Brasilianismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Brasilianismo se despede do UOL http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/31/brasilianismo-se-despede-do-uol/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/31/brasilianismo-se-despede-do-uol/#respond Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6245 Este post é uma despedida do blog Brasilianismo, que deixa de ser atualizado nesta encarnação no UOL nesta sexta-feira, 31 de janeiro de 2020.

Ao longo dos últimos cinco anos, começando em 18 de março de 2015 às 18h, foram publicados aqui 1.395 posts (incluindo esta despedida). Isso significa uma média de praticamente 279 posts por ano, 23 textos por mês, e 5,8 postagens por semana. O primeiro deles tinha o título “Brasilianismo estreia no UOL”, e por isso este último fala da despedida.

Assim como no resumo dos objetivos do blog publicado ao final de cada post, o primeiro texto publicado aqui explicava que o Brasil é citado mais de 200 vezes a cada dia na mídia estrangeira, e que era preciso entender essa imagem do país que é projetada internacionalmente para podermos conhecer o lugar do Brasil no mundo e desenhar estratégias para que o país conquiste mais prestígio.

Quase todos os dias ao longo desses cinco anos, toda publicação internacional que mencionava o Brasil foi monitorada, e os principais assuntos viraram posts aqui no Brasilianismo. Foi assim desde pouco depois da reeleição de Dilma Rousseff, passando pela maior recessão da história do Brasil, do movimento pelo impeachment, das Olimpíadas do Rio, do afastamento da presidente, do governo de Michel Temer, da crescente polarização política do Brasil, e a polêmica eleição de Jair Bolsonaro –que transformou a imagem internacional do país ao longo dos últimos meses.

O blog começou em um momento em que o Brasil ainda tinha uma reputação muito positiva, por mais que já houvesse uma série de indícios de que a imagem da famosa capa da revista The Economist que mostrava o Cristo Redentor decolando estava ficando para trás. Durante seus cinco anos, o Brasilianismo registrou a deterioração dessa percepção externa, chegando a um momento crítico neste começo de 2020.

A retrospectiva da imagem do Brasil em 2019 resultou em dezenas de notícias e fatos extremamente importantes sobre a reputação do Brasil. Com Bolsonaro, a ideia de imagem do país se tornou mais importante e relevante.

Parte do trabalho desenvolvido aqui foi de uma importante monitoria diária de tudo o que sai no exterior a respeito do Brasil. Mas também houve espaço para uma análise cotidiana sobre como a imagem do Brasil aparece no resto do mundo e como isso pode impactar para o país.

No meio de tanta política e economia, houve também notícias sobre a cultura brasileira, sobre a imagem do país no cinema e no turismo, entrevistas sobre história e sociedade brasileira, buscando entender mais sobre o soft power do país.

Ao longo de cinco anos, o blog foi veículo para 660 análises sobre a imagem do Brasil, 160 reportagens sobre estudos e trabalhos acadêmicos a respeito do país e 130 entrevistas (ou menções a grandes entrevistas sobre o Brasil). Isso tudo, sempre dando espaço para a produção de pensamento por Brasilianistas espalhados pelo mundo.

Depois de cinco anos, entretanto, a trajetória do Brasilianismo no UOL termina aqui. Muito obrigado a todos os que se interessaram, passaram por aqui, leram, comentaram e mesmo aos que reclamaram.

Mais comentários e análises sobre a imagem internacional do Brasil podem continuar a ser vistas no Facebook (na página País do Presente), na rádio CBN (no quadro A Cara do Brasil), em novos artigos acadêmicos, novos livros, uma tese de doutorado e breve em outros veículos de imprensa.

Até logo!

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Conservadorismo de Bolsonaro dá força ao monarquismo, diz Financial Times http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/14/conservadorismo-de-bolsonaro-da-forca-ao-monarquismo-diz-financial-times/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/14/conservadorismo-de-bolsonaro-da-forca-ao-monarquismo-diz-financial-times/#respond Tue, 14 Jan 2020 18:02:48 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6239

A chegada de Jair Bolsonaro ao poder e ascensão do conservadorismo político no Brasil estão alimentando um movimento favorável à restauração da monarquia no Brasil, diz uma reportagem publicada pelo jornal de economia Financial Times.

Segundo a publicação, o monarquismo ganha força porque há pessoas que acham que a República e a política tradicional no Brasil são responsáveis pelos problemas do país, o que também está associado à eleição de Bolsonaro em 2018.

