‘Americas Quarterly’ – Brasilianismo http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. Fri, 31 Jan 2020 12:20:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Brasil não parece prestes a explodir em protestos, diz editor americano http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/26/brasil-nao-parece-prestes-a-explodir-em-protestos-diz-editor-americano/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/11/26/brasil-nao-parece-prestes-a-explodir-em-protestos-diz-editor-americano/#respond Tue, 26 Nov 2019 11:52:09 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=6129

O governo de Jair Bolsonaro está preocupado e atento com a possibilidade de uma onda de protestos no Brasil como as registradas recentemente em outros países da América Latina. O presidente defendeu o excludente de ilicitude como forma de reprimir manifestações, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar em novo AI-5 em caso de protestos. Para o mercado internacional, essa preocupação serviu até mesmo para reduzir o ritmo de reformas econômicas nas últimas semanas.

Para o editor-chefe da revista Americas Quarterly, entretanto, o Brasil não parece “prestes a explodir” em grandes manifestações de rua.

Em um artigo publicado nesta semana, Brian Winter diz que a maioria dos brasileiros está insatisfeita com Bolsonaro, mas “isso não sinigifica que a onda de protestos da América Latina vai se espalhar no país”.

Em uma viagem recente pelo Brasil, diz Winter, o país “parece mais calmo e menos combustível do que em outros pontos nos últimos anos”.

Sua análise se baseia em conversas com “cerca de 120 pessoas de várias esferas da vida –de varredores de rua e banqueiros a oficiais do governo, oficiais militares aposentados e clientes em uma padaria na Mooca, um bairro de classe trabalhadora em São Paulo”.

Winter resume sua avaliação em cinco frases ouvidas com frequência durante essa viagem pelo Brasil, e que, segundo ele, explicam como os brasileiros veem a situação do país: “É o que tem para hoje”, “Todos estamos com medo”, “Não tem problema de segurança hoje em São Paulo”, “A corrupção deu uma melhorada” e “Quem vai comprar nosso produto?”.

Apesar da avaliação de que o Brasil não parece se encaminhar para protestos, Winter deixa claro que a situação em várias partes do mundo é volátil e difícil de prever.

“Se aprendemos uma coisa desde que essa onda de protestos começou no início de outubro, é humildade. Praticamente ninguém viu o Chile chegando, por exemplo. Há algo no ar no final de 2019 –e não apenas na América Latina. A melhor estratégia é manter os olhos e a mente abertos.”

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Brasil precisa de agenda de reformas de longo prazo, avalia brasilianista http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/14/brasil-precisa-de-agenda-de-reformas-de-longo-prazo-avalia-brasilianista/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/14/brasil-precisa-de-agenda-de-reformas-de-longo-prazo-avalia-brasilianista/#respond Wed, 14 Aug 2019 18:55:13 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5723 O Brasil vive um momento crítico da sua vida política e econômica, e precisa de uma agenda de reformas que pense no longo prazo, avalia o brasilianista Albert Fishlow em um artigo publicado pela revista Americas Quarterly.

Professor emérito da University of California, Berkeley, e de Columbia (em Nova York), Fishlow é um dos mais antigos e respeitados acadêmicos americanos a se debruçarem sobre a realidade brasileira. Ele é autor de vários livros sobre a política e economia do país, e escreveu também o livro “Agriculture and Industry in Brazil” (Agricultura e Indústria no Brasil), que vai ser lançado no ano que vem nos EUA.

Segundo ele, apesar de o avanço da reforma da Previdência “oferecer algum alívio”, e de haver uma movimentação a favor de uma reforma tributária, isso é só o começo do que precisa ser pensado para o futuro do país, explica.

“Para o crescimento voltar, e o desemprego cair, vai ser preciso uma política coerente e inteligente não por meses, mas por anos”, diz.

Fishlow avalia a política econômica dos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro, e explica que o presidente enfrenta dificuldades e perda de popularidade, o que tem efeitos sobre a economia.

“Todos os anos, ao que parece, as previsões de janeiro para uma rápida recuperação logo dão lugar à realidade de uma expansão muito menor, se houver. Este ano não é exceção”, diz.

