o plano é implementar um Projeto Brasil no CEPR, para apoiar o diálogo entre o Brasil e os Estados Unidos. “O diálogo se concentraria nos desafios comuns enfrentados pela sociedade civil, a saber, ameaças ao meio ambiente (global e localmente), violações de direitos humanos e desrespeito às instituições democráticas”, diz o texto.

O Escritório para a Democracia no Brasil se propõe como a primeira entidade para unir iniciativas em defesa de causas progressistas no Brasil. A criação dele tem como objetivo “conscientizar sobre as principais ameaças democráticas que o Brasil enfrenta, especialmente relacionadas ao meio ambiente e aos direitos humanos”.

Além disso, o escritório quer promover o debate entre especialistas sobre a situação do Brasil e criar um canal para compartilhar e trocar experiências.

O projeto diz que o país pode ser considerado um microcosmo da crescente polarização da política em todo o mundo.

“A eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência do Brasil marcou um giro acentuado para a extrema-direita e assustou observadores nos Estados Unidos. Tal como visto pela mídia estrangeira, especialistas no Brasil e ONGs internacionais, os objetivos declarados do novo governo buscam derrubar muitas das medidas progressistas alcançadas no Brasil desde o retorno à democracia na década de 1980, ao mesmo tempo em que tende a criminalizar muitos dos movimentos sociais e ativistas que ampliaram a igualdade socioeconômica, os direitos democráticos e a justiça ambiental”, diz.

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Bolsonaro alimenta desconfiança externa ao abrir ‘dia do ditador’ na ONU http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/09/24/bolsonaro-alimenta-desconfianca-externa-ao-abrir-dia-do-ditador-na-onu/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/09/24/bolsonaro-alimenta-desconfianca-externa-ao-abrir-dia-do-ditador-na-onu/#respond Tue, 24 Sep 2019 19:19:15 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5901 As primeiras avaliações internacionais sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, adotaram um tom crítico. Para observadores externos, o presidente não conseguiu reduzir a desconfiança externa e, em vez de ser conciliador, adotou um tom combativo que abriu o que chegou a ser chamado de “dia do ditador” na ONU.

O jornal francês Le Monde foi a primeira publicação estrangeira a se debruçar em detalhes sobre a fala do brasileiro, que chamou de confusa e cheia de digressões.

Segundo a reportagem publicada, Bolsonaro rompeu com a tradição de buscar consenso que marcou décadas de discursos brasileiros na ONU. Além disso, diz que ele usou inverdades para partir para o ataque.

“O tom foi dado. A 74ª Assembléia Geral da ONU mostra a realidade de um mundo em que ‘democracias iliberais’, ‘democraduras’ e líderes populistas de todos os tipos estão em ascensão”, diz o Monde.

A avaliação ecoa reportagem publicada antes mesmo do discurso de Bolsonaro pelo site americano Politico. A página apresentou o dia de discursos na ONU como “O dia do ditador”, com uma foto do presidente brasileiro.

“O presidente Donald Trump inicia a sessão principal da Assembléia Geral das Nações Unidas ao lado de uma galeria de ditadores, populistas barulhentos e pretensos autocratas”, dizia a reportagem. Bolsonaro é descrito no texto como um populista de direita defensor da ditadura.

“A ordem inicial do discurso na principal reunião diplomática do mundo é uma coincidência e, no entanto, serve como um lembrete vívido do declínio da democracia em todo o mundo”, complementa.

Também avaliando o discurso do presidente brasileiro, o jornal britânico The Guardian destacou o ataque de Bolsonaro contra a imprensa internacional pela cobertura crítica das queimadas na Amazônia.

“Com o Brasil lutando para reparar sua imagem no exterior após a crise na Amazônia, alguns observadores esperavam que Bolsonaro fizesse um discurso mais suave na assembleia da ONU. Em vez disso, o presidente do Brasil foi para a ofensiva, iniciando seu discurso com um ataque trumpista ao socialismo e concluindo com uma visão obscura contra os ‘sistemas de pensamento ideológico’ de esquerda que ele alegou ter invadido escolas, universidades, casas e até almas brasileiras”, diz o jornal inglês.

“Bolsonaro lançou uma defesa irritada e conspiratória de seu histórico ambiental, culpando Emmanuel Macron e a mídia ‘enganosa’ por destacar os incêndios deste ano na Amazônia. Em um discurso combativo de 30 minutos à assembléia geral da ONU, Bolsonaro negou – ao contrário da evidência – que a maior floresta tropical do mundo estava ‘sendo devastada ou consumida pelo fogo, como a mídia enganosamente diz’.”