A reportagem cita Dom Bertrand, que se apresenta como “príncipe imperial do Brasil” e diz que a república brasileira é esquizofrênica. Segundo ele, os monarquistas apoiam a agenda do governo de Bolsonaro, especialmente em defesa da liberação de armas, a política contra o aborto, o ceticismo em relação ao aquecimento global e a abertura da economia.

O Financial Times indica que o apoio à monarquia ainda é baixo no Brasil (em torno de 10%), e questiona o argumento do grupo de que há um aumento de interesse em relação a ele. Ainda assim, a reportagem indica que há um fortalecimento desse grupo com o novo governo, e ele se sente mais próximo ao governo e com mais espaço para defender publicamente a volta da monarquia.

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No exterior, documentário foi chamado de ‘mergulho na política brasileira’ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/13/no-exterior-documentario-foi-chamado-de-mergulho-na-politica-brasileira/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/13/no-exterior-documentario-foi-chamado-de-mergulho-na-politica-brasileira/#respond Mon, 13 Jan 2020 15:30:19 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6234

Indicado ao Oscar, o documentário brasileiro “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, teve grande repercussão na imprensa internacional após ser lançado no exterior, em junho do ano passado.

O filme foi chamado de “mergulho na política brasileira” pelo jornal norte-americano Los Angeles Times. Segundo a publicação, o filme é fascinante e oferece uma visão dos “terremotos” que afetam o sistema político brasileiro nos últimos anos.

Leia também: ‘Democracia em Vertigem’ será referência sobre o Brasil para estrangeiros

Outras publicações importantes, como o New York Times –que indicou o filme como um dos melhores do ano–, o jornal britânico The Guardian e a revista Americas Quaterly publicaram textos avaliando o filme e o retrato que faz da situação do Brasil.

Segundo o NYT, o documentário se debruça sobre questões a respeito de o que levou a uma mudança radical na política brasileira, passando de governos com tendência de esquerda à chegada da extrema-direita ao poder. O jornal explica que o filme tem um olhar de esquerda, e que em alguns momentos parece descrever uma grande conspiração política contra esse grupo político. Ainda assim, vê méritos na obra.

“Os fatos e argumentos apresentados deveriam ser estudados por qualquer pessoa interessada no destino da democracia, no Brasil e em qualquer outro lugar”, diz.

O filme criou polêmica dentro do Brasil, e especialistas indicam que ele tem o potencial de se tornar “o principal ponto de referência para os não-especialistas na história recente do Brasil”.

A avaliação foi feita pela pesquisadora Stephanie Dennison, diretora de estudos brasileiros da Universidade de Leeds, no Reino Unido. Em entrevista ao blog Brasilianismo, em julho de 2019, ela explicou que o fato de o filme ser um documentário faz com que carregue “um certo grau de autenticidade” à interpretação que faz da política brasileira.

Para Dennison, apesar de “Democracia em Vertigem” de fato fazer uma “leitura pessoal e ligeiramente ambígua da história brasileira”, muitas das críticas ao filme são infundadas. “Nem este nem um filme como ‘O Processo’ se propuseram a ser abrangentes em suas explicações da história recente do Brasil”, disse.

“Pessoalmente, não acho que tenha havido imprecisões no relato que Costa faz da situação instável da democracia brasileira nos últimos anos. Isso não significa dizer, claro, que não há muito mais na história do que o que é representado no filme. ‘Democracia em Vertigem’ será útil como uma contrapartida para algo como ‘O Mecanismo’, de José Padilha, também disponível na Netflix, que por sua vez é cheio de imprecisões”, avaliou.

Dennison é especialista em cinema e soft power brasileiro e é autora de livros como o recente “Paulo Emílio Salles Gomes: on Brazil and Global Cinema” (University of Wales Press) e “Remapping Brazilian Film Culture in the 21st Century”, que vai ser publicado pela editora Routledge.

Em linha com o que disse o NYT, ela alega que o filme brasileiro pode ajudar a entender a ascensão de políticos de tendência autoritária e de direita em vários países do mundo.