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Em meio a notícias negativas do Brasil, CE e ES viram ‘modelos’ no exterior http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/09/em-meio-a-noticias-negativas-do-brasil-ce-e-es-viram-modelos-no-exterior/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/08/09/em-meio-a-noticias-negativas-do-brasil-ce-e-es-viram-modelos-no-exterior/#respond Fri, 09 Aug 2019 09:59:31 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5714
Notícias com viés negativo têm dominado a cobertura internacional sobre a política brasileira. Por mais que a maior parte da mídia estrangeira tenha elogiado a aprovação da Reforma da Previdência, o tom da maioria das reportagens publicadas no exterior tem sido crítico ao governo de Jair Bolsonaro.

No meio de um grande volume de críticas, duas reportagens recentes apontam exemplos positivos de Estados do país. O Ceará foi apontado como um exemplo no combate à violência no país, enquanto o Espírito Santo foi descrito como um modelo de equilíbrio de contas públicas.

“Um Estado brasileiro se destaca como modelo de eficiência”, diz o título de um artigo publicado pela revista The Economist nesta semana. O tom positivo é adotado logo após a publicação criticar o país em sua capa, abordando o risco de destruição da Amazônia.

Segundo a Economist, “a incontinência fiscal do Brasil é lendária”, mas o Espírito Santo conseguiu evitar a crise que afeta outros Estados. A revista diz que o governo estadual conseguiu prever a recessão que afetaria o Brasil e realizou ajustes fiscais e cortou cargos públicos para equilibrar as contas.

A revista elogia o ex-governador Paulo Hartung, mas admite que as medida de austeridade foram dolorosas no Estado.

Enquanto o Espírito Santo é citado como “modelo” na área econômica, o Ceará apareceu recentemente em uma reportagem da revista Americas Quarterly como um exemplo de luta contra a criminalidade.

“Fora do sistema prisional, a criminalidade violenta tem caído em todo o Brasil nos últimos meses, em parte como resultado de métodos de policiamento mais agressivos. Mas em nenhum lugar a melhora foi mais aparente do que no Ceará. Quando visitei em maio de 2018, o Estado foi o terceiro mais violento do país, enquanto gangues rivais travavam uma violenta batalha pelo controle do mercado de drogas em franca expansão. (…) Quinze meses depois, os distritos mais pobres do Ceará ainda são perigosos, mas a taxa de mortalidade foi reduzida pela metade, uma melhoria duas vezes maior que a média nacional. De terceiro lugar, o Ceará é hoje apenas o 14º mais perigoso dos 27 Estados brasileiros.”

A AQ explica que o Ceará aumentou os gastos públicos com segurança, instalou câmeras de segurança e adotou uma política mais dura na administração de presídios.

Apesar de apontar o avanço, a revista ressalta que as taxas de criminalidade no Brasil têm se mostrado voláteis e que o grande desafio é fazer com que a melhora seja sustentável no longo prazo.

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Após Moro ‘caça-corrupto’, revista diz ser perigoso tratar juiz como herói http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/07/27/apos-moro-caca-corrupto-revista-diz-ser-perigoso-tratar-juiz-como-heroi/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/07/27/apos-moro-caca-corrupto-revista-diz-ser-perigoso-tratar-juiz-como-heroi/#respond Sat, 27 Jul 2019 07:06:39 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5663
Um martelo de juiz quebrado ilustra a capa da edição mais recente da revista Americas Quarterly. Pouco mais de três anos depois de estampar em sua capa o então juiz Sérgio Moro liderando uma equipe de caça-corruptos (em alusão ao filme “Os Caça-Fantasmas”), a publicação reavalia o movimento de luta contra a corrupção no Brasil e no restante da América Latina, faz um balanço de sucessos e fracassos das operações, vê riscos para o combate a atos ilícitos e busca corrigir erros do passado.

“Em retrospectiva, transformar promotores e outros agentes da lei em ‘super-heróis’ pode ter alimentado uma arrogância perigosa –e um desrespeito pelas regras e normas. Esta revista, e nossa capa de 2016, podem ter tido um papel nisso, embora não estivéssemos sozinhos”, diz a revista.

“No futuro, o foco deve ser menos nos indivíduos e mais em tópicos como a construção de instituições e a aprovação de reformas. Caso contrário, a Justiça –e, em última análise, a própria democracia– pode recuar mais uma vez”, complementa.

