Afastamento de Renan aumenta imagem de instabilidade da política brasileira
O afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF, aumentou a imagem internacional de instabilidade da política brasileira na imprensa estrangeira.
Vista pela maioria dos analistas no resto do mundo ao longo dos últimos meses como disfuncional, a política já vem passando esta insegurança a quem olha de fora desde o debate a respeito do impeachment de Dilma Rousseff — agora as incertezas se mostram resistentes, e já afetam o funcionamento do governo de Michel Temer.
Apesar de ter havido uma leve trégua após a posse de Temer, os escândalos envolvendo o novo governo e as atuais disputas entre os poderes Legislativo e Judiciário fazem com que se consolide a interpretação externa de que a política brasileira vive um longo momento de grande incerteza, com impressão de "tumulto", enfraquecimento do governo e uma política caótica.
"A Suprema Corte do Brasil suspendeu o presidente do Senado, Renan Calheiros, depois que ele se tornou suspeito em um caso de corrupção, ampliando a incerteza política no país", diz uma reportagem publicada pelo jornal de economia "Financial Times".
"A suspensão de um poderoso líder político, que presidiu o Senado durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em agosto, coloca em questão a perspectiva de uma reforma fiscal crucial que está sendo levada adiante no Congresso pelo presidente Michel Temer", complementa.
O "FT" destaca que a retirada de Renan é mais uma reviravolta em um processo de mudanças políticas no país. "A suspensão marca a terceira vez que uma figura-chave da sucessão democrática brasileira — aquelas em linha para substituir o presidente, caso necessário — foram removidas do cargo neste ano", diz, se referindo a Dilma, Eduardo Cunha (retirado da Presidência da Câmara) e Renan.
O "Wall Street Journal" ressalta que a retirada de Renan do cargo pode dificultar a aprovação de reformas propostas pelo governo Temer, o que já faz com que analistas internacionais vejam riscos à governabilidade e até mesmo ao seu mandato.
"A decisão coloca fogo no país", diz um cientista político ouvido pelo jornal.
O "New York Times" fala em agravamento do "tumulto" político no país, e destaca a disputa entre o Congresso e o Judiciário em meio aos debates sobre o combate à corrupção. Segundo o jornal americano, não há uma saída clara e rápida para os impasses do país,
"Com alguns no Congresso agora pedindo o impeachment de Temer após um escândalo envolvendo seu apoio a uma aliado na negociação de um imóvel, o establishment político do Brasil está enfrentando a perspectiva de mais instabilidade", diz.
O jornal britânico "The Guardian" diz que a queda de Renan era apenas uma questão de tempo, dadas as investigações envolvendo seu nome, e diz que muitos políticos comemoraram sua saída, mas ressalta que isso deve dificultar a aprovação de medidas propostas pelo governo Temer.
"A retirada de Renan é um novo golpe para o presidente Michel Temer, cujo governo está sendo enfraquecido por escândalos de corrupção e luta para aprovar medidas de austeridade impopulares", explica.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.