“Um filme como ‘Democracia em Vertigem’ pode ser lido como fornecendo algum tipo de chave universal para entender pelo menos parte da história dessa guinada para a direita. As manobras de bastidores por parte das elites (políticas e financeiras) e grupos religiosos conservadores para não perder uma oportunidade de se beneficiar de qualquer coisa que empurre o eleitorado a seu favor podem ser vistas em outros lugares. A política maquiavélica pode ser vista em jogo no atual parlamento britânico em relação ao Brexit, por exemplo.”

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Bolsonaro cita aumento da confiança no Brasil, mas mundo mostra ceticismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/10/bolsonaro-cita-aumento-da-confianca-no-brasil-mas-mundo-mostra-ceticismo/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/10/bolsonaro-cita-aumento-da-confianca-no-brasil-mas-mundo-mostra-ceticismo/#respond Fri, 10 Jan 2020 16:48:02 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6231

O presidente Jair Bolsonaro declarou que seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, foi responsável por recuperar a “confiança do mundo no Brasil”. O otimismo do presidente pode ser considerado exagerado, entretanto, parte de uma retórica que não ajuda tanto assim a economia do país.

Por um lado, é evidente que analistas estrangeiros ainda são muito críticos à situação da política brasileira, e desconfiam da saúde da democracia do país —chegando a falar até mesmo em “guerra cultural”.

E mesmo na economia, com o risco país em baixa, falar em “confiança do mundo” soa forçado.

Ao contrário do que o presidente alega, analistas internacionais dizem que a economia brasileira está indo bem “apesar” da atuação dele. Segundo um balanço do primeiro ano de Bolsonaro no poder publicado pela revista The Economist, Bolsonaro só piorou a imagem do país. Para piorar, as declarações do presidente alimenta dúvidas no resto do mundo sobre a recuperação da economia brasileira.

A julgar pelo comportamento do mercado internacional, percebe-se que ainda há muita desconfiança dos investidores estrangeiros em relação a uma aguardada retomada da economia brasileira. Tanto que muitos deixaram de apostar no país no ano passado.

Por mais que exista um certo otimismo em relação ao futuro por conta das reformas econômicas, os investidores estrangeiros mantêm um pé atrás, como revelou em dezembro uma reportagem publicada pelo jornal de economia Financial Times.

“Enquanto os locais parecem manter a sua fé no programa econômico liberal do governo, estrangeiros estão mais céticos”, explicava o FT. A publicação dizia até mesmo que há uma frustração no resto do mundo por conta da redução do ritmo de reformas na economia que era esperado após a aprovação das mudanças na Previdência.

Segundo o jornal, os investidores aguardam sinais claros da economia brasileira que sejam mais do que a retórica do presidente. Bolsonaro pode até falar que o mundo está mais confiante, mas isso parece fazer parte dessa mesma retórica que o Financial Times diz não ser suficiente para atrair investidores.

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Em jornal inglês, Lula ataca postura de Bolsonaro no confronto EUA x Irã http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/10/em-jornal-ingles-lula-ataca-postura-de-bolsonaro-no-confronto-eua-x-ira/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/10/em-jornal-ingles-lula-ataca-postura-de-bolsonaro-no-confronto-eua-x-ira/#respond Fri, 10 Jan 2020 13:48:10 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6226
O jornal britânico The Guardian publicou nesta semana um artigo escrito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por seu chanceler, Celso Amorim, em que eles criticam a postura do Brasil diante da tensão entre EUA e Irã.

“É profundamente lamentável que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, impulsionado por uma ideologia agressiva de extrema direita e uma vergonhosa subserviência ao atual presidente dos EUA, adote uma postura contrária à constituição brasileira e às tradições de nossa diplomacia, endossando o ato da guerra de Trump”, diz o texto, em inglês.

Leia também: Irã se torna símbolo do fracasso da ambição de potência global do Brasil 

Para Lula e Amorim, Bolsonaro “ignora os danos humanitários causados pela guerra”, e deveria pensar pelo menos nas relações comerciais entre o Brasil e o Irã

“Acima de tudo, ele deve se preocupar com a segurança do nosso país e do nosso povo, que estão sendo pressionados a apoiar uma guerra que não é deles”, dizem.

O ex-presidente e o seu ministro de Relações Exteriores ressaltam que o Brasil participou de negociações de paz entre o Irã e o Ocidente, mesmo que a declaração não tenha sido endossada pelos Estados Unidos. O texto destaca ainda que o Brasil deveria focar mais na guerra à fome do que em conflitos armados entre nações.