A edição reúne mais de dez textos especiais sobre a situação da luta contra a corrupção no Continente. “Esta edição da AQ contém uma visão geral clara de como as coisas estão, e aponta ideias para voltar ao caminho certo. Acima de tudo, é necessário ultrapassar a paixão por procuradores superestrelas e concentrar-se em reformas e leis que fortalecerão as instituições. Esta é a melhor maneira de impedir políticos desesperados de sabotar investigações –e garantir que as próprias forças da lei obedeçam às regras. Os fins não podem justificar os meios para nenhum dos grupos.”

Moro lidera equipe de ‘caça-corrupção’ em capa da revista em 2016

Uma das reportagens revisita os três personagens da capa de 2016. Além de Moro, a revista incluía entre os caçadores de corrupção o promotor colombiano Iván Velásquez e a procuradora-geral da Guatemala, Thelma Aldana.

Sobre Moro, diz: “Para muitos brasileiros, a condenação em 2017 do poderoso ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva consolidou a popularidade e a reputação de Moro como um combatente da corrupção. No final de 2018, ele surpreendeu praticamente todos ao aceitar uma nomeação para liderar o Ministério da Justiça, com responsabilidades ampliadas, incluindo a redução do crime violento, sob o comando do presidente Jair Bolsonaro. Críticos dizem que isso prova que a Lava Jato havia sido uma operação política o tempo todo; Moro negou veementemente isso. O recente vazamento de mensagens de texto entre os promotores da Lava Jato e Moro alimentou ainda mais alegações de que a operação era tendenciosa. Posteriormente, uma pesquisa mostrou que os índices de aprovação de Moro caíram 10 pontos para 50%, embora isso ainda o tornasse a figura política mais popular do Brasil.”

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Vazamentos reescrevem história da Lava Jato, diz editor de revista dos EUA http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/06/30/vazamentos-reescrevem-historia-da-lava-jato-diz-editor-de-revista-dos-eua/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/06/30/vazamentos-reescrevem-historia-da-lava-jato-diz-editor-de-revista-dos-eua/#respond Sun, 30 Jun 2019 11:35:07 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5611

A revelação de vazamentos de conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato está mudando a forma como a Lava Jato é vista no Brasil e no exterior, segundo o editor-chefe da revista Americas Quarterly, Brian Winter. Durante uma entrevista ao podcast First Person, da revista Foreign Policy, Winter analisou o impacto político e jurídico das revelações, e fez críticas à Lava Jato.

“A história está sendo reescrita agora. Muitos que tinham expressado admiração pela Lava Jato agora estão vendo coisas em muitos mais tons de cinza”, disse.

O próprio Winter é um dos que viam com admiração a Lava Jato e a atuação de Moro. A revista que ele edita chegou a publicar uma edição em que colocava Moro na capa caracterizado como um dos personagens do filme “Os Caça-Fantasmas”, chamando-o de “caça-corruptos”.

“Eu ao longo dos anos defendi a Lava Jato e a luta contra a corrupção de forma geral. Todos sabemos o que a corrupção faz com os países. Ela erode a confiança nas instituições e na democracia e tira dinheiro que deveria ser usado para educação e saúde. (…) Mas nada do que estou dizendo justifica essas condutas e práticas reveladas agora”, disse.

Winter descreve especificamente o trecho de conversa em que Moro chama o discurso da defesa de Lula de “showzinho”. “Não acho que há alguma forma de uma pessoa razoável olhar para essa transcrição e sair pensando que este era um juiz imparcial”, disse.

Sérgio Moro lidera equipe de ‘caça-corrupção’ em capa de revista americana

No podcast, o editor fez um breve resumo da história da Lava Jato, contextualizando o impacto econômico e político da Operação que envolveu “quase todos os partidos políticos brasileiros”, o que gerou uma “raiva generalizada” dos brasileiros contra todos os políticos do país.

Segundo ele, “sempre houve suspeitas” de que Moro havia sido mais duro contra Lula do que contra outros suspeitos de envolvimento com corrupção. Entretanto, “na minha opinião, é impossível argumentar que a Lava Jato atuou exclusivamente para atacar o PT e Lula”, disse, explicando que mais de uma centena de pessoas, entre políticos de diversos partidos e empresários foram julgados e condenados.

