Após Moro 'caça-corrupto', revista diz ser perigoso tratar juiz como herói
Um martelo de juiz quebrado ilustra a capa da edição mais recente da revista Americas Quarterly. Pouco mais de três anos depois de estampar em sua capa o então juiz Sérgio Moro liderando uma equipe de caça-corruptos (em alusão ao filme "Os Caça-Fantasmas"), a publicação reavalia o movimento de luta contra a corrupção no Brasil e no restante da América Latina, faz um balanço de sucessos e fracassos das operações, vê riscos para o combate a atos ilícitos e busca corrigir erros do passado.
"Em retrospectiva, transformar promotores e outros agentes da lei em 'super-heróis' pode ter alimentado uma arrogância perigosa –e um desrespeito pelas regras e normas. Esta revista, e nossa capa de 2016, podem ter tido um papel nisso, embora não estivéssemos sozinhos", diz a revista.
"No futuro, o foco deve ser menos nos indivíduos e mais em tópicos como a construção de instituições e a aprovação de reformas. Caso contrário, a Justiça –e, em última análise, a própria democracia– pode recuar mais uma vez", complementa.
A edição reúne mais de dez textos especiais sobre a situação da luta contra a corrupção no Continente. "Esta edição da AQ contém uma visão geral clara de como as coisas estão, e aponta ideias para voltar ao caminho certo. Acima de tudo, é necessário ultrapassar a paixão por procuradores superestrelas e concentrar-se em reformas e leis que fortalecerão as instituições. Esta é a melhor maneira de impedir políticos desesperados de sabotar investigações –e garantir que as próprias forças da lei obedeçam às regras. Os fins não podem justificar os meios para nenhum dos grupos."
Uma das reportagens revisita os três personagens da capa de 2016. Além de Moro, a revista incluía entre os caçadores de corrupção o promotor colombiano Iván Velásquez e a procuradora-geral da Guatemala, Thelma Aldana.
Sobre Moro, diz: "Para muitos brasileiros, a condenação em 2017 do poderoso ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva consolidou a popularidade e a reputação de Moro como um combatente da corrupção. No final de 2018, ele surpreendeu praticamente todos ao aceitar uma nomeação para liderar o Ministério da Justiça, com responsabilidades ampliadas, incluindo a redução do crime violento, sob o comando do presidente Jair Bolsonaro. Críticos dizem que isso prova que a Lava Jato havia sido uma operação política o tempo todo; Moro negou veementemente isso. O recente vazamento de mensagens de texto entre os promotores da Lava Jato e Moro alimentou ainda mais alegações de que a operação era tendenciosa. Posteriormente, uma pesquisa mostrou que os índices de aprovação de Moro caíram 10 pontos para 50%, embora isso ainda o tornasse a figura política mais popular do Brasil."
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