“Neste momento crítico para a humanidade, o Brasil deve demonstrar mais uma vez o que realmente é: um país soberano, defensor da paz e da cooperação entre os povos, admirado e respeitado no mundo.”

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Censura a Porta dos Fundos expõe ao mundo a ‘guerra cultural’ no Brasil http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/09/censura-a-porta-dos-fundos-expoe-ao-mundo-a-guerra-cultural-no-brasil/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/09/censura-a-porta-dos-fundos-expoe-ao-mundo-a-guerra-cultural-no-brasil/#respond Thu, 09 Jan 2020 18:41:49 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6222

A censura imposta por um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ao especial de Natal do grupo Porta dos Fundos ganhou grande repercussão no resto do mundo. Internacionalmente, a visibilidade do caso expõe o Brasil como um país em que há crescente pressão política por censura a produções culturais. O caso vem sendo tratado como exemplo da “guerra cultural” vivida no Brasil desde a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência.

“Um juiz no Brasil decidiu nesta semana que a Netflix deve tirar do ar um curta-metragem que descreve Jesus como um homem gay, argumentando que isso pode causar ‘danos irreparáveis’ aos cristãos do país”, diz uma reportagem publicada pelo jornal americano The New York Times.

“A decisão do juiz colocou o filme no centro de um debate mais amplo sobre a censura no Brasil. É o mais recente ponto de inflamação nas guerras culturais do país, que se tornaram cada vez mais amargas desde a eleição do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro em 2018”, complementa o NYT.

A ideia de “guerra cultural” ganhou destaque no resto do mundo especialmente durante o carnaval de 2019, quando Bolsonaro atacou a festa popular após ser ridicularizado pelo país.

A revista de cultura e cinema Variety destacou que a decisão sobre o Porta dos Fundos indica que no Brasil a liberdade de expressão “não é absoluta”.

Segundo reportagem da agência Associated Press publicada por veículos como a revista Time, a decisão sobre o Porta dos Fundos “chega no momento em que alguns grupos civis dizem que o presidente brasileiro de extrema-direita, Jair Bolsonaro, está travando uma ‘guerra cultural’, cortando fundos para projetos de artes que desafiam os ‘valores cristãos’ e investindo contra celebrações extravagantes de carnaval”.

A polêmica em torno do especial de natal do Porta dos Fundos deu uma grande visibilidade internacional ao grupo brasileiro de humor. Desde que o quadro retratando Jesus como homossexual foi disponibilizado, dezenas de reportagens foram publicadas no exterior sobre a produção, sobre os protestos contra o grupo, sobre o ataque terrorista à sede da produtora e agora sobre a censura ao episódio.

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Imprensa internacional destaca inspiração chilena de protestos em São Paulo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/08/imprensa-internacional-destaca-inspiracao-chilena-de-protestos-em-sao-paulo/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/08/imprensa-internacional-destaca-inspiracao-chilena-de-protestos-em-sao-paulo/#respond Wed, 08 Jan 2020 12:48:48 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6219

A onda de protestos realizados no Chile no fim do ano passado inspirou a manifestação contra o reajuste das tarifas de transporte público em São Paulo nesta semana, segundo reportagens publicadas por veículos de imprensa internacionais.

“Quase 600 pessoas marcharam nessa terça pelas ruas de São Paulo, a maior cidade do Brasil, contra o aumento do preço do transporte público, inspirador desta vez pelas manifestações do Chile que se tornaram um estouro social”, diz a agência de notícias EFE.

Segundo a rede alemã Deutsche Welle, a inspiração chilena era evidente em cartazes levados por manifestantes, e os protestos tratavam não apenas do preço do transporte, “mas também contra a política de corte liberal do governo de Jair Bolsonaro”.

Desde o início da onda de protestos no Chile e em outros países da América Latina, observadores internacionais se mostram atentos à possibilidade de manifestações voltarem a marcar a paisagem do Brasil. O governo brasileiros chegou a recuar de propostas de reformas econômicas por medo de mobilização nas ruas, o que gerou frustração no mercado internacional.

Segundo a revista The Economist, os protestos no fim do ano passado paralisaram governos da América Latina, e poderiam ser uma ameaça à estabilidade do governo brasileiro em meio a uma tentativa de recuperação econômica. Para o editor americano Brian Winter, entretanto, o Brasil não parecia, em novembro de 2019, ter clima suficiente para que protestos tão fortes tomassem as ruas do país.