“Mas a questão sobre o fato de eles terem sido mais agressivos ou infringido regras de procedimento judicial e ética para condenar Lula, que eles acreditavam que era o líder de todo o esquema, é uma dúvida que existe há anos. E esta nova evidência revelada pelo Intercept, sugere fortemente uma conduta equivocada”

Winter explica que entrevistou várias vezes Moro, e que conhece bem o ministro da Justiça. Ele argumentou ainda que, ao longo da história foi comum ver casos de investigadores infringirem regras para conseguir lutar contra máfias em várias partes do mundo. “Se você olhar para Moro e os procuradores do caso, não acredito que o objetivo dele fosse condenar Lula ou o PT por odiar a esquerda ou por odiar lula especificamente. O que acho que vemos com essas revelações é que, por razões de lógica da acusação, eles infringiram as regras e fizeram coisas que não deveriam ter sido feitas porque eles estavam atrás de uma pessoa que eles acreditavam que era a peça central de uma organização criminosa.”

Segundo o editor, isso se enquadra na questão da importância da opinião pública para a Lava Jato, e está relacionado também à forma como o Brasil está reagindo às revelações. “Há pessoas no Brasil que não se interessam pelos vazamentos. O que importa para muitos brasileiros é que Lula e vários outros políticos que são acusados de corrupção estão presos. Mais do que isso, as pessoas acham que, se Moro infringiu a lei, isso é OK porque os fins justificam os meios”, disse, negando que seja a interpretação dele.

Winter disse ainda discordar da narrativa de que o convite de Bolsonaro a Moro para ser ministro tenha sido uma “recompensa” por sua atuação que levou à prisão de Lula. Segundo ele, Moro aceitou ir ao governo para passar reformas para tentar realmente tentar aumentar a luta contra a corrupção. Os vazamentos, entretanto, reforçam a narrativa de que a motivação dele sempre foi política, disse.

Segundo ele, além da mudança da narrativa ligada à Lava Jato, a preocupação agora é que os vazamentos levem a retrocessos na mobilização da luta contra a corrupção no país como um todo. O futuro, disse, vai depender de novos vazamentos e da resposta do sistema judicial brasileiro. “Se tudo for colocado debaixo do tapete, isso é um problema.”

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Mourão se torna o maior oponente de Bolsonaro, segundo revista americana http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/04/23/mourao-se-torna-o-maior-oponente-de-bolsonaro-segundo-revista-americana/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/04/23/mourao-se-torna-o-maior-oponente-de-bolsonaro-segundo-revista-americana/#respond Tue, 23 Apr 2019 09:36:39 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5432

A rivalidade entre o presidente Jair Bolsonaro e o seu vice, Hamilton Mourão, está sendo um dos principais definidores da política brasileira neste novo governo, segundo um artigo publicado pela revista norte-americana Americas Quarterly. De acordo com a publicação, enquanto a oposição ao governo parece perdida, Mourão se consolida como o principal oponente do presidente.

“Depois de pouco mais de cem dias no poder, o governo do presidente Jair Bolsonaro está em guerra consigo mesmo, e o presidente consegue cada vez menos controlar os setores próximos a ele na briga por influência”, diz o texto assinado pelo professor da FGV Oliver Stuenkel.

“Em meio ao caos, e com uma oposição desorganizada”, diz, o vice-presidente tem mantido o presidente sob pressão, diz.

“Mourão emergiu como o líder dos generais no governo Bolsonaro, um papel que o coloca em contraposição a Olavo de Carvalho, o defensor de teorias de conspiração baseado nos EUA que é uma voz influente na ala antiglobalista do governo”, complementa.

O vice-presidente está longe de ser um “progressista”, entretanto. O artigo explica que antes da eleição Mourão era visto como uma figura mais radical do que o próprio presidente, mas que “percebendo uma oportunidade, ele passou pelo que parece uma metamorfose ideológica”. Assim ele passou a se aproximar dos moderados, que se sentem ignorados pelo governo.

Segundo o artigo da Americas Quarterly, Mourão está muito bem posicionado para assumir o governo, se necessário. “Em vez de participar ativamente de esquemas, o ex-general pode simplesmente esperar que o inexperiente presidente cambalear em direção ao abismo.”

