Denúncia pressiona Presidência 'raquítica' de Temer, diz mídia estrangeira
A notícia sobre a denúncia criminal de corrupção contra o presidente Michel Temer ganhou destaque nas principais publicações da imprensa internacional. Segundo a interpretação dominante na mídia estrangeira, a acusação aumenta a pressão sobre uma Presidência enfraquecida, "raquítica", e amplia a crise política nacional. Ainda assim, os principais analistas em outros países veem chances de Temer reverter a acusação com apoio da Câmara.
"A probabilidade de ele ficar no poder é de 70%", diz uma reportagem do jornal francês "Le Monde", citando a agência de análises de risco Eurasia.
"Habituado às negociações de bastidores, Michel Temer conta com o apoio de uma parte significativa do Congresso. De acordo com o site de monitoramento Congresso em Foco, ele tem entre 240 e 250 deputados leais a ele. É muito mais do que os 172 votos necessários para interromper a acusação da Justiça", explica.
Ainda assim, tanto o jornal francês quanto o resto da imprensa internacional destacam que o governo Temer está perdendo legitimidade, e que a pressão popular sobre os congressistas, que serão avaliados pelo voto no próximo ano, pode mudar o cenário político nacional.
"Revelada apenas alguns dias depois de uma pesquisa mostrar sua aprovação em 7% –a mais baixa de qualquer presidente brasileiro em quase 30 anos– a acusação aumentou a pressão sobre a presidência raquítica de Temer, que foi mergulhada em uma crise política", diz o "New York Times".
O jornal diz que analistas acreditam que o presidente tem chances de escapar do julgamento do Congresso, mas que as eleições do próximo ano podem fazer com que parlamentares se voltem contra Temer para tentar salvar o próprio pescoço.
O "Washington Post" publicou uma reportagem da agência de notícias Associated Press indicando que a acusação contra Temer aprofunda a crise política no Brasil. O jornal destaca que o presidente brasileiro é o primeiro na história do país a lidar com uma acusação assim.
"Os aliados de Temer estão divididos entre se devem continuar a apoiar o líder sitiado ou abandoná-lo por medo de que a associação possa ser tóxica durante as eleições do próximo ano", diz, ecoando o "NYT".
A rede árabe Al Jazeera também publicou reportagem sobre a acusação e deu destaque para o fato de Temer ser "um dos presidentes mais impopulares da história recente no país".
"Em um outro sinal da posição de enfraquecimento de Temer, uma figura importante em sua coalizão governante, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pediu sua renúncia", diz.
"Ainda é muito cedo para prever se o presidente pode sobreviver às acusações de corrupção contra ele. Se não, a questão real será saber se quem suceder ele será diferente", diz a Al Jazeera, citando um analista que crítica o sistema político do país.
Segundo o jornal britânico "The Guardian", entretanto, apesar de Temer ainda ter força política suficiente para resistir à acusação, a Justiça brasileira está fechando o cerco como num jogo de xadrez, que pode acabar derrotando o presidente.
"Como todo o Congresso vai tentar reeleição no próximo ano, muitos dizem que, se a indignação do público crescer, será difícil manter o apoio a Temer", diz.
O jornal italiano "La Repubblica" chama a acusação de "bomba política", e diz que ela compromete de modo irreparável a imagem da política brasileira.
"O Brasil está novamente à beira da crise política e institucional mais grave da sua história recente", diz, lembrando que Temer foi um dos líderes no processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Apesar de o tom crítico à política brasileira ser dominante na cobertura da imprensa internacional sobre as acusações contra Temer, ainda há analistas vendo o caso como um reflexo positivo da luta contra a corrupção.
É o caso do jornal de economia "Wall Street Journal", que diz que a acusação é uma nova fase nesse processo contra corrupção política no país.
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