Jornais argentinos destacam Brasil como país com mais assassinatos no mundo
Dois dos principais jornais da Argentina abriram espaço nesta semana para destacar reportagens sobre o aumento da violência no Brasil. Tanto o "Clarín" quanto o "La Nación" publicaram textos a respeito da crescente falta de segurança no país vizinho do país deles.
"Brasil, o país onde mais se mata no mundo", diz o título da reportagem do "Clarín", que compara o total de vítimas de violência no Brasil com a situação de países em guerra, como a Síria e o Iraque.
A comparação também aparece no texto do "La Nación", que ressalta que o Brasil assiste a um aumento do número de assassinatos a cada ano.
O "Clarín" explica que há várias razões para esta escalada da violência no Brasil, como a impunidade e a falta de investigações.
As reportagens ajudam a reforçar ainda mais um dos mais fortes estereótipos da imagem do Brasil no resto do mundo, o da alta violência e insegurança em suas grandes cidades.
Dois pontos interessantes sobre a cobertura que os jornais argentinos fazem a respeito do Brasil podem ser ligados diretamente a análise acadêmicas sobre a imagem internacional do país. Por um lado, há uma reprodução internacional do que a imprensa brasileira aborda. Por outro, há o fato de que o estereótipo da falta de segurança se construiu com base em fatos reais e da insegurança que realmente afera o Brasil.
As reportagens dos dois jornais usam material de agências de notícias e se baseiam em uma análise do jornal brasileiro "O Globo", que informa que de 2001 a 2015 foram registrados mais de 786 mil assassinatos no Brasil.
Isso reitera o que diz o trabalho de Antonio Brasil, professor do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo um artigo escrito por ele sobre o trabalho de correspondentes estrangeiros no Brasil, o uso de clichês é parte de um processo no qual a imprensa internacional reflete a forma como os próprios brasileiros pensam sobre o país –é o que acontece com a violência, por exemplo.
A avaliação faz parte do artigo "A construção da imagem do Brasil no exterior: um estudo sobre as rotinas profissionais dos correspondentes internacionais", publicado em 2012, na revista Famecos.
É um ponto similar ao do livro "A Imagem do Brasil no Turismo: Construção, Desafios e Vantagem Competitiva", de Rosana Bignami. Segundo ela, o Brasil não pode achar ruim que sua imagem seja relacionada à realidade vivida no país. Enquanto o Brasil vive uma situação de violência real, não adianta reclamar que o alto número de homicídios do país se torne destaque internacional e se associe à imagem do Brasil.
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