'Foreign Affairs': Revolução obediente é melhor do que diretas antecipadas
A manutenção das atuais regras constitucionais, com eleições indiretas em caso da saída do presidente Michel Temer, é a melhor forma de o Brasil buscar estabilidade e continuar lutando contra a corrupção, segundo um artigo publicado na revista de relações internacionais "Foreign Affairs". O texto defende que a melhor forma de o Brasil se levantar e continuar lutando contra a corrupção é a "revolução obediente".
Segundo o artigo, apesar de a maioria da população preferir eleições diretas, o processo "seria inconstitucional", e poderia abrir espaço para maiores problemas para o país.
"A democracia sempre envolve negociação e concessões, e o que faz as pessoas defenderem este sistema é a garantia de regras previsíveis que sobrevivem apesar das diferenças de opinião. Era isso que a população queria quando pediu o fim do governo militar há pouco mais de três décadas. Portanto, está equivocado querer mudar as regras do jogo agora", diz o texto escrito pelo brasileiro Moises Costa, diretor de relações públicas da empresa fabricante de caminhões MAN Truck & Bus, da Alemanha.
Segundo o artigo, mesmo deixando de lado os obstáculos práticos para realizar eleições antecipadas, não é claro que esta seja uma opção desejável para o país.
"O sucesso que o Brasil alcançou em sua luta contra a corrupção só foi possível pela promoção do que pode ser chamado de revolução obediente. Ao fazer uso explícito de todas as leis e procedimentos garantidos pela Constituição durante as investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Judiciário, o processo ganhou credibilidade através da previsibilidade do processo democrático já existente", avalia.
Segundo o texto da "Foreign Affairs", em nenhum outro momento os brasileiros poderiam ter imaginado presidentes e empresários ricos indo à prisão, e isso agora acontece sem que haja desordem civil.
"O que está acontecendo no Brasil hoje é verdadeiramente revolucionário no sentido de que está cumprindo exatamente o que significam as raízes etimológicas latinas da palavra revolução: uma virada", diz.
Mesmo assim, o artigo argumenta que a melhor forma de consolidar esta virada é pelas vias constitucionais existentes.
"Se o Brasil decidir mudar as regras do jogo democrático enquanto o jogo acontece, ao permitir eleições diretas, outras figuras corruptas podem justificar o uso das mesmas táticas no futuro. Se persistir no seu modelo de revolução obediente através das eleições presidenciais regulares de 2018, no entanto, os potenciais candidatos presidenciais teriam uma quantidade previsível de tempo e processo para fazer suas propostas para o povo brasileiro. (…) O importante é não arriscar perder uma batalha inteira contra a corrupção em nome de uma pequena vitória contra um presidente sem futuro político durante um processo seguramente doloroso, independentemente de quem esteja no poder."
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