Apesar de a manifestação de São Paulo ter inspiração no Chile, os protestos ainda não parecem ter atingido uma força proporcional ao que se viu em outros países.

Segundo a DW, “esta é a primeira concentração de 2020 contra o aumento das tarifas de metrô, ônibus e trem de São Paulo, um ato de reivindicação que vem se repetindo na capital paulista nos últimos anos e que vem perdendo força paulatinamente”.

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Irã se torna símbolo do fracasso da ambição de potência global do Brasil http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/07/ira-se-torna-simbolo-do-fracasso-da-ambicao-de-potencia-global-do-brasil/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/07/ira-se-torna-simbolo-do-fracasso-da-ambicao-de-potencia-global-do-brasil/#respond Tue, 07 Jan 2020 22:07:22 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6214

A falta de voz do Brasil no possível conflito entre os Estados Unidos e o Irã —admitida pelo próprio presidente Jair Bolsonaro-– faz com que o país persa se consolide como um dos principais símbolos do fracasso da ambição brasileira de se tornar uma grande potência internacional. Se antes o Brasil ainda tentava ser um país relevante (ainda que nem sempre conseguisse), a situação atual parece mostrar que o país realmente falhou nesse objetivo. E o Irã esteve no centro de momentos marcantes desse fracasso.

A história das relações internacionais do Brasil mostra que pelo menos desde o início do século 20 o país aspira a uma posição relevante no contexto das negociações globais. A busca por prestígio e por uma forte voz no exterior aparece como ambição brasileira desde a formação do país, e em alguns momentos no início deste século pareceu que a ambição poderia se tornar uma realidade.

Esse objetivo foi muitas vezes representado pela candidatura a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Mesmo sem ser uma força bélica, o país tinha ambição de ser uma potência de soft power, e chegou a alcançar papeis importantes em negociações multilaterais em momentos importantes das últimas décadas.

Por mais de um século, a busca por voz internacional pautou os posicionamentos do Brasil em disputas de política externa. Essa ambição até teve momentos que pareciam indicar um caminho positivo para o país, especialmente com um forte papel global na luta contra o aquecimento global, mas agora parece ter sido deixada de lado pelo país. E o Irã pode ser visto, mais uma vez, como representação do fracasso desse projeto.

Mesmo em um momento em que o país viu sua imagem melhorar e seu prestígio ser cada vez mais valorizado no resto do mundo, na primeira década do século 21, foram negociações de paz com o mesmo Irã que mostraram os limites do papel conciliador do Brasil.

O governo brasileiro chegou a avançar nas negociações de um acordo ao lado da Turquia, mas teve sua proposta para limitar o projeto nuclear iraniano ignorada pelos Estados Unidos, que não deram muito valor a um papel de liderança brasileira no Oriente Médio. O fracasso dessas negociações é citado frequentemente por analistas de política internacional como símbolo das limitações globais do Brasil.

Agora, enquanto o Brasil vive uma reviravolta em sua política externa sob Bolsonaro e Ernesto Araújo, o posicionamento vacilante do Itamaraty, e as declarações do presidente de que o país não pode opinar por não ter armas nucleares, parecem enterrar o projeto brasileiro de ser uma voz relevante no contexto da segurança global.

Realmente, o fato de o país não ser uma potência bélica faz com que ele muitas vezes não seja consultado, ou mesmo ouvido, em questões de segurança global. Foi assim nas negociações com o Irã no passado. O problema do atual posicionamento do governo é que ele se junta a uma série de mudanças na política externa do país que parecem deixar de lado a busca por prestígio e por uma voz global.

Se o Brasil tinha ambição em ser uma potência, independentemente das suas limitações militares, isso sempre levou o país a se posicionar internacionalmente, mesmo que em defesa de uma suposta neutralidade. Por mais que o país tenha sido criticado dezenas de vezes no exterior por parecer estar “em cima do muro”, havia uma lógica no posicionamento em defesa da soberania nacional de diferentes países.

Na situação atual, entretanto, o que se vê é uma falta de ação para tentar manter uma agenda internacional consistente. O governo parece apoiar os Estados Unidos, mas não quer comprar uma briga com toda uma região de importantes parceiros comerciais, recomenda diplomatas a não fazerem homenagens ao general iraniano, ao mesmo tempo diz que vai manter o comércio com o Irã, vacila, deixa de lado posicionamentos do passado e parece se afundar em insignificância internacional.

