Para mídia estrangeira, cancelamento de exposição reflete divisão política
O polêmico cancelamento de uma exposição de arte em Porto Alegre vai além de questões culturais e pode ser entendido como um reflexo claro da polarização política vivida atualmente no Brasil, segundo as principais análises publicadas na imprensa internacional.
Segundo reportagens e textos publicados em jornais estrangeiros, a decisão do Santander de cancelar a exposição "Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira" "realimenta a tempestade política que sacudiu o país no ano passado, quando a primeira mulher presidente do país sofreu impeachment", diz o "New York Times".
"O cancelamento reverberou por todo o país, reforçando a grande polarização que explodiu durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff, colocando seus apoiadores contra o homem que a substituiu, Michel Temer", complementa o jornal.
Para o "NYT", o caso reforça a importância dos debates envolvendo arte e política no país. O jornal lembra do protesto da equipe do filme "Aquarius", que denunciou o impeachment como sendo um golpe de Estado durante o festival de Cannes.
O mais interessante do enfoque dado pela cobertura internacional é que não se deu tanta atenção ao tema da exposição em si, ou às acusações de promoção de pedofilia. Apesar de os principais jornais explicarem o caso, fica claro que a questão está muito mais voltada a uma disputa política e social em torno de censura e liberdade do que a uma questão da arte em si.
O colunista da rede de economia Bloomberg no Brasil, Mac Margolis, por exemplo, diz que o caso mostra o quando a disputa em torno de questões de política e identidade está aquecida no país, revelando profundas divisões.
"O aspecto mais importante desse debate cultural é o que ele diz sobre o aprofundamento da divisão entre claques políticas rivais no Brasil e sua concorrência, às vezes confusa, pelas mentes, corações e votos", diz.
Segundo o jornal britânico "The Guardian", o caso gerou um debate sobre liberdade artística e censura no país, relembrando o que acontecia durante a ditadura militar.
A reportagem também destaca a influência do Movimento Brasil Livre, apontado como responsável pela crítica à exposição.
"O MBL ganhou influência desde que ajudou a tirar Dilma do poder sob acusação de infringir regras orçamentárias, e tem defendido posições cada vez mais de direita, como leis que liberam o porte de armas", explica o jornal.
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