Para pesquisadores, corrupção alimenta violência de milícias no Brasil
O assassinato da vereadora Marielle Franco e a intervenção federal no Rio de Janeiro deram visibilidade internacional às milícias que atuam no Brasil. Segundo uma análise publicada pelo instituto internacional de pesquisa InSight Crime, a violência associada a esses grupos, especialmente no Rio de Janeiro, ampliou a discussão sobre a atuação das milícias, que ainda são pouco compreendidas no resto do mundo.
Para especialistas em violência internacional ouvidos pela InSight Crime, o poder das milícias está diretamente relacionado aos altos níveis de corrupção registrados no país.
"A maioria dos membros das milícias são membros ou ex-oficiais das forças de segurança do país, e as milícias mantêm relações próximas com os políticos, muitos dos quais foram eleitos especificamente para proteger os interesses das milícias e desviar a atenção de suas atividades", diz a análise publicada pelo site em inglês da organização.
Leia também: Assassinatos e violações de direitos humanos mancham democracia brasileira
O InSight Crime ouviu dois pesquisadores estrangeiros e um brasileiro para tratar da força das milícias no país. Para Desmond Arias, professor da Universidade George Mason, a intervenção federal no Rio fez com que as milícias saíssem do submundo. Benjamin Lessing, especialista em crime organizado na Universidade de Chicago, avalia que as milícias do Rio estão se expandindo para o resto do país.
"As milícias do Rio são grupos de estilo paramilitar com raízes em uma tradição nacional de esquadrões da morte que cresceram durante a brutal ditadura militar que governou o Brasil dos anos 1960 aos anos 1980. Eles são tipicamente compostos de membros da força de segurança antigos e atuais que usam violência e coerção para assegurar o controle sobre bairros tipicamente desfavorecidos", diz o texto.
Para Lessing, devido ao medo que as milícias geram através da violência e das ameaças, ainda existem lacunas na compreensão pública do verdadeiro alcance do controle delas. "A capacidade do governo de realizar investigações e a capacidade de acadêmicos e jornalistas de investigar as milícias é extremamente limitada", disse.
Criada em 2010, em Medellin, na Colômbia, a Insight Crime tem apoio do centro de estudos latino-americanos da American University, em Washington. A organização é uma fundação de investigação e análise sobre crime organizado no continente americano. "Buscamos aprofundar e informar o debate sobre crime organizado na região oferecendo ao público reportagens, análises e investigações sobre o assunto e o estado dos esforços para combatê-lo", diz a apresentação do site do grupo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.