Em editorial, 'The Guardian' defende que eleitores decidam futuro do Brasil
A grave crise brasileira é resultado da ação dos políticos do país, e agora eles devem deixar que os eleitores tenham voz para decidir uma saída para a situação atual. A avaliação é defendida pelo jornal britânico "The Guardian" em editorial publicado nesta semana.
O texto se debruça sobre as mais recentes revelações contra o governo de Michel Temer, e suas declarações se negando a renunciar à Presidência. Segundo o jornal, a longa crise faz com que todo o sistema política brasileiro esteja mergulhado em uma situação caótica.
"A política brasileira está amplamente desacreditada. As revelações que surgiram desde que Dilma Rousseff foi retirada do governo no ano passado destacaram a hipocrisia daqueles que a derrubaram", diz, citando especialmente as acusações contra Eduardo Cunha e Temer como símbolos dessa hipocrisia.
Apesar da crítica à postura dos políticos, o jornal ressalta que a atual investigação, e as denúncias contra o governo Temer, mostra que a Lava Jato não é parcial politicamente, como dizem seus críticos.
"O problema é o escândalo, não a investigação, e o Brasil vai piorar ainda mais se ela for suspensa", diz o "Guardian", criticando ainda a ideia de que um possível sucessor de Temer pode ser escolhido de forma indireta.
"Um público já desencantado pode cair na apatia ou se voltar a uma figura autoritária de extrema-direita que se diga contra a política, como Jair Bolsonaro. Políticos do Brasil jogaram o país nesta confusão: eles devem deixar os 143 milhões de eleitores terem voz em como sair dela", finaliza.
O "Guardian" é um jornal tradicionalmente mais alinhado à esquerda no Reino Unido, mas é reconhecido como um dos veículos mais sérios do jornalismo internacional. Ele foi o primeiro grande veículo internacional a se posicionar institucionalmente em editorial depois da aprovação do impeachment de Dilma.
Em um artigo publicado em setembro do ano passado, o jornal dizia que o impeachment de Dilma havia sido marcado por um processo injusto. A publicação defendia que jogar sobre a presidente cassada toda a responsabilidade pelos problemas do Brasil e achar que a saída dela resolve esses problemas era uma interpretação simplista e dissimulada.
Antes disso, em maio, quando Dilma foi afastada da Presidência, o "Guardian" já argumentava que o afastamento dela abriria espaço para o crescimento de políticos da extrema-direita. Com a queda de Dilma, "uma coalizão de ultraconservadores, incluindo evangélicos e defensores de torturadores militares, veem sua chance", dizia.
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