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Analistas dizem que lua de mel do governo Bolsonaro não durou nem cem dias http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/04/05/analistas-dizem-que-lua-de-mel-do-governo-bolsonaro-nao-durou-nem-cem-dias/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/04/05/analistas-dizem-que-lua-de-mel-do-governo-bolsonaro-nao-durou-nem-cem-dias/#respond Fri, 05 Apr 2019 09:06:34 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5379 O período de lua de mel do governo de Jair Bolsonaro terminou antes mesmo de o presidente completar cem dias no cargo. A avaliação foi feita por especialistas do think tank americano Americas Society/Council of the Americas, em um debate para analisar os primeiros meses de Bolsonaro no poder.

“Geralmente há essa tradição de que a lua de mel dura cem dias. No caso de Bolsonaro, em parte por causa de alguns conflitos auto-infligidos e desnecessários –não com seus inimigos, mas com seus amigos– há reconhecimento geral de que o período da lua de mel acabou”, avaliou Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quarterly e vice-presidente do think tank.

A análise destaca que os primeiros cem dias de governo foram marcados por brigas pelo Twitter, disputas com o Congresso e uma queda de 15 pontos percentuais nos índices de aprovação do governo. O texto divulgado pelo think tank explica ainda que após ter sucesso com sua plataforma de ser contra a política tradicional, Bolsonaro enfrenta dificuldades para governar sem ter experiência nesse tipo de política.

O foco dos primeiros três meses de governo, diz a análise, foi a negociação em torno da reforma da Previdência. Apesar das declarações do presidente, a movimentação do mercado mostra que “a comunidade de negócios está cética”, apesar de haver maior apoio do público para as reformas. “É por isso que tantas pessoas estão frustradas com a retórica autodestrutiva de Bolsonaro. Eles estão preocupados que ele esteja arrancando a derrota das garras da vitória”, explica Winter.

O tom crítico da avaliação sobre o início do governo Bolsonaro ecoa outras análises externas que indicam problemas para o presidente e falam até mesmo em possível encurtamento do mandato. “O Brasil não é um país que historicamente fica parado. Se as necessidades das pessoas não forem atendidas, a roda girará novamente”, disse Winter.

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Análises estrangeiras apontam divisão ideológica no governo de Bolsonaro http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/02/08/analises-estrangeiras-apontam-divisao-ideologica-no-governo-de-bolsonaro/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2019/02/08/analises-estrangeiras-apontam-divisao-ideologica-no-governo-de-bolsonaro/#respond Fri, 08 Feb 2019 09:33:25 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5204

Militares para um lado, antiglobalistas e economistas para o outro. Para observadores estrangeiros, o governo de Jair Bolsonaro já apresenta divisões ideológicas e políticas marcantes após apenas um mês desde da sua posse, com disputa pelo poder, críticas públicas e incertezas quanto a decisões sobre o futuro do país.

A separação é discutida em pelo menos duas grandes reportagens sobre a política brasileira publicadas na imprensa internacional. No início da semana, a revista francesa Le Monde Diplomatique (em edição em inglês) apontou o surgimento da divisão política dentro do novo governo brasileiro, indicando divergências especialmente por conta de questões econômicas. A publicação também discutia o tamanho da força política dos militares.

Na quinta-feira (7), a revista americana Americas Quarterly fez análise semelhante. Segundo a publicação, a atuação do vice-presidente Hamilton Mourão durante a internação de Bolsonaro, e a pressa do presidente de voltar ao poder, são evidências fortes dessa separação.

“A retórica de Mourão ilustra uma divisão ideológica muito real dentro do governo de Bolsonaro. Há a chamada ala antiglobalista, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e Eduardo, filho de Bolsonaro, que quer refazer a política externa do Brasil para aproximá-la de Washington, Donald Trump e nações com ‘valores cristãos’, distanciando o país da China e do mundo árabe”, explica.

Mourão, por outro lado, “representa uma poderosa facção composta em grande parte por ex-oficiais militares, que ocupam cerca de um terço do gabinete de Bolsonaro. Eles não são um bloco único, mas geralmente favorecem uma abordagem mais pragmática da política externa, observando, por exemplo, que a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Muitos não poderiam se importar menos com as questões sociais — ‘ideologia de gênero’, ‘marxismo cultural’ e assim por diante– que tendem a animar a base do núcleo duro de Bolsonaro”, diz o texto do editor-chefe da publicação, Brian Winter.