No Twitter, o editor da revista Americas Quarterly, Brian Winter, também criticou o discurso do presidente.

“Bolsonaro teve uma oportunidade de ouro para deixar o mundo um pouco mais à vontade –‘Sim, temos um problema na Amazônia, estamos cuidando dele, e o problema é nosso’. Em vez disso, ele fez um discurso belicoso consistente com quase tudo o que faz – atacando socialistas.”

Segundo reportagem do Huffington Post, o presidente Brasileiro fez um discurso raivoso em que defendeu o desmatamento da Amazônia.

“Apesar de seus repetidos apelos para colocar os negócios acima da ideologia, Bolsonaro mergulhou seu discurso em clichês da era da Guerra Fria”, diz.

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Democracia frágil e disputas políticas limitaram a força do Brasil no mundo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/03/democracia-fragil-e-disputas-politicas-limitaram-a-forca-do-brasil-no-mundo/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/03/democracia-fragil-e-disputas-politicas-limitaram-a-forca-do-brasil-no-mundo/#respond Sat, 03 Aug 2019 07:00:47 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5688 Para o pesquisador Obert Hodzi, da Universidade de Helsinki, a democracia frágil do Brasil e as disputas políticas restringiram seu papel de potência global emergente. Autor de um artigo sobre a perda do ímpeto do grupo formado por Brasil, Índia e África do Sul, ele alega que sucessivos governos do Brasil foram absorvidos pela política interna, negligenciando o papel global do país.

A credencial da democracia e o crescimento econômico foram usados pelo Brasil (junto com a Índia e a África do Sul) para tentar construir uma maior presença global para o país e reordenar a ordem internacional no começo do século. Menos de duas décadas depois da criação do grupo IBAS (Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul), os três países parecem ter alcançado pouco. Para alguns analistas, o esforço deles pode ser questionado como apenas “bravatas vazias ou ilusões esperançosas”, segundo um artigo acadêmico publicado pelo pesquisador Obert Hodzi, da Universidade de Helsinki, na Finlândia.

No caso específico do Brasil, ao longo dos últimos anos, sucessivos governos foram absorvidos pela política interna, negligenciando o papel global do país, avaliou Hozdi em entrevista ao blog Brasilianismo. “Em linhas gerais, diria que a democracia frágil do Brasil e as disputas políticas restringiram seu papel de potência global emergente”, disse.

Autor do artigo acadêmico ‘Empty bravado or hopeful illusions’: rising democratic powers and reordering of the international system’ (que pode ser traduzido por algo como ‘Bravata vazia ou ilusões esperançosas’: Democracias emergentes e a reordenação do sistema internacional), Hozdi faz questão de deixar claro que não é um especialista na política externa do Brasil, mas estudou o caso do país juntamente com os outros membros do IBAS, e vê um contexto semelhante de perda do ímpeto deles no âmbito global.

Segundo ele, a expectativa dos três países de reordenar o sistema internacional está diminuindo porque eles não conseguiram converter suas credenciais democráticas e crescimento econômico em influência global.

Leia abaixo a entrevista completa

Brasilianismo – Seu artigo recente diz que houve uma época em que parecia que o Brasil (assim como a Índia e a África do Sul) seria capaz de aumentar sua influência e tornar-se um ator mais relevante no mundo. Olhando para o Brasil agora, você diria que essa oportunidade passou completamente?
Obert Hodzi – A oportunidade não passou completamente, o Brasil simplesmente perdeu o ímpeto. Sob o presidente Lula, o Brasil era um empreendedor normativo. Desde então, os sucessivos governos no Brasil foram absorvidos pela política interna, negligenciando seu promissor papel global.

Brasilianismo – O que mudou? O que deu errado?
Obert Hodzi – Em linhas gerais, diria que a democracia frágil do Brasil e as disputas políticas restringiram seu papel de potência global emergente. Além disso, a desaceleração econômica no Brasil nos últimos anos tornou difícil para o Brasil patrocinar normas globais alternativas e influenciar questões globais. A contínua ascensão da China e os desafios globais à democracia liberal contribuíram para o declínio da presença global do Brasil.

