Apesar de tensão, Brasil ajuda a acalmar mercados após eleição na Argentina
Os governos do Brasil e da Argentina começaram a se estranhar antes mesmo da eleição de Alberto Fernández como novo presidente argentino. Após a vitória na votação do domingo, Fernández pediu a libertação de Luiz Inácio Lula da Silva, o que Jair Bolsonaro disse que era uma afronta à democracia brasileira.
Entre tantas trocas de farpas, entretanto, é possível que o Brasil esteja ajudando a acalmar os mercados internacionais, que viram Mauricio Macri, seu candidato preferido, derrotado no país vizinho.
Isso fica evidente na análise publicada pelo site de notícias de economia Market Watch (que pertence ao mesmo grupo do Wall Street Journal): "Por que os investidores da América Latina não estão em pânico com a eleição argentina?", pergunta logo no título.
"Os ativos argentinos sofreram segunda-feira depois que o presidente Mauricio Macri foi derrotado, como esperado, nas eleições de domingo. Mas os mercados latino-americanos mais amplos ignoraram amplamente a contínua crise econômica da Argentina e a agitação em outros lugares da América do Sul até agora este ano", diz o texto.
Pelo menos parte da explicação vem do Brasil, diz o Market Watch. No contexto dos investimentos estrangeiros na América Latina, avalia, países como a Argentina, Bolívia, Equador e mesmo o Chile têm um peso menor. E o otimismo criado pela Reforma da Previdência e pela perspectiva de novas reformas no Brasil continua em alta.
"Os pesos pesados são o México e o Brasil. E o Brasil tem experimentado relativamente pouca inquietação, dado o escopo de uma reforma previdenciária promovida, contra as probabilidades, pelo governo de Jair Bolsonaro", diz a análise.
No longo prazo, o site de economia diz que as coisas podem mudar, e é possível que a economia argentina sofra e tenha impactos maiores na região. Mas a reação imediata foi sem pânico.
Além da questão da economia e da reação dos mercados, a imprensa internacional também tem acompanhado o afastamento entre o Brasil e a Argentina por conta da eleição.
O jornal britânico The Guardian menciona que a decisão dos argentinos abre espaço para futuras tensões regionais.
Segundo uma reportagem da agência de notícias Reuters, a vitória de Fernández aumenta a divisão regional na América do Sul e cria dúvidas quanto ao futuro do Mercosul.
A revista Americas Quarterly publicou um artigo mais amplo analisando os possíveis problemas e tensões nas relações entre Brasil e Argentina.
"As chances são de que Bolsonaro e Fernández lutem para desenvolver uma relação de trabalho pragmática nos próximos anos, apesar do fato de os dois países dependerem um do outro. Afinal, o Brasil é o parceiro comercial mais importante da Argentina, e um estudo recente sugere que a crise na Argentina reduzirá 0,5% do PIB do Brasil este ano. O relacionamento conturbado pode produzir conseqüências abrangentes, não apenas para as duas maiores economias da América do Sul, mas também para a política regional como um todo", diz o professor de relações internacionais Oliver Stuenkel, que assina o texto.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.