Em Londres, Meirelles renova promessa de 'país do futuro', para inglês ver
Está tudo caminhando bem no Brasil, e o país já está seguindo rumo à recuperação da sua economia. A inflação desabou, os juros estão caindo e a confiança está em alta. Faltam só alguns ajustes para fazer o país deixar no passado aquela grave crise.
Ao menos foi isso que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tentou convencer o público a respeito do quadro da situação brasileira durante palestra em uma universidade de Londres. Tudo "para inglês ver" o país no rumo certo, mesmo que os brasileiros continuem vivendo uma realidade marcada pela grave crise.
Com um tom de grande promessa, é como se o país estivesse tentando reassumir o seu título de "país do futuro", desvalorizado durante a maior recessão da história. Segundo Meirelles, é só aprovar todas as reformas que o governo está propondo que o país deslancha de vez.
O misnitro da Fazenda fez uma ampla defesa da agenda de reformas brasileiras durante a palestra "Reform to recovery: where next for the Brazilian economy?" (Reforma para a recuperação: Qual o caminho para a economia brasileira?), realizado na London School of Economics.
A apresentação fez parte de uma série de viagens que o ministro vem realizando para tentar promover internacionalmente as propostas do governo de Michel Temer para a economia brasileira e para vender no resto do mundo a ideia de que o Brasil já vive uma realidade pós-crise.
Meirelles aproveita que tem uma reputação forte no exterior para promover a agenda do governo. Em muitos círculos, ele ainda é lembrado por sua atuação como presidente do Banco Central durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, ele era visto no resto do mundo como o principal responsável pela estabilidade e seriedade da economia brasileira, que chamava a atenção internacionalmente por seu crescimento e perspectiva futura.
Segundo ele, essas viagens que tem feito ao exterior têm rendido bem, pois já há investidores com "planos concretos" de apostar no Brasil. Apesar disso, ele não falou nada de realmente concreto que esteja planejado, alegando que caberia apenas às empresas divulgarem o que pretendem fazer no país.
Meirelles fez um balanço aprofundado da pior recessão da história do país, e fez questão de não responsabilizar o governo anterior, da presidente Dilma Rousseff, pelos problemas da economia do país. "Apesar de a crise ter sido agravada por erros políticos recentes, as raízes dos desequilíbrios estruturais que o Brasil enfrenta hoje estão em ação há décadas", disse. A partir disso, passou a apontar a agenda de reformas como solução para retomar a credibilidade e o crescimento.
Apesar de ter falado em inglês e de apresentar um quadro cheio de otimismo para o país, a plateia para a qual ele falou era claramente formada em sua maioria por brasileiros — muitos acadêmicos e pesquisadores, alguns claramente críticos ao governo, outros se dizendo "honrados" de tê-lo como ministro.
Além das conversas antes e depois da apresentação serem em sua maioria em português, as perguntas após a palestra tinham claro sotaque brasileiro, algumas delas com tom mais crítico.
Na atual situação de crise, convencer um público brasileiro de que as coisas vão bem e de que a promessa de "país do futuro" pode ser renovada pode ser um desafio maior do que se imagina.
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