Brasilianismo – Existem diferenças entre os casos do Brasil, Índia e África do Sul?
Obert Hodzi – Os três países estão enfrentando os mesmos desafios, desacelerando o crescimento econômico e, no caso da África do Sul e do Brasil, se recuperando da depressão econômica –desafios políticos internos– e todos foram ofuscados pela China, que apesar de sua economia estar desacelerando, tornou-se uma fonte alternativa de financiamento internacional para o desenvolvimento e lançou projetos globais como a Iniciativa Cinturão e Rota e o Asia Infrastructure Investment Bank. O populismo crescente na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, que está desafiando a base da ordem internacional liberal, que os três países procuraram avançar, não está facilitando as coisas para os três países. Talvez isso explique porque o IBAS está quase extinto.

Brasilianismo – A história do Brasil é fortemente marcada por essa ambição de alcançar um papel global mais proeminente. Isso foi algo alcançável? Ou você consideraria isso “bravata vazia e ilusões esperançosas”?
Obert Hodzi – A ambição de alcançar um papel global mais proeminente é inatingível para um Brasil isolado. No entanto, pode alcançá-lo através de parcerias estratégicas com outras potências globais emergentes –sua parceria com a Índia e a África do Sul teve e pode ainda ter potencial para aumentar a influência global do Brasil– mas, sozinho, com sua influência regional desafiada por outros países, é uma ilusão esperançosa.

Brasilianismo – O que o Brasil poderia fazer de maneira diferente para promover seus interesses globalmente?
Obert Hodzi – Não sou um especialista no caso do Brasil, mas posso comentar de forma geral que, como outras potências emergentes no Sul Global, o Brasil precisava investir em alianças estratégicas com poderes semelhantes no Sul Global para alavancar sua posição. Sua necessidade é a adesão e o apoio dos países de sua região e do Sul Global, a fim de alcançar seus objetivos de política externa e aumentar sua influência regional e global.

Brasilianismo – Um dos principais pontos do seu trabalho é que o Brasil (junto com Índia e África do Sul) tentou converter suas credenciais democráticas e seu crescimento econômico em influência global quando seu poder econômico ainda estava no auge e as credenciais democráticas ainda eram admiráveis. Pensando na situação atual, com a democracia sendo considerada em risco no Brasil, até que ponto isso pode afetar ainda mais a posição internacional do Brasil?
Obert Hodzi – O efeito sobre a posição internacional do Brasil é significativo –com uma economia em dificuldades e desafios políticos internos, o Brasil não tem os meios para melhorar sua influência global. A China está invadindo cada vez mais o quintal do Brasil, deixando pouco ou nenhum espaço para o Brasil manobrar. O Brasil, no futuro previsível, continuará na sombra da China.

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Analistas veem democracia mais forte do que o autoritarismo de Bolsonaro http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/07/02/analistas-veem-democracia-mais-forte-do-que-o-autoritarismo-de-bolsonaro/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/07/02/analistas-veem-democracia-mais-forte-do-que-o-autoritarismo-de-bolsonaro/#respond Tue, 02 Jul 2019 11:22:48 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5615

Seis meses após a posse de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil, as análises sobre a possível morte da democracia do país se mostraram exageradas, segundo a avaliação de duas das mais importantes publicações da imprensa de economia do mundo.

De acordo com avaliações publicadas pelo jornal Financial Times e pela agência Bloomberg, as instituições brasileiras têm se mostrado fortes em evitar uma escalada autoritária no país. A democracia se mostrou mais forte do que o autoritarismo.

“Quando Jair Bolsonaro foi eleito, muitos brasileiros temiam que o presidente de extrema direita varresse as instituições democráticas do país para implementar sua agenda política radical”, explica o FT. “Seis meses depois, entretanto, o poderoso Congresso do Brasil e sua influente corte suprema não estão apenas intactos, mas contra o ex-capitão do Exército. Bolsonaro está frustrado.”

O jornal lista derrotas de Bolsonaro na sua relação com parlamentares e menciona a reclamação do presidente de que o Congresso estaria tentando transformá-lo na “rainha da Inglaterra”.

“Os temas defendidos por Bolsonaro, incluindo o relaxamento do controle de armas, a demarcação de territórios indígenas e o desenvolvimento em terras protegidas da Amazônia, estão longe de serem universalmente apoiados. Assim, as instituições brasileiras não sentem pressão para entrar na linha”, diz o jornal.

O tom do FT é semelhante ao adotado pelo colunista Mac Margolis em um artigo publicado na página de opinião da Bloomberg. “A democracia atormenta o presidente do Brasil”, diz o título do texto. “Seus primeiros seis meses refutam os temores de um retorno ao autoritarismo”, complementa.

“A maior democracia da América Latina está a salvo”, avalia.

