Luta contra a corrupção se torna um trunfo do soft power brasileiro
Uma avaliação inicial da situação da diplomacia brasileira pode indicar que o Brasil perdeu força em sua política internacional por conta da grave crise política e econômica vivida nos últimos anos. A perda de protagonismo do país em fóruns de discussão global é evidente, e o Itamaraty teve sua capacidade de atuação limitada –o que indicaria um encolhimento do seu soft power, o poder de persuasão do país.
Ainda assim, o Brasil continua ampliando sua projeção internacional em meio à crise em pelo menos uma área. Graças à Operação Lava Jato, mesmo com todos os problemas, o país se tornou um exportador de luta contra a corrupção.
A avaliação faz parte de uma série especial de reportagens do jornal "Financial Times" sobre o país. Segundo a publicação, o exemplo de combate a desvios substituiu a política de ajuda financeira que servia para impulsionar a influência do Brasil durante os anos de bonança.
"Embora não sejam perfeitas, as investigações estabeleceram uma referência para combater a corrupção – o maior flagelo do mundo emergente. (…) Nenhum outro país dos BRICs chega perto da resposta do Brasil. Ela foi impulsionada pela pressão da sociedade civil e liderada por um judiciário independente, ao contrário de expurgos politicamente motivados na China, Rússia ou Arábia Saudita", diz o artigo.
O tratamento do jornal de economia é interessante por ir na contramão de uma outra análise tradicional a respeito da imagem internacional brasileira. Para muitos analistas internacionais, a abundância de reportagens expondo problemas de desvios e ilegalidades na política brasileira criaram uma associação direta entre o país e a corrupção.
Sem negar os impactos negativos da exposição da corrupção no país, entretanto, o "FT" indica que há um lado positivo em todo o processo, que pode influenciar a luta contra este tipo de desvio em outros países.
Para o "Financial Times", a importância do exemplo brasileiro se consolida por conta da independência do Judiciário, o que indica que a ação contra a corrupção deve continuar após as eleições deste ano.
"Exportar o estado de direito, em vez de corrupção, também é oportuno. Enquanto o Brasil recua do financiamento de infraestrutura regional como parte de sua política externa, a China –não conhecida por sua transparência– pode estar entrando em seu lugar", diz.
Apesar do reconhecimento da importância internacional da luta contra a corrupção, o caderno especial do "FT" sobre o Brasil publicado nesta semana também traz uma reportagem sobre a polarização em torno da atuação do juiz Sergio Moro.
Em outras quatro reportagens, o "FT vai além da luta contra a corrupção, e fala sobre a manutenção da influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva às vésperas da eleição, sobre avanços em diversidade racial conquistados por políticas de cotas, da luta contra o machismo na política brasileira e sobre o futuro papel global do Brasil.
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