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Tabloide inglês faz alerta a turistas sobre ataques de piranha no Brasil http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/06/tabloide-ingles-faz-alerta-a-turistas-sobre-ataques-de-piranha-no-brasil/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/06/tabloide-ingles-faz-alerta-a-turistas-sobre-ataques-de-piranha-no-brasil/#respond Mon, 06 Jan 2020 18:56:16 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6211

O tabloide inglês Daily Express publicou em seu site um alerta para quem pretende fugir do inverno britânico e viajar ao calor do Brasil: Cuidado com as piranhas.

Fotografias de peixes com bocas cheias de dentes pontudos acompanham a reportagem, que reforça uma imagem de exotismo já muito associada ao Brasil entre europeus.

Segundo a publicação, os turistas precisam tomar cuidado, pois os ataques desses peixes exóticos a quem mergulha nos rios do país estão se multiplicando rapidamente.

“Dezenas de banhistas nos estados de São Paulo e Paraná foram mordidos nas últimas semanas”, diz o texto. O jornal admite que ataques a humanos não costumam ser fatais, mas diz que já houve casos de mortes causadas por piranhas.

“As piranhas têm uma das mordidas mais fortes de todos os peixes graças a sua mandíbula robusta e seus dentes com serra”, diz.

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Estudo mostra que o Brasil não é visto no mundo como um país sério http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/06/estudo-mostra-que-o-brasil-nao-e-visto-no-mundo-como-um-pais-serio/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2020/01/06/estudo-mostra-que-o-brasil-nao-e-visto-no-mundo-como-um-pais-serio/#respond Mon, 06 Jan 2020 13:25:40 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6207

Reportagem da CNN usa clichês sobre o Brasil para dizer que o país é nacionalidade “mais legal” do mundo

Um artigo acadêmico publicado na virada do ano na revista internacional Brasiliana analisa as percepções externas sobre o Brasil e mostra que existe uma defasagem entre as imagens do país para o resto do mundo e as aspirações históricas das políticas exteriores de tornar o Brasil um ator relevante nos assuntos globais.

Escrito em inglês, o trabalho “Brazil Is Not (Perceived as) a Serious Country: Exposing Gaps between the External Images and the International Ambitions of the Nation” (O Brasil não é (visto como) um país sério: Uma avaliação das lacunas entre as imagens externas e a ambição internacional da nação) é de autoria do autor deste blog Brasilianismo. Ele avalia a forma como o país é descrito em dez pesquisas internacionais sobre o que se pensa a respeito do Brasil no mundo. O estudo se baseia em levantamentos de opinião da população em geral, e compara essas percepções com o que o país tenta fazer em política externa.

Indo além da tradicional frase que diz que “o Brasil não é um país sério”, o estudo indica que independente de ser ou não, o Brasil não é percebido no resto do mundo como sério, e está associado a estereótipos apenas de lazer e diversão.

Leia também:
Conheça a confusa história por trás da frase ‘o Brasil não é um país sério’ 

Saiba quem foi o embaixador autor da frase ‘o Brasil não é um país sério’ 

A pesquisa adota uma abordagem histórica sobre as imagens do país, sem se focar exatamente no momento atual da percepção sobre o Brasil ou sobre a política externa brasileira sob Jair Bolsonaro.

A avaliação não é um reflexo do potencial real do país, mas sim de uma imagem “decorativa”, indicando que o país até tem uma percepção internacional positiva, mas que estrangeiros associam o país à ideia de férias e exotismo. Além disso, que não há o hábito de pensar o Brasil como uma potência mundial em política ou mesmo economia (por mais que o país tenha alguma força real nessas áreas).

O artigo discute essas percepções, e aproxima os estudos de ‘nation branding’ do debate das teorias construtivistas das relações internacionais, argumentando que as imagens e percepções são importantes nesse debate. O texto analisa dados secundários sobre o Brasil de dez pesquisas sobre marcas, e discute o que significa ser um “país sério” e como isso está relacionado às percepções estrangeiras sobre o país.

A ideia de o Brasil como uma das nações “mais legais” do mundo pode ser considerada positiva em termos de marca nacional, mas não corrobora a ambiciosa agenda histórica da política externa de uma nação que tenta se projetar como uma potência emergente no mundo. Ser “legal” é frequentemente associado a ser uma nação de festas e diversão, o que reforça a descrição frequente de que o Brasil “não é um país sério”.

