Condenação de Lula é melhor do que o pré-sal para a economia, diz 'WSJ'
A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância é uma conquista maior para a economia brasileira do que a descoberta do pré-sal ou do que uma grande colheita de soja, segundo um artigo de opinião publicado pelo jornal americano de finanças "The Wall Street Journal".
Para o jornal, a confirmação de que Lula não deve ser autorizado a concorrer novamente à Presidência foi celebrada pelos mercados, mas o principal motivo para ver a decisão do TRF-4 como uma "vitória" é outro. A condenação "é um sinal de que o Judiciário está se tornando mais independente e que o estado de direito está amadurecendo. Este é um desenvolvimento muito maior para a economia do que qualquer descoberta de petróleo em águas profundas ou colheita abundante em soja", diz.
O texto é assinado pela colunista Mary Anastasia O'Grady, que acompanha a economia latino-americana para a a publicação especializada em finanças.
No artigo, ela critica a interpretação defendida pelo PT e por alguns comentaristas (inclusive Mark Weisbrot, autor de texto publicado no "NYT") de que a condenação de Lula ocorreu sem provas.
"Os mesmos manipuladores ideológicos que comemoraram a destruição da Venezuela sob Hugo Chávez agora defendem Lula com falsas alegações de que sua condenação é puramente política. Um artigo de janeiro no 'New York Times' afirmou, por exemplo, que foi o testemunho de um único indivíduo que condenou Lula. Isso é falso", diz.
O texto analisa o processo jurídico que levou à condenação de Lula e argumenta que foram apresentadas evidências para comprovar o envolvimento do ex-presidente em corrupção.
"A evidência mais condenatória foi a troca de mensagens entre executivos da OAS que conspiraram para pagar os subornos. Essas comunicações indicam que o valor do apartamento deveria ser deduzido do total de subornos devidos ao PT", diz.
Ligado a interesses de mercado e empolgado com os resultados da condenação na Bolsa brasileira, o "Wall Street Journal" é a primeira grande publicação da imprensa a tratar o julgamento em segunda instância como uma "vitória". A maior parte das análises internacionais até aqui fazia uma interpretação mais conjuntural dos efeitos da decisão da Justiça sobre a política brasileira como um todo em um ano de eleição.
Outras duas publicações muito ligadas a interesses do mercado, como a "Economist" e o "Financial Times", ambos editados em Londres, publicaram analises muito menos celebratórias da situação brasileira. A "Economist" avaliou que a condenação criaria ainda mais incerteza para a economia em um ano de eleição crítica no país, enquando o "FT" criticou a empolgação dos mercados e indicou que a condenação "não engrandece o Brasil".
Para o "WSJ", entretanto, a prova de independência do Judiciário é um resultado positivo e essencial para o futuro do Brasil.
"O estado de direito no Brasil ainda precisa de muito trabalho. Mas, se o STF aderir aos fatos neste caso, ele sinalizará um novo padrão de profissionalismo e independência judicial que não deve ser negligenciado."
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