Segundo Margolis, Bolsonaro enfrentou muitas dificuldades no início do seu governo, e tem sofrido pressões das instituições brasileiras.

“Graças às exortações autoritárias de Bolsonaro, a jovem democracia do Brasil estaria em perigo e um retorno à ditadura seria iminente. No entanto, seis meses cheios de crises de populismo viraram essa fantasia de cabeça para baixo. A democracia constitucional do Brasil parece adequada para sobreviver a Bolsonaro; a questão é, Bolsonaro vai sobreviver à democracia?”, diz.

Para o colunista, isso leva Bolsonaro a tentar levar adiante o governo por decretos, o que mostra sua falta de habilidade política. Assim, complementa, o Congresso está assumindo a responsabilidade de levar adiante muitos dos projetos vistos como os mais importantes para o país, como a reforma da Previdência.

Apesar do tom que parece otimista, Margolis alerta que mesmo que a democracia esteja viva, a política brasileira ainda vive um momento muito problemático.

“O perigo não é o de um ‘país que corre em direção a um passado autoritário’, como a narração lúgubre coloca no filme ‘Democracia em Vertigem’, da Netflix. Em muitos aspectos, o espírito e as instituições cívicas do país nunca estiveram tão resilientes. O problema maior é a política sem clareza, que corrói o consenso e encoraja os forasteiros e aventureiros populistas.”

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Ato a favor de Bolsonaro pode deixá-lo isolado, diz professor de Harvard http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/05/24/ato-a-favor-de-bolsonaro-pode-deixa-lo-isolado-diz-professor-de-harvard/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/05/24/ato-a-favor-de-bolsonaro-pode-deixa-lo-isolado-diz-professor-de-harvard/#respond Fri, 24 May 2019 10:57:02 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5535

As manifestações convocadas em apoio ao governo de Jair Bolsonaro para o domingo podem ter o efeito contrário ao esperado pelo presidente, deixando-o ainda mais isolado politicamente. A avaliação é do professor de ciência política de Harvard Steven Levitsky.

Em entrevista publicada pelo jornal britânico The Guardian em reportagem sobre os atos convocados, Levitsky disse não se surpreender que a dificuldade em formar coalizões no Congresso levasse Bolsonaro a atacar o establishment político do Brasil com “apelos demagógicos às massas”.

“Autocratas –e acho que podemos chamar Bolsonaro de um líder bastante autocrático– gostam de governar unilateralmente, e o Brasil é difícil de governar unilateralmente”, explicou.

Levitsky é coautor do livro “Como as Democracias Morrem” (Zahar). Segundo ele, o fato de a popularidade de Bolsonaro estar em queda indica que a tática de apelo às massas não deve funcionar. “Parece um esforço muito arriscado para Bolsonaro. É mais provável que termine em seu isolamento”, disse.

Para o professor de Harvard, os erros de Bolsonaro e a queda da sua popularidade podem ser bons para a democracia brasileira. “É sempre melhor ter um autocrata inepto e impopular no poder do que um autocrata talentoso e popular.”

A reportagem do Guardian sobre as manifestações convocadas em apoio ao presidente também cita a pesquisadora Monica de Bolle, diretora de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins. Segundo ela, a situação do Brasil atualmente revela a crescente insatisfação entre os eleitores de Bolsonaro com o governo. “Eles só veem que nada funciona… Se achamos que [Donald] Trump é despreparado para governar, Bolsonaro é 100 vezes mais”, disse.

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Em duro editorial, The Guardian critica corte em ciências humanas do Brasil http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/05/01/em-duro-editorial-the-guardian-critica-corte-em-ciencias-humanas-do-brasil/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/05/01/em-duro-editorial-the-guardian-critica-corte-em-ciencias-humanas-do-brasil/#respond Wed, 01 May 2019 08:02:36 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5466 “Humanos precisam de ciências humanas”, diz o artigo de opinião do jornal britânico. Texto chama Bolsonaro de “autoritário e populista” e diz que a proposta de reduzir financiamento de sociologia e filosofia é um “ataque intelectual”.

O jornal britânico The Guardian publicou nesta semana um duro artigo editorial criticando as propostas do presidente Jair Bolsonaro de rever gastos da educação brasileira com ciências humanas. Segundo a publicação, o anúncio de que o governo está considerando reduzir o financiamento do ensino superior de filosofia e sociologia é um problema sério e vai prejudicar o Brasil e o funcionamento da sua democracia.