Veja abaixo um resumo de como a imagem do Brasil aparece nas principais pesquisas de reputação de nações no mundo

Nation Brands Index
Quem faz: GFK
Metodologia: Avalia imagem de 50 países a partir de entrevista com 20 mil pessoas em todo o mundo.
Posição do Brasil no ranking geral: 25º (em 2017)
Descrições e avaliações sobre imagem do país: O Brasil é “decorativo, mas não exatamente útil”, “atraente, mas não levado a sério pelos outros países. “O Brasil tem a imagem estereotipada de ser o país de festas”. “Mulheres e homens bonitos, clima maravilhoso. Ninguém trabalha. É uma economia pobre e desigual, mas é divertido, tem futebol, carnaval e samba”.

Country RepTrak
Quem faz: Reputation Institute
Metodologia: Avalia imagem de 55 países a partir de entrevista com 39 mil pessoas em países do G8.
Posição do Brasil no ranking geral: 31º (em 2017)
Descrições e avaliações sobre imagem do país: “Tradicionalmente, o Brasil tem melhor pontuação em dimensões emocionais, como a beleza e a simpatia da população, perdendo terreno em questões mais técnicas como mão de obra qualificada, educação, efetividade do governo e segurança.”

Country Brand Index / Country Brand Report (Latin America)
Quem faz: FutureBrand
Metodologia: Análise quantitativa e qualitativa de imagem de países a partir de 2.500 entrevistas com “lideranças” de 15 países.
Posição do Brasil no ranking geral: 43º de 118 avaliados (em 2014/2015) / 2º da América Latina (em 2017/2018)
Descrições e avaliações sobre imagem do país: “Os principais pontos fortes são beleza natural, variedade de atrações, feriados e pontos históricos de interesse, enquanto suas principais fraquezas são liberdade política, saúde e educação, padrão de vida, tecnologia e infraestrutura”

Soft Power 30
Quem faz: Portland
Metodologia: Combina dados oficiais sobre 30 nações com pesquisa com 10 mil entrevistados em 25 países
Posição do Brasil no ranking geral: 29º (em 2017)
Descrições e avaliações sobre imagem do país: “Problemas políticos, impeachment, instabilidade, turbulência econômica e escândalos de corrupção afetam a projeção de poder do país”. “Tem performance moderada na categoria ‘Cultura'”. “Traz diversas culturas para o mundo. Futebol, artes, festivais gastronômicos, carnaval e mais”.

Best Countries
Quem faz: US News & World Report, BAV Consulting e WPP
Metodologia: Analisa a percepção internacional sobre 80 países com base em pesquisa com 21 mil entrevistados em 36 nações.
Posição do Brasil no ranking geral: 29º (2018)
Descrições e avaliações sobre imagem do país: “O Brasil é um dos principais destinos turísticos do mundo. No entanto, o país enfrenta sérias questões sobre pobreza, desigualdade, governança e meio ambiente.”

Personality Atlas
Quem faz: JWT
Metodologia: Entrevistas com 6.075 pessoas em 27 países diferentes
Posição do Brasil no ranking geral: 14º (2012)
Descrições e avaliações sobre imagem do país: Parte do continente “Funland”. “Carismático, divertido, bem humorado e apaixonado”.

O Brasil aos olhos do Mundo
Quem faz: CNT/Sensus
Metodologia: Entrevistas com 7.200 pessoas em 18 países diferentes.
Posição do Brasil no ranking geral: Não tem ranking – analisa só o Brasil
Descrições e avaliações sobre imagem do país: “O Brasil continua a ser muito mais conhecido por sua riqueza cultural e proezas esportivas do que por seu dinamismo econômico e influência política.” Os brasileiros são descritos como “felizes”, “festeiros”, “populares”, “bons no futebol” e “bons vizinhos”. Brasil é descrito como um belo país com pessoas hedonistas.

Good Country Index
Quem faz: The Good Country
Metodologia: Avalia contribuição de 163 países para o bem do planeta de acordo com 35 bancos de dados da ONU.
Posição do Brasil no ranking geral: 80º (2017)
Descrições e avaliações sobre imagem do país: “O Brasil poderia contribuir muito mais para o mundo, ser mais aberto e ter mais cooperação internacional”.

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