Estilo de Bolsonaro gera frustração e ameaça governabilidade, diz analista
Para pesquisador do American Enterprise Institute, comportamento do presidente brasileiro atrapalha o encaminhamento de reformas importantes para o país. A crítica vem de um think tank conservador alinhado ideologicamente a muitos dos interesses de Bolsonaro (especialmente na economia), e indica que estilo combativo do presidente pode por em risco a "oportunidade monumental" da sua eleição.
"Frustração" é uma palavra que define os primeiros meses de governo de Jair Bolsonaro no Brasil, segundo a avaliação de um pesquisador do think tank American Enterprise Institute –um centro de estudos conservador de Washington, DC, que se alinha a muitos dos interesses de Donald Trump e do próprio Bolsonaro.
Segundo Ryan Berg, que assina o artigo publicado na revista The American Interest, o estilo "impulsivo e combativo" que levou à vitória de Bolsonaro nas eleições "agora ameaça sua capacidade de governar". Em vez de trabalhar para acalmar as tensões legislativas, Bolsonaro tem jogado querosene no fogo e aumentado problemas desnecessários, avalia.
"É difícil exagerar o quão inadequado é o temperamento de Bolsonaro para reunir apoio às reformas dolorosas e de longo prazo que o Brasil exige para acelerar sua economia esclerosada", diz.
Segundo Berg, a eleição de Bolsonaro representou uma "oportunidade monumental" para o Brasil, com potencial de reduzir o legado de corrupção e melhorar a administração do país. Mas o início do governo não conseguiu avançar muito, e "Bolsonaro ainda tem que tranquilizar os eleitores de que ele pode deixar de lado seu pugilismo e obsessões ideológicas por tempo suficiente para resolver os problemas muito sérios do Brasil", diz.
Berg explica que muitas das dificuldades enfrentadas pelo novo governo se dá por uma postura saudável de evitar os conchavos e trocas de favores políticos que marcaram a política brasileira, mas indica que é um erro o presidente esperar que todo o país se ajuste a seu estilo
"Em vez de identificar uma maneira nova e produtiva de governar para todos os brasileiros, Bolsonaro está ocupado aplacando sua base e insultando seus críticos esquerdistas. Em vez de se preparar para vitórias, ele continua se voltando contra os moinhos de vento."
O pesquisador diz que é natural que as mudanças prometidas por Bolsonaro acarretem alguma turbulência. "No entanto, sua compulsão em demonizar os oponentes –seja como comunistas ou como cativos da ideologia de gênero e do chamado 'marxismo cultural'– complica sua capacidade de explicar questões complexas de uma forma que possa reunir apoio para reformas críticas", diz.
"Embora seja muito cedo para declarar o mandato de Bolsonaro mortalmente ferido, as apostas não poderiam ser mais altas e sua presidência está em um momento crítico."
A avaliação crítica de Berg é relevante no contexto em que o governo Bolsonaro tenta aprovar reformas internas enquanto busca vender no resto do mundo uma imagem de país atraente para mercados internacionais. O foco no estilo mostra que mesmo quem concorda com os objetivos do governo questiona a forma como o presidente está levando adiante suas propostas.
Além disso, o think tank que produziu a crítica e a revista que publicou o artigo são alinhadas ideologicamente com a visão conservadora que o presidente brasileiro tem da economia e de política externa. Tanto que a mesma revista publicou um artigo recente defendendo o realinhamento da diplomacia do Brasil com a dos EUA.
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