Populismo e eleições de 2018 no Brasil entram na mira da mídia estrangeira
Depois de mais um ano de cobertura de escândalos de corrupção e crises na política brasileira, centro das atenções desde o início da Lava Jato e das discussões sobre impeachment, a mídia internacional já começa a tratar da importância do ano de 2018 para a definição de questões fundamentais sobre a situação do Brasil. Na última semana de 2017, vários veículos da imprensa estrangeira já miram o quanto os próximos meses vão ser decisivos no país.
Um dos pontos centrais para esta cobertura é o alto risco de crescimento de forças populistas, que ameaçam a política de quase todo o mundo.
Segundo Shannon O'Neil, pesquisadora sênior do think tank Council on Foreign Relations, a ameaça populista está presente em vários processos eleitorais da América Latina, por exemplo. Em um artigo publicado pela Bloomberg View, página de opinião da agência de economia, a frustração com problemas da política podem gerar um retrocesso da luta da região contra a corrupção.
O crescente desgosto da população com as crises e escândalos da política abrem a porta para candidatos de fora da política fazerem campanha contra a corrupção, ela diz. "No Brasil, apesar de a esquerda continuar apoiando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mesmo com a condenação dele por corrupção, os partidos de centro entraram em colapso por conta de acusações parecidas."
"O que as nações latino-americanas precisam é de fortalecimento das instituições. O que elas infelizmente podem conseguir é ganhar líderes com promessas grandiosas e vazias", avalia.
O principal foco da cobertura internacional sobre eleições e populismo é sobre a provável candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência. O deputado já foi tema de reportagens em alguns dos principais veículos da imprensa internacional, como o jornal "Financial Times", que em novembro o chamou de populista de direita e tratou das chances de ele ser eleito.
"Bolsonaro nega ser um populista, mas tem uma série de políticas controversas", dizia a reportagem, indicando que suas posições radicais geraram apoio a ele nas redes sociais.
Bolsonaro também foi um dos principais assunto da reportagem do grupo mexicano Milenio, que diz que o desencanto com a democracia está dando força a uma "reação de extrema-direita", com risco até mesmo de uma intervenção militar para impedir a eleição em 2018.
"A perspectiva de um golpe está presente no deputado e militar da reserva Jair Bolsonaro, possível candidato de extrema direita à Presidência que representa claramente uma corrente que despreza a democracia, os direitos humanos e as instituições", diz a publicação.
A ameaça populista no Brasil também foi tema de reportagem do site "Ozy", uma publicação que reúne reportagens originais e aprofundadas sobre questões globais. Segundo a publicação, o risco vem tanto da direita quanto da esquerda –citando Bolsonaro, mas também Lula. "Com menos de um ano para as eleições de outubro de 2018, o país está se preparando para uma agenda de mudança", diz.
Além da preocupação, a questão do populismo gera reportagens sobre temas mais inusitados na cobertura política da imprensa estrangeira. O jornal francês "Le Monde", por exemplo, publicou nesta semana um perfil do Dr. Hollywood como possível candidato a presidente do Brasil.
"Apresentador de TV, o cirurgião estético oficializou sua precandidatura na eleição presidencial de 2018. Uma ambição que ilustra o mal estar da política no país", diz.
"A ambição do médico das estrelas seria engraçada se a candidatura não ilustrasse o profundo mal estar político do Brasil. Quase quatro anos após a deflagração da operação Lava Jato, a população perdeu todas as ilusões sobre a sua classe política. Ninguém ignorava a onipresença da corrupção, mas a extensão do escândalo, o cinismo dos réus e a imagem de malas recheadas de dinheiro para garantir uma vitória e uma vida de riqueza a uma elite inescrupulosa deixaram os brasileiros com desgosto. Esse clima de náusea leva o país a buscar um salvador político", diz.
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