Discussão sobre Lula reforça imagem de caos político às vésperas da eleição
A confusão jurídica em torno da decisão de soltar ou não o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vista do exterior como um exemplo do caos político que tem tomado conta do Brasil, e que não termina. Desde o início do ano, o foco da maior parte das análises internacionais sobre o Brasil apontam a eleição como a questão mais importante, e tem sido comum a percepção de que o processo até lá está marcado por grandes incertezas.
Encerrada a participação brasileira na Copa do Mundo, a política volta a ser o centro das atenções quando se fala sobre o país no exterior. As reviravoltas nas decisões ao longo do domingo chegaram a ser comparadas a uma novela. Por mais que as principais reportagens sobre o caso até aqui tenham sido mais descritivas do que analíticas, ficaram no ar muitas dúvidas sobre todo o processo e o que isso significa para o futuro.
Ainda falando das incertezas do processo eleitoral, a cobertura da imprensa estrangeira ressalta que Lula continua aparecendo como favorito na corrida presidencial, apesar de estar preso –e a ordem para soltar Lula foi tratada como uma possibilidade para o petista ainda concorrer à Presidência, o que torna o cenário ainda mais incerto.
No Twitter, o editor-chefe da revista "Americas Quarterly", Brian Winter, criticou todo o processo jurídico desenvolvido ao longo do domingo, e indicou achar que ainda há chances de Lula ser candidato, reiterando o que defendeu em artigo publicado no início do ano. "Ainda acho que há uma chance de a elite política brasileira encontrar um caminho –auxiliados por um código legal altamente complexo e pelo clamor popular– para Lula ser candidato em outubro", disse.
Independentemente do apoio a um ou outro lado no debate sobre a liberdade ou não de Lula, o caso reforça a impressão de que o país continua mergulhado em uma grave crise política, e que isso não vai ser resolvido até as eleições –pelo contrário, a impressão é de que o caos vai dar o tom da campanha e da eleição.
O "New York Times", por exemplo, tratou o caso como apenas a "reviravolta mais recente" no tumultuado processo eleitoral brasileiro.
Mesmo sem que a imprensa estrangeira tenha analisado de forma mais detalhada a confusão, o caso ganhou repercussão desde o domingo (8). A Radio França Internacional (RFI) e o UOL fizeram apanhados de televisões, jornais e emissoras de rácdio do mundo inteiro que acompanharam os anúncios contraditórios feitos durante o dia, tentando explicar ao público estrangeiro o imbróglio político-judicial brasileiro.
"O Brasil viveu nesse domingo uma verdadeira telenovela", segundo o France24, que se referiu ao processo como "ping-pong judiciário" entre o desembargador que assinou o alvará de soltura de Lula, o juiz Sérgio Moro e o relator da Lava Jato no TRF-4, Gebran Neto.
"Um juiz ordena a liberação enquanto outro bloqueia", diz a RFI sobre o título a revista francesa "Obs", lembrando que o anúncio de Favreto "caiu como uma bomba no Brasil". Já o diário francês Libération fala de "queda de braço jurídica" e o Le Monde evoca um "coup de Théâtre" a menos de três meses da eleição presidencial.
O jornal argentino "Clarín" resumiu as reviravoltas em relação à prisão do ex-presidente como "uma guerra de Juízes". Em sua cobertura sobre o caso, o "Clarín" afirmou que a sequência de medidas tomadas pelos desembargadores colocou todo o sistema jurídico brasileiro à beira do abismo.
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