A abordagem da Le Monde Diplomatique trata do mesmo fenômeno, mas foca mais na questão econômica. Segundo a publicação, por mais que o presidente tenha formado uma equipe econômica favorável a cortes de gastos e controle das finanças do país têm ambições diferentes da política de austeridade.

“Já existe uma divisão entre o novo governo, que defende a austeridade e o monetarismo, e os militares, que defendem as ambições geopolíticas que exigem a intervenção do Estado”, explica a publicação.

O texto da revista francesa também analisa a força da Escola Superior de Guerra como ferramenta de projeção de influência política e geopolítica no país. “O Brasil tem as maiores forças armadas da América Latina, apoiadas por um complexo militar-industrial bem estabelecido e centros estratégicos altamente eficazes. Elas influenciam o governo e a economia (às vezes exercendo diretamente o poder político, como durante a ditadura) e desempenham um papel decisivo na política brasileira: seu objetivo é defender uma visão de desenvolvimento nacional que evoluiu durante o século 20, especialmente sob o governo Getúlio Vargas (1930-45), quando defendiam a industrialização como a chave para a soberania geopolítica”, explica.

A grande questão, diz, vai ser saber a quantidade de força que será de fato exercida pelos militares dentro do atual contexto em que Bolsonaro tenta levar adiante grandes reformas econômicas.

Segundo Winter, na AQ, a separação desses grupos em torno do vice-presidente e da família do presidente reforçam a ideia de que o Brasil talvez tenha um problema na estrutura do seu poder Executivo. A reportagem retoma a discussão sobre a história de impeachments e renúncias que levaram vice-presidentes ao poder no Brasil, e questiona se o país não deveria abolir o cargo –indicando que o Chile, por exemplo, já fez isso.

“Isso leva a questionar se o Brasil realmente sabe lidar com vice-presidentes. Talvez a posição em si seja intrinsecamente desestabilizadora, especialmente em um país com uma colcha de retalhos de várias dezenas de partidos políticos que forçam coalizões estranhas e, em última análise, frágeis”, diz.

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Oposição a Bolsonaro se inspira em movimento anti-Trump, segundo revista http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/12/19/oposicao-a-bolsonaro-se-inspira-em-movimento-anti-trump-segundo-revista/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/12/19/oposicao-a-bolsonaro-se-inspira-em-movimento-anti-trump-segundo-revista/#respond Wed, 19 Dec 2018 08:29:48 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=5065 Enquanto o governo de Jair Bolsonaro se prepara para assumir o poder no Brasil se inspirando no presidente americano, Donald Trump, a oposição também olha para os EUA para se preparar para combater o novo governo, segundo um artigo publicado na revista americana Americas Quarterly.

“Muitos críticos começaram a estudar seriamente a política dos EUA para descobrir o que podem aprender com seus colegas norte-americanos quando se trata de proteger a democracia e resistir a um líder populista com instintos autoritários”, diz o artigo, assinado pelo professor de relações internacionais da FGV Oliver Stuenkel.

O texto avalia como a imprensa brasileira tem observado o comportamento da mídia americana sob Trump, e diz que mesmo políticos estão atentos às estrategias usadas pela oposição americana nas eleições legislativas recentes.

Segundo Stuenkel, entretanto, por mais interessante que seja analisar o caso americano, é importante ter noção sobre as grandes diferenças entre os dois países e entre os presidentes que geram preocupação neles.

“Em primeiro lugar, a retórica anti-democrática de Bolsonaro tem sido muito mais radical desde o início”, diz, lembrando que o presidente eleito prometeu banir opositores. “Além disso, permanece duvidoso que as instituições brasileiras, a mídia e a sociedade civil possam restringir os instintos autoritários de Bolsonaro”, complementa.

Stuenkel ressalta, entretanto, que é preciso lembrar que os EUA terão uma importante eleição daqui a dois anos, e que a aproximação do governo de Bolsonaro a Trump pode se tornar um problema caso o presidente americano não seja reeleito.

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Editor de revista americana avalia crítica a Bolsonaro na mídia estrangeira http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/13/editor-de-revista-americana-avalia-critica-a-bolsonaro-na-midia-estrangeira/ http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2018/11/13/editor-de-revista-americana-avalia-critica-a-bolsonaro-na-midia-estrangeira/#respond Tue, 13 Nov 2018 11:23:06 +0000 http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/?p=4962

O editor da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter

Em um artigo publicado na Folha, o editor da revista “Americas Quarterly”, Brian Winter, tentou explicar por que a mídia internacional adotou uma postura tão crítica ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro.

