Militares avançam na política brasileira 'no voto ou na força', diz 'NYT'
Os militares brasileiros estão fazendo a sua maior incursão na política do país em décadas, diz uma reportagem publicada neste fim de semana no jornal americano "The New York Times". Por mais que eles tenham ficado de fora do jogo político desde o fim da ditadura, a situação atual leva à candidatura de muitos militares e mesmo a um alerta sobre a possibilidade real de uma intervenção militar na política.
"Generais reformados e outros ex-oficiais com fortes laços com a liderança militar estão montando uma campanha eleitoral abrangente, apoiando cerca de 90 veteranos militares que concorrem a uma série de cargos –incluindo a presidência– nas eleições nacionais de outubro. O esforço é necessário, argumentam eles, para resgatar a nação de uma liderança entrincheirada que administrou mal a economia, não conseguiu conter a violência crescente e descaradamente roubou bilhões de dólares com a corrupção. E se as urnas não trazem mudanças com rapidez suficiente, alguns proeminentes ex-generais alertam que os líderes militares podem se sentir compelidos a intervir e reiniciar o sistema político à força", diz a reportagem.
O texto do "New York Times" é um dos principais alertas publicados no exterior a respeito da crescente e real possibilidade de tomada de poder de forma antidemocrática no país.
Em junho, depois da greve dos motoristas de caminhão, já era possível perceber em análises publicadas fora do Brasil que a crise política e a ascensão do populismo criavam uma crescente ameaça à democracia.
Na época, o "Le Monde" e a revista "Americas Quarterly" eram algumas das publicações que denunciavam o clima propício ao autoritarismo –e já falavam sobre a possibilidade de os militares ganharem força política também pelas urnas.
A reportagem do "New York Times" vai além ao fazer uma análise da posição que os militares estão assumindo na política –e do fato de que a instituição é uma das poucas que ainda tem algum apoio popular no país.
"A entrada dos militares na política é uma grande mudança –e para muitos brasileiros, uma mudança preocupante", diz o "NYT", lembrando dos abusos cometidos durante a ditadura que governou o país por mais de duas décadas –tortura, assassinatos e censura.
"Analistas e políticos dizem que as chances de uma intervenção militar são provavelmente remotas, mas são cautelosos com o crescente perfil político de figuras militares, particularmente porque o país nunca soube lidar com seu passado autoritário", diz a reportagem.
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