Demissão de Bebianno ameaça o otimismo dos investidores sobre Bolsonaro
A exoneração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL), ameaça o foco de maior otimismo internacional em torno do governo de Jair Bolsonaro. Com a saída de Bebianno, a imprensa estrangeira voltada ao Mercado já demonstra preocupação sobre a agenda de reformas econômicas esperadas do novo governo do Brasil.
As primeiras semanas de governo de Bolsonaro foram marcadas por uma divisão na sua imagem internacional. Enquanto a imprensa tradicional enfocava tragédias como a de Brumadinho e criticava posturas de extrema-direita do novo presidente, demonstrando preocupação com o direito de minorias, com a ação policial e com a própria democracia do país, a mídia voltada a investidores no Mercado estrangeiro ignorava todo o resto e comemorava sinais de reformas vistas como essenciais para o país, como a da Previdência. A saída de Bebianno ameaça dar fim a este otimismo e associa o nome do presidente a um escândalo de corrupção.
"Escândalo pode complicar os esforços do novo governo para revitalizar a frágil economia do país", diz uma reportagem publicada pelo Wall Street Journal. Até esta semana, o WSJ vinha se consolidando como uma das publicações com cobertura mais positiva a respeito dos projetos de Bolsonaro para a economia brasileira.
Segundo a agência de notícias Reuters, investidores ficaram preocupados com a demissão de Bebianno.
"Sua saída marcou a primeira crise no governo de Bolsonaro e colocou uma sombra sobre os planos do jovem governo", diz. "Investidores temem que o escândalo possa afetar a capacidade de Bolsonaro de aprovar a reforma da Previdência", complementa.
A rede conservadora de TV americana Fox News publicou em seu site uma reportagem da agência de notícias Associated Press, e também falou em denúncias de corrupção e preocupação dos investidores.
"O escândalo fez sombra sobre as primeiras semanas do governo no poder", diz a AP, que destaca que depois de ser eleito com um discurso contra a corrupção, o governo se envolve em um escândalo.
A agência de economia Bloomberg também tratou dos possíveis efeitos da demissão no avanço de reformas. A saída de Bebianno "levantou dúvidas sobre a unidade do governo e a perspectiva de reformas econômicas", diz.
"A crise, com apenas 45 dias de governo Bolsonaro, mostra um abismo cada vez mais profundo em seu círculo interno, que ameaça atrapalhar uma revisão vital das aposentadorias, que poderia definir a recuperação econômica do Brasil."
A reforma da Previdência está sendo acompanhado com extremo interesse pelos investidores estrangeiros, e é vista como o grande teste do governo de Bolsonaro. Desde a eleição presidencial, a atenção em torno das reformas tem sido a fonte de otimismo para observadores externos, que continuam apoiando o governo. Desde antes da posse do novo presidente, entretanto, está evidente que este otimismo e apoio externos são condicionados pela reforma, e a revista Forbes chegou a dizer que os investidores definiram um prazo de seis meses de governo para que alguma reforma seja aprovada, ou o presidente pode perder o apoio externo.
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