“Os princípios da democracia liberal são ameaçados por fraudes, mas também por algumas formas de ataque intelectual. Se eles devem ser defendidos e sua prática melhorada, precisamos de mais filósofos e sociólogos. São os assuntos de uso menos óbvio que podem ser de valor final”, defende o jornal.

O texto critica duramente a postura política de Bolsonaro, a quem se refere como “autoritário e populista” responsável por “crimes” que podem afetar o mundo inteiro, como o “ataque à Floresta Amazônica”. Segundo o jornal, essa postura sobre a educação afeta apenas o Brasil, mas se alinha a um posicionamento tradicional de governos autoritários que visam reduzir o pensamento crítico da sociedade.

“A sociologia e a filosofia são assuntos que parecem aos seus inimigos não produzir nada além de desempregados indecentes, fluentes em sofismas e subversões”, diz o editorial. “Autoritários promovem uma sociedade rígida na qual só há espaço para alguns guias e filósofos no topo. Eles precisam saber o que há para saber sobre a humanidade e a sociedade, mas todos os outros precisam apenas conhecer seu lugar”, critica o Guardian. Movimentos contra o autoritarismo, por outro lado, “entendem filosofia e pensamento claro mais geralmente como uma ameaça às pretensões da autoridade e uma ferramenta para uma sociedade mais justa e melhor.”

O Guardian diz ainda que a defesa que Bolsonaro faz de disciplinas que geram “retorno imediato” para o contribuinte se baseia em uma “visão grosseira” de que o ensino superior é meramente o servo dos mercados. Além disso, diz, ele está apenas dando “uma justificativa conveniente para sua motivação ideológica”.

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Brasil impulsiona retorno do populismo na América Latina, segundo estudo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/01/10/brasil-impulsiona-retorno-do-populismo-na-america-latina-segundo-estudo/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/01/10/brasil-impulsiona-retorno-do-populismo-na-america-latina-segundo-estudo/#respond Thu, 10 Jan 2019 10:10:16 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5101

A eleição de Jair Bolsonaro demonstrou que o Brasil ainda tem grande capacidade de participação popular em processos democráticos, mas fez com que o país tenha passado a impulsionar uma onda de retorno do populismo na América Latina, segundo a avaliação do mais recente Democracy Index, estudo da Economist Intelligence Unit, consultoria ligada à revista “The Economist”.

O nível de democracia no Brasil aumentou em 2018, segundo o estudo, mas o país continua classificado como uma “democracia falha” e perdeu uma posição no ranking produzido desde 2006.

O Brasil caiu da 49ª para a 50ª posição, mas a nota do país subiu para 6,97, sobre 6,86 na avaliação de 0 a 10 do Index do ano anterior –a perda de uma posição no ranking se deve mais à movimentação de outros países, que podem ter apresentado melhora maior em suas notas.

O país registrou melhora em sua avaliação após três anos de queda em sua nota. Um ano atrás ele havia perdido 0,04 ponto desde a avaliação do ano anterior. Ainda assim, ele se mantém agora abaixo da nota 7, o que faz desde 2015. Em 2014 o Brasil recebeu nota 7,38, melhor avaliação em mais de uma década.

O ranking mais recente atribui a melhora brasileira em parte ao crescimento da participação política da população durante o processo eleitoral.

Ainda assim, o Brasil teve grande destaque em um capítulo do relatório que fala sobre “O retorno do populismo na América Latina”: “Eleições no México e no Brasil em 2018 mostraram que, na América Latina, rumores de morte do populismo foram muito exagerados. Nos dois países, os eleitores –repugnados pela corrupção, violência e altos níveis da pobreza e da desigualdade– viraram-se para populistas para ‘deter a podridão’”, diz o trabalho.

Segundo o Democracy Index, embora tenham ideologias diferentes, Bolsonaro e o novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, compartilham semelhanças em sua ascensão ao poder e na ameaça que representam para a democracia de seus países. A consultoria, entretanto, diz que Obrador pode ter impacto maior sobre a democracia do que Bolsonaro, “para o bem e para o mal”, já que ele tem apoio parlamentar em seu país.

O Democracy Index é um panorama do estado da democracia em todo o mundo, avaliando a situação em 165 estados independentes e dois territórios. Ele leva em consideração cinco categorias: Processo Eleitoral e Pluralismo, Liberdades Civis, Funcionamento do Governo, Participação Política e Cultura Política. Cada país recebe uma nota por item, para em seguida ser categorizado como “Democracia Completa”, “Democracia com Falhas”, “Regime Híbrido” ou “Regime Autoritário”.

