Riordan Roett: Eleição de Trump nos EUA pode ser positiva para o Brasil
O Brasil pode se beneficiar da eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, segundo a avaliação do brasilianista Riordan Roett.
Em entrevista à "Folha de S.Paulo", o pesquisador avaliou que o fato de Trump não dar prioridade a questões relacionadas à América Latina, incluindo o Brasil, pode dar espaço para que o país se dedique a resolver seus problemas internos antes de ter que repensar a relação com a maior potência do planeta sob nova direção.
"O governo Temer tem questões internas para resolver antes da eleição de 2018. É melhor dedicar esse tempo para lidar com o ajuste fiscal e a reforma previdenciária, são políticas muito grandes e não acho que Serra queira entrar em qualquer tipo de conflito com os EUA. Sobre a crise na Venezuela, por exemplo, acho que haverá uma convergência de posições entre EUA, Brasil e Argentina", disse Roett na entrevista.
Roett é diretor do Programa de Estudos da América Latina da universidade Johns Hopkins, em Washington, DC. Ele é autor de livros como "The New Brazil" (O novo Brasil), "Brazil under Cardoso" (Brasil sob Cardoso) e "Brazil – Politics In A Patrimonial Society" (Brasil – política em uma sociedade patrimonial), e recebeu a ordem de Rio Branco do governo brasileiro. Ele tem ganhado espaço na mídia internacional após comparar as propostas do presidente eleito dos EUA para a economia ao que foi feito pela ex-presidente Dilma Rousseff no Brasil.
"Os mais ricos ficarão bem sob o governo Trump e isso ocorreu com a Dilma. A ideia de grandes projetos de infraestrutura, que era muito presente sob Dilma, embora ela não tenha feito muito, também é um tema de Trump, que fala em criar empregos e reformar estradas e aeroportos. A questão é sempre o financiamento, que foi um grande problema para Dilma, porque ela gastou mais do que tinha. O grande temor é que isso é exatamente o que Trump fará, gastar mais do que arrecada com impostos, colocando pressão no balanço da conta corrente e possivelmente levando à alta da inflação. Dilma defendia um governo grande, e enquanto os republicanos falam em encolher o papel do governo, na verdade Trump também parece caminhar para o oposto, dizendo que o governo vai resolver problemas de infraestrutura, substituir o Obamacare, etc.", explicou.
Apesar da comparação em tom negativo, Roett defende que não se deve dar espaço ao pessimismo na avaliação da situação brasileira. Em entrevista a este blog Brasilianismo em maio no ano passado, Roett avaliava que país já demonstrou historicamente que é um paciente resistente, que aguenta forte as aflições da sua política e economia. Se tudo parece muito ruim, ele se diz ainda otimista com o Brasil e a solidez das suas instituições. "O momento atual é de descer ladeira abaixo, mas eu conheço o Brasil há muitas décadas, e o país sempre se levanta depois de crises assim. O Brasil sempre sobrevive."
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