Desde antes da eleição, o posicionamento de analistas estrangeiros na imprensa internacional tem sido extremamente crítico a Bolsonaro. O ponto de vista externo é de que sua eleição representa uma ameaça à democracia brasileira, ao ambiente global e ao posicionamento internacional no país.

Winter reconhece que o tom adotado pela imprensa estrangeira em relação a Bolsonaro foi muito negativo desde a campanha, e alega que a explicação é complexa, passando pela observação objetiva do que acontece no país, a análise sob uma perspectiva internacional, a tendência ideológica de jornalistas, conhecimento sobre a realidade do país, a maior liberdade do que a imprensa local, e as próprias declarações e posicionamentos do presidente eleito.

Leia o artigo completo na Folha

O editor explica que estudos mostram que muitos jornalistas em todo o mundo têm uma postura mais à esquerda do que a população em geral, mas nega essa seja a principal origem da postura crítica.

“Creio que a maior parte de nossas críticas a Bolsonaro tenham origem não na parcialidade mas sim na parte mais importante do trabalho de um jornalista: a observação.”

“Quando escrevo que a presidência de Bolsonaro pode prejudicar as instituições democráticas ou resultar na morte de mais pessoas inocentes, creio que eu esteja refletindo com precisão suas palavras e ideias, como deve um jornalista.”

Winter rejeita ainda uma acusação frequente no Brasil, de que os correspondetes estrangeiros não conhecem o país, e explica que há uma geração de excelentes jornalistas de outros países cobrindo o Brasil seriamente atualmente.

“O que nos diferencia da mídia brasileira em nossa cobertura de Bolsonaro? Bem, observamos sua ascensão em um contexto mais internacional. Os 10 últimos anos viram o que Larry Diamond, cientista política da Universidade Stanford, define como uma “recessão democrática”, com deterioração de instituições e direitos na Polônia, Turquia, Indonésia, Venezuela e muitos outros países. As declarações de Bolsonaro sobre fechar o Congresso ou fazer uma limpeza nunca vista na história dos esquerdistas do Brasil parecem se enquadrar a essa tendência mundial. Jornalistas americanos como eu também tendem a ver ecos de Donald Trump — que Bolsonaro admira abertamente e a quem ele imitou.”

Segundo Winter, a imprensa internacional também não sofre pressões políticas e econômicas no Brasil para ter um posicionamento menos crítico ao governo. “Talvez tenhamos mais liberdade do que alguns de nossos colegas locais. Nas últimas semanas, ouvi queixas diretas de diversos jornalistas brasileiros que afirmam que seus patrões já os estão desencorajando de cobrir Bolsonaro de modo crítico, seja por motivos financeiros, seja por motivos ideológicos.”

Por último, o editor americano ressalta que os ataques de eleitores de Bolsonaro à imprensa estrangeira podem ter origem no desejo de silenciar a observação critica.

“Suspeito que boa parte das críticas à imprensa estrangeira vem do desejo de que calemos a boca, vistamos a camisa do time vitorioso e escrevamos apenas coisas positivas sobre o novo governo. Mas não é isso que os verdadeiros jornalistas —de qualquer nacionalidade— fazem. Como disse Katherine Graham, que foi publisher do jornal ‘The Washington Post’ na era de Watergate, ‘notícia é aquilo que alguém deseja suprimir. O resto é só publicidade’.”

Winter é um dos principais nomes da imprensa internacional a analisar a situação política do Brasil nos últimos anos. Em entrevista ao blog Brasilianismo, em 2016, ele já previa que o país vivia um cenário parecido com o que levou à eleição de Donald Trump nos EUA.

Vice-presidente da Americas Society/Council of the Americas, Winter foi correspondente internacional no Brasil, no México e na Argentina por dez anos e escreveu livros como “Why Soccer Matters” (Por que o futebol importa), escrito com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “No Lost Causes” (Sem causas perdidas), com o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe e “Long After Midnight” (Muito depois da meia noite). Ele desponta atualmente como uma das principais vozes nos Estados Unidos a analisar e comentar o que acontece no Brasil e na América Latina.

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