O relatório de 2018 tem o título “Eu Também?: Participação política, protesto e democracia”, em referência ao movimento #MeToo, contra assédio e agressão sexual. “A desilusão com os partidos políticos tradicionais e sua capacidade de abordar claramente seus pontos fracos na prática da democracia tem alimentado de forma mais ampla o apoio aos valores democráticos, à crença de que os sistemas democráticos garantem maior prosperidade econômica e segurança”, diz o relatório.

Reportagem da Folha destaca que o Índice da Democracia também aponta que, pela primeira vez em anos, houve aumento da participação das mulheres na política, com leis discriminatórias e “obstáculos socioeconômicos” sendo derrubados em vários lugares. Entre os principais avanços nesse quesito, destaca o estudo, está o número recorde de mulheres eleitas para o Congresso dos EUA em 2018.

A Noruega continua em 1º lugar no ranking, sendo considerada uma “democracia completa”, seguida por Islândia (2º), Suécia (3º), Nova Zelândia (4º), Dinamarca (5º), Canadá (6º), Irlanda (7º), Finlândia (8º), Austrália (9º) e Suíça (10º).

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Think tank recebe filho de Bolsonaro após ver ‘histeria’ em reação a pleito http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/27/think-tank-recebe-filho-de-bolsonaro-apos-ver-histeria-em-reacao-a-pleito/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/27/think-tank-recebe-filho-de-bolsonaro-apos-ver-histeria-em-reacao-a-pleito/#respond Tue, 27 Nov 2018 19:36:36 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5003

“As reações à eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência do Brasil vão do alarmismo à histeria total”, dizia um texto divulgado pelo think tank americano American Enterprise Institute (AEI) uma semana após a eleição no Brasil. Segundo a avaliação, apesar de algumas declarações radicais do presidente eleito, da sua simpatia pelos militares e da pressão sobre a democracia, “não há motivo para desespero”.

O centro de estudos conservador AEI ganhou evidência nas futuras relações entre o Brasil de Bolsonaro e os EUA de Donald Trump ao ser visitado nesta semana pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que participou de uma palestra no local.

Segundo a Folha, Eduardo Bolsonaro falou para um grupo de cerca de 30 pessoas, entre membros de think tanks e do governo, sobre Venezuela, fortalecimento das relações entre Brasil e Estados Unidos e direitos humanos. Em uma conversa com jornalistas no centro de pesquisas, o filho do presidente eleito disse que “o novo governo está disposto não só a fazer comércio como também cooperar em diversas outras áreas.”

Assinado pelo pesquisador Ryan C. Berg, do AEI, o texto sobre a eleição era uma reação à cobertura altamente negativa da imprensa internacional sobre a candidatura e a vitória de Bolsonaro.

Do ponto de vista estrangeiro, a eleição do Brasil foi vista como um indício de grande risco à democracia brasileira. Segundo o texto divulgado pelo think tank, entretanto, era tudo exagero. “O Brasil e o mundo não devem entrar em pânico.”

Segundo a análise, as instituições democráticas do Brasil são resilientes, “capazes de aguentar a tempestade Bolsonaro e limitar seus impactos”, dizia.

Berg é um pesquisador especializado em estudos sobre o crime organizado e o tráfico de drogas, e também trata de política externa da América Latina e questões sobre o desenvolvimento.

Em seu texto, publicado no site de jornalismo político Real Clear Politics, ele ressaltou que a Constituição do Brasil garante um sistema de pesos e contrapesos com independência entre os poderes, e que Bolsonaro teria que encarar um Congresso fraturado para conseguir governar.

A avaliação não pode ser lida como um total apoio a Bolsonaro, entretanto. O texto aponta várias das declarações problemáticas do presidente eleito, e diz que ele vai criar uma pressão grande na democracia do país, e que é preciso estar vigilante durante seu governo.

Segundo Berg, entretanto, as instituições funcionam e, se Bolsonaro tentar se sobrepor aos outros poderes, “ele sem dúvida vai lembrar que o Brasil tem um processo bem definido para o impeachment de presidentes”, diz.

“Nem os brasileiros nem seus vizinhos do hemisfério deveriam apenas sentar e assistir ao show. Vigilância é imperativa. Mas as probabilidades são de que, sob o governo do presidente Bolsonaro, o Brasil encontre uma maneira de sobreviver graças às instituições democráticas que são seus verdadeiros pilares da democracia.”

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